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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Salve São Marcos!

Por Gilberto Jasper, jornalista

No país onde “jeitinho” é sinônimo de astúcia e respeito à lei é “babaquice” foi reconfortante saber que Marcos, goleiro recém-aposentado do Palmeiras, saiu em defesa da moralidade. Pelo facebook ele pôs em segundo plano o futuro nebuloso do clube ser rebaixado através da anulação do polêmico “gol de mão” do atacante Barcos no jogo de sábado contra o Internacional. A impugnação decretou a derrota do time paulista que segue na zona do rebaixamento.

Se for para acontecer o pior (rebaixamento) que seja com dignidade. Não precisamos que anule o jogo, afinal, o gol foi de mão. Numa época de tanta luta para que a justiça seja feita no Brasil, nós (todos) do futebol brasileiro temos que dar o exemplo”, redigiu o exemplar Marcos.

Ele condena a incoerência que adquiriu contornos de epidemia nacional. Todos nós adoramos condenar os políticos, sinônimo de corrupção; Vibramos com as penas proferidas pelo impiedoso ministro Joaquim Barbosa, mas adoramos furar a fila e usar da influência de amigos para obter vantagens em qualquer lugar. 

“Corrupção é um ato em que alguém leva alguma vantagem ilegal, mas não nos convidou” diz o adágio de humor duvidoso para retratar a tolerância com irregularidades que nos beneficiem. A cultura de “levar vantagem em tudo” está impregnada em nossa rotina. É só observar cenas comuns como a ocupação indevidamente uma vaga de deficiente, o desrespeito ao limite de velocidade quando não há pardais ou o descaso no caixa exclusivo para idosos no supermercado.

Ironicamente ecoou do futebol, ambiente envolto em eternas brumas de suspeitas – doping, bicho extra, facilitações em vários planos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, combinação de resultados de campo – o único grito em favor de uma nova postura. Uma mudança se impõe onde cumprir a lei seja rotina num país onde as normas proliferam, mas não existe estrutura para fazer valer a legislação.

Tomara que São Marcos, como ficou conhecido o goleiro pelos feitos extraordinários dentro de campo, tenha operado mais um milagre. Este, no entanto, digno da comemoração de todas as torcidas e dos atletas que gostam de jogar limpo.                                                                     

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Procura-se Virgens


Apesar de ser notícia atual, o leilão pela virgindade da brasileira Catarina Migliorini, encerrado nesta quarta-feira (24), com um lance vencedor de US$ 780 mil (mais de R$ 1,5 milhão), de um japonês (sempre eles!), me parece coisa antiga. Achei que somente nos tempos idos a experiência de uma primeira vez era soberbamente valorizada. Mas vai ver por ser jóia rara nos dias de hoje, seis malucos disputavam a virgindade da garota no site 'Virgins Wanted', da Austrália, com uma feroz disputa de lances entre três norte-americanos, um australiano, um indiano e o japonês vencedor. Agora, de acordo com o regulamento, o vencedor precisará esperar dez dias para consumar o ato, que pelo vocês lerão abaixo, deve ser muito sem graça.

Os produtores dizem que não serão feitas gravações – o que deixaria tudo muito mais pornográfico do que já parece – mas a garota tem um compromisso com a empresa organizadora do leilão e participa de um projeto que acompanha a preparação para o custoso momento que culminará, vejam só, durante um voo entre os céus da Indonésia e os Estados Unidos, onde chegará ex-virgem e milionária.

Nos sites pela internet, eu soube que os pais da jovem, que é de Itapema, não concordaram com a decisão, mas a estarão apoiando. Em entrevista ao G1, a catarinense confessa que foi “tudo no impulso” Era jovem, tinha 18 anos e por ser virgem decidiu candidatar-se. “Era uma oportunidade de viajar, conhecer novas culturas, mas não esperava uma resposta. Quando o diretor (o produtor australiano Justin Sisely) me escolheu, fiquei super feliz e decidi ir até o fim".

E você, amiga leitora, se tivesse a oportunidade de ganhar um bom dinheiro, aceitaria tal proposta? Aceitar o compromisso de ter uma equipe de cinegrafistas durante meses gravando teu cotidiano? Tenho lá minhas dúvidas sobre a questão ética nestes casos. É um direito dela fazer o que bem entender com o próprio corpo. Mas por mais distante que se pareça dos projetos da indústria pornográfica, "Eles filmam meu dia a dia, meu novos amigos, eu falando com a minha mãe, minhas reações", explica Catarina, ainda me parece uma produção erótica. Sexo é isso, independente do processo para se chegar lá.
 
Ela acrescenta: “Ele não poderá me beijar, realizar nenhuma fantasia nem fetiche, nem usar nenhum brinquedo". Chatice! Catarina quer “esfriar” o processo e aí também me vem a lembrança das antigas profissionais do sexo a alertar os fregueses, “Faço tudo, menos beijo na boca”. Tudo muito igual - ou pior - ao oferecido por aquelas damas da noite. Só uma coisa, a meu ver, a diferencia: o preço, que é infinitamente mais alto. Alguém aí pagaria?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

EU CARPINEJO


Por Nadir da Costa Jardim , 42 anos completados hoje

Sim, carpinejo. Comecei a ler Fabrício Carpinejar quando meu casamento ruía, tinha uma tristeza na minh’alma por perceber que o meu desejo de amor era diferente daquele do meu par. Fui apresentada por uma amiga ao escritor pelo livro “O amor esquece de começar”. Era isso, o título me acabava, me consumia instantaneamente. Constatei que a falta de cuidado fazia o amor esquecer de começar para nós há muito tempo...

