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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A sustentável leveza da Construmóbil

Com uma proposta moderna, atraiu mais de 40 mil visitantes e bons negócios
No final da tarde de sábado (24/9) junto com a Magali – esposa e decoradora-chefe de meu humilde lar – visitei a quinta edição da Feira da Construção Civil, Mobiliário e Decoração do Vale do Taquari - Construmóbil 2011, que acontecia no parque do Imigrante de Lajeado. Gostei do que vi.

Com o tema “Sustentabilidade - Sigas as Novas Tendências”, o evento caprichou em criatividade e alternativas "ecologicamente" corretas. Saí de lá com a certeza de que é possível viver-se em um ambiento bonito, confortável e mesmo, longe dos custos astronômicos de outros tempos para se ter uma construção sólida, prática e bonita.

Eram mais de 300 expositores e parceiros, mas a visita fluiu tranqüila. Nem percebi o tempo correr entre estandes legais como o do Alex e Monica, que administram a Esteck especializada em climatização, a Katia Abreu e Carlos Fell, com esquadrias de alto padrão de acabamento. Sempre ao lado dos compadres Gastão e Márcia,  (que nos recepcionaram em sua linda residência para uma rodada de espumantes, ou quase...).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

É possível dirigir e maquiar-se?

Cena comum é a mulherada nos carros – no banco do carona – é claro, fazendo seu make up matinal. Tenho amigos que consideram sexy este momento. Elas concentradas entre seus cosméticos e espelhos, ao lado do motorista. Minha mulher é uma que se produz desta maneira. Mas hoje assistimos, eu e ela, a uma perigosa variação desta prática: uma loira, em um Ford Focus preto a nossa frente, transformou seu veículo em salão de beleza, no trânsito lento da avenida Castelo Branco, na entrada de Porto Alegre. Espelho retrovisor virado para seu rosto, maquiava-se com um kit que, pela movimentação, deveria ser completo: base, lápis, sombras, batom, rímel e pó compacto. O carro rodava, no lento anda e pára, como se fosse guiado por algum tipo de piloto automático.

Encerrada essa primeira parte, ela passou a escovar o cabelo. Dispensou janela afora, os fios que se soltavam. Fechou o vidro e de repente, a farta cabeleira abria-se enquanto movia o pescoço lentamente, como se estivesse em um comercial de shampoo. Não descobrimos se utilizava o ar condicionado do carro, ou algum secador instalado no painel.

Engraçado para quem via de fora, mas com certeza, perigoso. Dirigir de maneira displicente no tráfego enlouquecido das primeiras horas do dia é insano, com ou sem maquiagem. Quando a ultrapassamos, percebemos que ainda carregava um cigarro na mão esquerda. Acumulava dois hábitos bem nocivos à saúde: direção de risco e o vício do fumo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Nem fera, nem Deus. Apenas um chato só

Na semana passada, encontrei um antigo colega de colégio. Ambos senhores om pouco tempo para coisas perdidas no tempo mas, mesmo assim, permitindo-se ao menos, a um intervalo para um cafezinho Afinal, os longos anos que nos separavam até o reencontro casual, pareciam um simples lapso de tempo. Lembramos professores, outros colegas de aula e, é claro, sobre o que fazíamos, afinal, para sobreviver. Eu, jornalista, ele comerciante naquela base do “sobreviventes de anos difíceis.” A conversa se tornou mais interessante quando começamos a falar dos amores. Ele jura que eu lhe roubei uma namorada, jovem linda de olhos verdes. Tudo o que eu lembro é que ela me trocara por um cara bem mais velho que circulava em uma Rural Willys – avó das camionetes modernas. Casamentos? Ele tivera um, que resultou no único filho – um baita parceiro – me disse. Teve ainda uma tentativa de recomeço que fracassara e “um período confuso” sem amores, vivendo sozinho.

“Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus,” me disse, ao citar o filósofo grego Aristóteles. Contou que, desiludido com o casamento desfeito e os problemas com uma “namorada neurótica demais”, havia decidido viver sozinho. E foi aí que se deu mal. “No começo era aquela sensação maravilhosa de liberdade”, lembra, ao citar as noitadas de carteado com os amigos, a rotina dos botecos nos finais de semana e a agenda sempre cheia de candidatas a namoro. “Depois, cansei. Das festas, dos bares e da anarquia que meus amigos faziam lá em casa”, reclama. No principio não percebeu, mas estava se transformando um coroa ranzinza. Detalhista. Cheio de manias.

