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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Amigo de aluguel

Na semana passada, o jornal Zero Hora publicou a matéria dos “personal friends”, inglesismo que define a “profissão” de pessoas que se intitulam “amigos de aluguel”, acompanhantes para o chá das cinco, teatro, festas familiares, passeios no parque. E avisam: nada de contatos físicos. Abraçar, nem pensar. Ironicamente, pode acabar em amizade, ou algo mais intenso. Esposa, marido, colega, animal de estimação, amante, um nariz novo e outras naquiagens estéticas, tudo isso pode ser comprado. Amigo, não!

Os personagens entrevistados na matéria de ZH, a advogada Susiane Santin, de 30 anos e jovem estudante Gleisson Silva, de 18 anos, se consideram profissionais porque cumprem com rigor os papéis de companheiros, parceiros, acompanhantes, guarda-costas, seguranças, conselheiros profissionais, entre outros serviços pessoais que, é claro, não envolvem sexo. Até, tudo quase certo. O erro está na definição desse contrato como de "amizade".

Afinal, eles mesmo reconhecem que muitos tentam avançar em uma intimidade carnal. Carência é isso! Conversa fácil, conselhos bacanas, achar tudo o que cliente diz maravilhoso, pode ser interpretado como outra sintonia e erotizar uma amizade, pode decretar a condenação da mesma. Afinal, paixão é  fagulha, queima rápida e intensa.

Sim, tem muita gente a espera de um amigo, como cantavam os Rolling Stones (Waiting On A Friend). Não quer um padre, para se confessar, alguém para se apaixonar ou transar, apenas um amigo. Mas um parceiro assim é algo que depende muito, mas muito mais do esforço de quem procura. Quem paga R$ 150 para sair com um “personal friend”, chegou ao limite. Precisa quem sabe, acompanhamento de um bom psicanalista ou psicólogo (que não cobram tanto, nem são tão caros assim, se compararmos com os autointititulados profissionais da amizade).

Não ter companhia sequer para um cafezinho revela, a meu ver, uma personalidade difícil, fechada em si.  Aí, paga para ser suportada e não pensa em adaptar-se ao meio. Conheci um sujeito que pagava um ex-colega de faculdade para conversar. Mas aí era algo muito especializado. Eles se pautavam em assuntos técnicos. Aglo como ter um professor de idiomas a teu lado, mantendo e aprimorando o sotaque e vocabulário.

Vejo nos clientes desse tipo de negócio, aquele perfil que todos nós já cruzamos um dia e aprendemos a manter a distância. No fundo, pode ser uma forma de autopunição, um teatro para dizer ao mundo cruel (que é bandido mesmo) “Precisei pagar para ter um amigo...,” expondo toda carência afetiva em que se encontram. De qualquer modo, acho melhor não incentivarmos este negócio maquiado de amizade. O ser humano não precisa descer tanto assim. Amor próprio não tem preço.

Aliás, é o primeiro quesito para nos garantir bons e verdadeiros amigos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Achado não é roubado. Não?

O que você faria se no canteiro de uma residência, bem próximo a porta, encontrasse uma nota de R$ 100 reais? Educadamente perguntaria se alguém perdeu o dinheiro? Ou simplesmente seguiria em frente, deixando ali para que o verdadeiro dono desta quantia aparecesse? Meu filho mais novo, que faz intercâmbio na Alemanha, foi desafiado a deixar 100 euros em frente a casa da família onde reside. Se alguém levasse o dinheiro, herr Gerhardt o "pai" alemão dele, o restituiria. “Coloquei à vista de todo mundo. As pessoas passaram, e ninguém tocou em meus 100 euros”, relata o impressionado Tárik.

Não existem seres superiores na Alemanha, ou em qualquer outro lugar do Planeta que consideramos o "Primeiro Mundo". Existe sim, gente educada a preservar o espaço alheio, a não tocar no que não é seu. Gente que foi ensinada, desde a idade pequena a respeitar as pessoas ou, no mínimo, temer as leis, que são rigorosas e melhor ainda, eficazes. Não tem conversa fiada. Educação é tudo. E aqui ainda engatinhamos neste sentido.

Lá, se não é para se jogar papel na calçada, você não joga porque aprendeu que uma cidade limpa é mais saudável e bonita. Os que não conseguem assimilar um mínimo de ivilidade, vão acabar pagando multas, pegando cadeia e ainda enfrentar a rejeição pública.  Pegar o dinheiro que está ali na calçada, aparentemente sem dono, pode prejudicar alguém. É preciso ensinar as crianças a pensar sobre seus atos e consequencias. Dar-lhes conteúdo para o exercício da reflexão. É assim que formaremos adultos responsáveis e solidários. 