Afinal de contas, acredito que relacionamentos sadios são cultivados, porque tenho, diariamente, a liberdade de escolher a pessoa destinatária dos meus cuidados mais caros: amor, respeito, gentileza, tolerância, paciência e prazeres.  Como diz o poeta, .... “Liberdade na vida é ter um amor para se prender”.

Já o cuidado é – para mim, entre outros significados - a responsabilidade revestida de atenção. E com um olhar amoroso, desejoso, ... então? É plenitude.

Não sofri, presenteei-o com o livro, na esperança que se ele lesse apenas o título, apenas o título,... talvez pudesse trazê-lo a reflexão, ... O livro era o meu cutucão, fiz dedicatória amorosa, na busca de um momento de lucidez sobre o que estava acontecendo...

Nunca leu.

Fiquei a matutar... Me atrevi a um diagnóstico: TDAH no relacionamento, nos afetos.

Na separação, o livro ficou. Beleza, arranquei a página da dedicatória e segui no baile da vida.

Já separada, conversava com a mesma amiga – que passei a presentear, em agradecimento, com livros de Carpinejar – sobre como “reconhecer” algumas espécies masculinas e técnicas de aplicação de questionários subliminares para identificar o “corpo” que procura aproximação - afinal de contas passei a descobrir tantas coisas que me dão felicidade e que estão me esperando para acontecer... Não desperdiço o tempo, matéria preciosa da vida.

Bem, a primeira pergunta sugerida, depois de alguns encontros leves com alguém que “parece” interessante é... – Gostas do Ney Matogrosso? Se o cara responder Adóóóóóro, com certeza será um excelente amigo; se vier algum comentário sobre a sua interpretação ou sobre os Secos e Molhados, geralmente se desenvolve bem; mas se vem aquele papo de que “é aquele que usa calça justinha, que era o namorado do Cazuza”, bem, aí nem faço a segunda pergunta, derrota por nocaute.

O tempo foi passando, chega o Twitter. Minha irmã veio com um papo de que lia o Twitter do Carpinejar, que era legal, e eu? Eu tinha o livro do Twitter do Carpinejar, o livro... Claro, desatualizado! Solução: criei um twitter para poder segui-lo, depois descobri por uma rádio de POA que sou enquadrada como “fake” porque não posto nada, tenho uma única frase e agora ficou pior: esqueci a senha.

Desde então passei a ler o Twitter do Carpinejar. Quando percebi, tornou-se um hábito.  T-O-D-O-S   O-S   D-I-A-S eu carpinejo antes de dormir. Todos os dias, inexoravelmente. Às vezes fico pensativa, mas na maioria delas, fico sorrindo. Carpinejar faz bem a minha saúde, acalma a minh’alma feminina, fala a minha língua.

Agora, a minha mais recente felicidade, o texto publicado na ZH de 04-10-10: Você tem que me ler.

Colei no banheiro feminino do meu trabalho.

Fiz uma cópia e passei para alguns colegas da sala - pois no banheiro masculino ficaria complicada a leitura.

Digitalizei-a e encaminhei-a ao meu amigo mais precioso.

Percebi, então, que carpinejava no trabalho.

Carpinejo na faculdade também. Presenteio amigos e colegas com frases de Fabrício postadas no Twitter, no seu blog, ...

Entre uma e outra fala a respeito do escritor, poeta, jornalista, professor,... descobri que uma outra amiga que amo, mãe dos meus afilhados, foi colega dele na escola, no 1º grau... Nossa, me senti tão perto do meu mestre dos afetos. Minha amiga foi colega de aula dele... Imagina?!

Ok, me bastava, pensei que tinham acabado as coincidências, ... Curiosa, entrei no site do Fabrício Carpinejar e descobri: fazemos aniversário no mesmo dia. Sou dois anos mais velha, nasci em 1970..., mas no mesmo dia, no mesmíssimo dia.  Agora, no dia 23 de outubro, além de Pelé, meu filho Ricardo e eu, sei que Carpinejar também comemorará!

Depois disso, compreendi melhor a histeria de algumas jovens quando vêem seus ídolos.

Percebi que nunca fui tiete de nenhum cantor ou artista, tinha até um trauma secreto, nunca gritei por ninguém em shows, espetáculos de teatro ou aeroportos. Ora veja, meu destino era tietar um escritor. Nunca imaginei isso. Ser tiete de escritor é venerar no silêncio: cada livro é um show que acontece dentro de mim, que só eu assisto, cujo som se eleva de acordo com as minhas percepções. Quando estou carpinejando, abre-se uma centena de hiperlinks.

