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sexta-feira, 12 de junho de 2015

O nome da batalha

A violência do cotidiano vai muito além das vidas roubadas à queima-roupa. Está acima dos pelotões de marginais armados, das falcatruas que nos assaltam e envergonham. Muito pior do que isso, de certa forma, nos intimida na hora de buscarmos a leveza do sentimento amoroso. E a essência de tudo, está justamente no romance apaixonado que exige a entrega que nos torna nobres e responsáveis pelos frutos – ou ervas daninhas – que brotam a partir daí. Mas o que é o amor? “O amor pode não ser a vitória em marcha. Mas é o que dá nome à batalha”, poetizou meu filho Tárik, em seu livro de estreia “Pré-Devaneio”.

Essa batalha dá sentido a tudo. Aos poemas que não declamamos, ao sentimento que ficou preso na garganta, como uma espécie de infecção afetiva, a provocar febre, rouquidão e que alivia apenas com aquela espinhosa declaração. “Eu te amo!” Aos amantes deste dia, eu desejo do fundo de meu veterano coração, que continuem assim, valentes guerreiros. Por favor! Não vamos nos entregar por coisas miúdas que transformamos em gigantes do isolamento. Afinal como sabiamente cantou John Lennon, a vida é aquilo que acontece enquanto estamos ocupados com outras coisas.

Eu mesmo venci um caminhão de rancores, acumuladas pelo cotidiano da vida a dois. Lá deixei o lixo descartável do ciúme, da onipotência, da rotina, do egoísmo vil, que nos atordoa a cada novo dia. Quero atropelar a rotina, renovar o ar do cotidiano e me sentir feliz, porque este sentimento contagia. Quem resiste a alguém que sorri ao dar a volta por cima?

Porque a melancolia também está por aí. Viva! O ressentimento então é uma flor carnívora! Mas um único pensamento amoroso, uma flor singela e o amor declarado espontaneamente, no ouvido certo, na mais improvável das horas, acerta os ponteiros deste relógio maluco que orienta o viver a dois. Apesar de toda a violência que nos cerca.