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segunda-feira, 19 de maio de 2014

A dieta da mente

Farinhas do mesmo saco: branca ou integral te fazem mal 
Todos sabem que a gastronomia é muito mais do que um hobby para mim. Leio tudo, sobre alimentos. Assim, não resisti ao tema proposto pelo médico norte-americano David Perlmutter em seu livro, “A Dieta da Mente”, recentemente lançado no Brasil pela Companhia das Letras. Sem meias palavras, ele afirma que os carboidratos podem destruir o cérebro humano. Não importa se é farinha branca, ou integral - rica em fibras, sais minerais e vitaminas. O médico e  pesquisador garante que o efeito é igualmente devastador: epilepsia, ansiedade, enxaquecas, depressão e redução da libido, estão na imensa lista de problemas provocados, segundo ele, pela ingestão de farináceos.

Em outras palavras, o livro promete provar que não são apenas fatores genéticos os responsáveis por danos ao cérebro, mas tudo aquilo que ingerimos. Para isso, apresenta relatos e entrevistas com a transformação de pessoas que estariam na trilha da demência e recuperaram - aleluia! - a saúde mental, por meio de uma dieta rica em “gorduras boas” que, segundo ele, facilitam o emagrecimento sem que se perca a cabeça.

Ele criou um programa de quatro semanas para garantir um “cérebro saudável, vibrante e aguçado - sem medicamentos”. A publicação inclui uma lista de receitas e metas fáceis de cumprir mesmo para os abobados da farinha. “O plano de ação de Perlmutter prova que você pode assumir o controle de seus genes, recuperarem o bem-estar e manter a saúde e a vitalidade por toda a vida”, diz um release da editora.

Assim, lá vai mais uma publicação entre muitas contestadas, em sua efetividade – voltada aos gordinhos - grupo ao qual me incluo. Somos refratários a movimentos radicais  pelo emagrecimento. A nossa rotina é iniciar dietas que nos expiem a culpa e raramente concluí-las. Afinal, mesmo acima do peso, conseguimos trabalhar. Tampouco nos falta amor, afinal sempre podemos conquistar alguém, literalmente, pela barriga.

As publicações, dicas e dietas milagrosas se repetem quase que diariamente. Recentemente foi o fenômeno da dieta Dukan. Nos anos 80, eu lembro do médico João Uchoa e seu best-seller “Só é gordo quem quer”. Agora surge essa, que ameaça: além de gordo, posso estar me idiotizando a base de carboidratos.

De qualquer maneira, aprendi que a melhor receita é aquela que não te proíbe nada, mas reduz quantidades a níveis que afastem os perigos da gula. Em boca fechada não entra o alimento que aumenta o peso e reduz o QI. O segredo de toda a dieta, se chama equilíbrio. O problema é que para atingi-lo, eu pelo menos, ainda não consegui uma boa receita.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Fralda roubada

Um pacote de fralda por uma reputação
Quantas vezes você desligou, ou trocou de canal na hora do noticiário? Ou pior, assistiu impassível ao desfile de brutalidades gratuitas que se repetem em nosso país? É uma repetição onde apenas se trocam as vítimas, porque o conceito do crime – desde o simples furto, até a corrupção e o desamor que destrói famílias – se torna mais evidente, assustador. Talvez até por isso mesmo, seja este o melhor momento para um banho moralizador e nunca moralista, em uma sociedade que agoniza entre o frio do concreto e o sangue de tantas vítimas. Queremos mais do que o simples existir, merecemos uma vida que tenha um sentido mais amplo do que esta modernidade de tantas tecnologias novas a brotar em uma sociedade sem ética.

Na semana passada eu vi, ninguém me contou, uma jovem grávida pegar um pacote de fraldas descartáveis no supermercado e surrupiá-la para a sua bolsa. Esses pequenos furtos, essas distrações éticas, ao se tornarem rotina, cobrem tudo no frágil glacê da desculpa pobre: “Não vai fazer falta, afinal eles são poderosos”, e lá vai ela, com seus conceitos simplistas, levando na barriga um ser que deveria, em tese, educar e dar exemplo, para uma vida exemplar. Quem sabe essa futura mamãe recrimine duramente os desvios em verbas públicas, reclame do celular que promete ser 4G e não completa a mais básica ligação. “Em que mundo nascerá meu filho?” Esquece que o ladrão não se reconhece pelo tamanho do furto.

Segundo psicanalistas, fatores como a hereditariedade, experiências a partir da primeira infância e o ambiente familiar, determinam a formação de uma criança que, ao sair da fase inicial do egocentrismo, onde tudo gira em torno de seu lindo umbigo, precisa da presença dos pais para ensinar coisas básicas, como ser nada legal tomar para si, objetos alheios.

Como controlar esses impulsos, se a mão que embalou o berço é mesma que não tem escrúpulos para pequenos delitos? Se a criança, inicialmente nada sente ao se apropriar do que não lhe pertence, a reação dos pais é fundamental, para demonstrar o quanto pode magoar terceiros. Sem excessos, para não traumatizar, mas com exemplos tirados da experiência própria de vida.

Que a família crie suas próprias fábulas, onde a dignidade não seja algo elástico e adaptável às ocasiões que fazem o ladrão. E que um mínimo senso ético, não desapareça, vergonhosamente, em uma fralda de bebê furtada às pressas. Isso é muito feio. E nocivo.