Ligo, imediatamente após a descoberta, para minhas duas amigas já referidas e para minha irmã... A data se aproxima e seremos muito felizes - no mesmo dia - ao lado das pessoas que escolhemos amar.

Grita o meu filho do quarto: - E daí, mãããããããeeeee? Eu também nasci no dia 23 de outubro! Tu te lembras?

Pouso forçado, aterrissei.

Bem, quanto ao questionário aplicado, esse se modernizou, a pergunta agora é:

- Curtes o Carpinejar?

Vida longa pra ti, Carpinejar! Bendito seja! Alegra meus dias, me fazes sorrir e amar com mais leveza a vida que escolho viver a cada manhã.

Obs.: Esse texto foi escrito em OUT/2010, encaminhado ao Fabrício Carpinejar por e-mail, em agradecimento a sua produção literária e que se transformou em um presente de aniversário compartilhado.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

“Con-sensual” é mais gostoso

Sem cartório, sem Igreja
Desculpem-me o trocadilho, mas não resisti. Acontece que o IBGE divulgou nesta quarta-feira (17) que um terço de uniões no país é consensual, ou seja, sem casamento civil ou religioso. Este tipo de relacionamento aumentou de 28,6%, em 2000, para 36,4% do total, no último levantamento em 2010. No mesmo período, o percentual de unidos por casamento civil e religioso caiu de 49,4% para 42,9%.

O estudo mostra que a união sem formalização é mais freqüente em classes sociais de renda menor, representando 48,9% das ligações na população com rendimento de até meio salário mínimo, e entre brasileiros de até 39 anos. Os casamentos atuais são verdadeiros espetáculos, com danças, ensaios fotográficos e jantares chiques. Poucos podem bancar estes eventos e,  mesmo entre os mais abastados, nem todos tem a absoluta certeza de que manterão o bom nível do espetáculo até que a morte os separe.

A pesquisa revela outro dado interessante: os solteiros continuam sendo mais da metade da população brasileira: eram 54,8% do total, em 2000, e passaram a representar 55,3% da população, de acordo com o último levantamento. O número de casados caiu, passando de 37% para 34,8% entre 2000 e 2010. O percentual de divorciados quase dobrou. Em uma década: representavam 1,7%, em 2000, e chegaram a 3,1%, em 2010. Ou seja, os “encalhados” precisam reformular suas táticas porque tem gente no mercado.

Muitos estão ariscos. A vida anda difícil, juntar os trapinhos, como se dizia antigamente não é mais tão fácil assim. Por exemplo: antes o mais comum era o casamento com o marido saindo para o trabalho enquanto a "patroa" administrava o lar. Hoje ambos trabalham e a coisa fica mais ou menos assim:  o lar doce lar entregue às domésticas, os filhos às babas, as creches ou aos pobres avós que nunca tem folga. Viver junto, nos dias de hoje, é um investimento muito caro, sem garantias de satisfação ou devolução dos bens investidos.

A pesquisa avaliou ainda a relação entre casamento e idade e mostra que os homens casam, em média, com 25,9 anos e as mulheres, aos 23 anos. No caso dos que passam dos  60 anos, o percentual de mulheres que nunca formalizou uma união foi mais elevada (7,4%) do que a dos homens na mesma faixa etária (4,6%). As diferenças também são marcantes para a população entre 20 a 29 anos: 53,6% dos homens e 38,5% das mulheres nesta faixa etária não viviam e nunca viveram em união, radicaliza o IBGE.

Uma vida em comum, quando bem resolvida, faz bem para a alma, alimenta o prazer por viver. Mas tem custos altos, investimentos a longo prazo que sempre provocam estresse na hora de fechar as contas. Os casais do século 21, muitas vezes, optam por oficializar a vida compartilhada, em cartórios ou igrejas, muitos anos depois, quando todas as instabilidades – materiais e afetivas – foram equacionadas. E aí sim, a cerimônia passa a ser uma celebração aos que atingiram o pódio do verdadeiro amor. Com o senso e a sensualidade deliciosamente abraçados.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Alimentar-se de luz?


Trocar gases por flashes?
Um amigo músico almoçava com um grupo de colegas quando um deles, ao ver que todos fartavam-se de carne bradou: “Assassinos!” E passou a xingar os frigoríficos que, segundo ele, torturam bovinos, aves e outros bichos, “só para alimentar vocês, carnívoros!”

A discussão apimentou-se. Um não vegetariano justificou que o brócolis que deitara em seu prato, banhado em azeite de oliva e vinagre, um dia estivera vivo e feliz em uma horta. Igual a todos os demais legumes e hortaliças servidos naquele buffet.

O defensor dos animais não desanimou. "Eu vi no Fantástico que já tem quem alimente-se de luz!" Meu amigo, com muito bom humor, aproveitou a deixa e disse que esta era uma boa notícia: "as pessoas deixarão de liberar aqueles desagradáveis e malcheirosos gases para simplesmente, estourarem flashes!

É claro que será estranho assistir aos clarões de luz em locais inusitados". A risada que se sucedeu desarmou espíritos carregados o suficiente para, ao menos, alguns raios e trovões.