Meu filho, apenas no trajeto de casa para a escola, aqui em Porto Alegre, já foi assaltado algumas vezes por outros guris iguais a ele. Todos impunes, soltos e dispostos a machucar, ou mesmo matar, por trocados, um boné, um celular usado. Uma nota de 100 pilas? Meu Deus!  

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Crônica da liberdade ornamental

Conversei pelo Skype com um amigo tiozão como eu, que enfrenta  uma longa crise em seu relacionamento. Anos de convívio, ambos presos a monotonia de uma história que se repete da mesma forma todo dia. E começa a incomodar. Permanecem juntos, sem alçar outros vôos. Um evita machucar o outro. Iguais a estas aves, permanecem bonitos, implumados.  Os faisões são criados praticamente soltos, nunca escapam porque um deles está sempre preso ao viveiro. Por solidariedade, aquele que teria tudo para a partida, permanece ali, ignorando o apelo da mãe natureza.

Quem sabe esse princípio não seja igualmente a base de muitos relacionamentos entre humanos? Um solto e o outro preso a acordos e tratados. A parte livre não abandona o cativeiro por uma questão de lealdade. Ambos na verdade, presos. Enfeites do cotidiano.

Sacodem as penas coloridas das vaidades que, em outras palavras os confundem entre a liberdade e a prisão. As relações surpreendem por suas arapucas. Lhes assusta imaginar-se agarrados às grades finas dos viveiros, a implorar liberdade. E em meio ao temor, não percebem que bastaria a um deles virar as costas e alçar vôo para libertar seu fatigado par.  Quem sabe uma última prova de afeto. 

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Amor.ódio

Não poderia ser mais premonitória. A senha do notebook de Eliza Samudio, a amante desaparecida do goleiro Bruno, do Flamengo, se formava pela junção das palavras “amor e ódio”. Quem disse que não atraímos as graças e as desgraças? 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O beat dos fab four chega aos 70 anos!

Atravessava a sala do apartamento na direção da cozinha quando um som totalmente novo, me congelou diante da televisão. No programa "The Ed Sullivan Show" no canal 5, TV Piratini (faz tempo, eu sei) quatro jovens vestidos de terno, gravata, botas e uns cabelos esquisitos com franja quase cobrindo os olhos, cantavam rock and roll de um jeito que eu jamais ouvira.


No fundo do palco, em cima de um praticado, o baterista batia com força em um compasso acelerado, barulhento e contagiante.  "Ié, Ié, Ié" gritavam. O cara das baquetas incendiárias se chamava Ringo Starr. Sim, foi ele, com seu compacto kit de tambores e pratos quem primeiro chamou a minha atenção na banda.


Nesta quarta-feira (7), Ringo completa 70 anos. Muitos o consideram o menos criativo da banda. Competir com três gênios compositores, seria difícil mesmo. Mas se lhe faltava criatividade para compor canções, sabia impor-se com a as qualidades de um verdadeiro percussionista ao segurar a cozinha ritmica como poucos, em parceria com o baixo de Paul Mcartney. 


Ringo detestava solos de bateria, mas cada canção beatle ganhou um arranjo na medida. Continua gravando e tocando como poucos. Não sei de outro baterista no universo do rock que venda tantos discos e se mantenha no mercado como ele. Seu último álbum Y Not, é uma obra prima, com participações bacanas de gente como Mcartney, Joe Walsh, Van Dyke Parks, Ben Harper e Joss Stone. É mole? Claro que não. É o setentão Ringo, esbanjando energia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

As muitas utilidades do O.B.

O menino e a menina conversam no pátio da escola:
Ele pergunta:
- O que você vai pedir no Dia das Crianças?
- Eu vou pedir uma Barbie, e você?
- Eu vou pedir um O.B,  responde.
- O.B.?! O que é isso?!
- Nem imagino... Mas na televisão dizem que com O.B. a gente pode ir a praia todos os dias, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas legais, e o melhor... sem que ninguém perceba!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A vez dos treinadores

Depois do fracasso brasileiro e argentino na Copa do Mundo, quem sabe aproveitem técnicos de ofício para as suas respectivas seleções. Gente que tenha método e capacidade reconhecida.