Preocupou familiares. Ou melhor, se tornou insuportável para amigos e parentes. O filho quis ir morar com ele, que reagiu contra. “Indicavam outras mulheres, a maioria delas solitárias e tão cheias de manias quanto eu, ou seja, só pioravam meu drama”. Foi quase sem querer, quando decidiu matricular-se em um curso de idiomas que acabou conhecendo Ana. “Ela me tirou desta rotina solitária,” reconhece. Foi um começo difícil, pois estava habituado a ficar só. O máximo que suportava eram dois, ou três dias juntos. Mas aos poucos, foi percebendo o homem rabugento em que se transformara. Um reizinho tirano perdido em seu império de manias. “Um chato, eu reconheço”.

Simplificando, ele chegou a conclusão inevitável: nem todos sabem lidar direito com a solidão, mesmo voluntária. Ou deprimem-se, ou acabam como assim, meio "fera selvagem" como percebera o filósofo grego. “Eu virei um predador. Comia pra não morrer de fome, bascava o sexo só por instinto”, conta. A partir de uma nova relação, pode enfim, retomar a vida com mais equilíbrio. Ou seja, muitos precisam ter alguém que os faça reagir. Nem só com carinho e amor, mas para assegurar o foco nas coisas importantes. Aquele puxão de orelhas contra a mesquinharia, o medo de dividir experiências e aceitar o jeito de cada um lhe fez reagir. “Amar, afinal das contas, te deixa mais humano”, afirma, sem medo de ser óbvio. Afinal, em uma tarde de final de inverno, não se pode esperar muito além disso. Principalmente entre dois ex-colegas de ginásio, saudosos de um tempo que não volta mais, graças a Deus, porque o hoje, está sempre bem melhor.

sábado, 17 de setembro de 2011

Polêmica Farroupilha acampa no Facebook

Domingo passado, minha mãe, que é quase vizinha do Parque Harmonia, em Porto Alegre, onde acontece o acompamento farroupilha, impressionou-se com o movimento no supermercado próximo a sua casa. Nas filas, dezenas de gaúchos e prendas de pilcha, fardos de cerveja e outros tragos, além de pacotes de carne e linguiça. "A Semana Farroupilha virou comilança!" imaginou dona Hedy, já achando que o negócio era "preservar" a cultura em canha e graxa. "Porque afinal, a guerra nós perdemos mesmo." Postei o comentário no Facebook e choveram comentários entre o jocoso e o formal, em defesa das tradições gaúchas. Quase polêmica. Não sou contra festejar a cultura dos pampas. Aliás, acho que somos um povo muito ranzinza para celebrações coletivas. Na Bahia, o carnaval, maior manifestação cultural de lá, dura meses. Aqui, vá fazer um festerê na praça, ou na rua, para ter vizinho reclamando do barulho, do trânsito interrompido.

Mas a questão era outra. A idéia, a partir da constatação de minha mãe, era brincar com essa descontração gauchesca, que ocorre justamente quando celebramos um evento belicoso. Só isso. Nada contra, muito mais a favor! Plinio Nunes, um dos editories do Diário Gaúcho, vestiu as bombachas e revelou suas origens campeiras, onde viveu até tomar o rumo da Capital “Só quem tem essa vivência sabe o quanto uma música, ou uma palavra gaudéria, toca fundo na lembrança. Vejo algumas críticas ao nativismo e tradicionalismo com tristeza: já que agora é moda (Graças a Deus) conviver com a diversidade, vamos respeitar aquele que tem gostos diferentes dos nossos sem que percamos a capacidade de emitir nossas opiniões,” bradou.

Tárik, o píá de 15 anos que por acaso é meu filho, foi sério e histórico: “Perdemos para um império corrupto e escravagista enquanto tinhamos ideias humanitárias e democráticas... mais importante que o ato de vencer no real, é ter a mente sã de que estamos certos. Não concordas, meu pai ?” Concordei, na hora. “Na verdade, os farroupilhas não perderam, empataram. E empate em casa é derrota”, reconheceu Plinio. Mas o Tárik – esse talento para as letras que não sei de onde puxou – destacou o valor dos antepassados “criadores de uma cultura com tanta beleza histórica, que divaga-se até hoje nos tais famosos Campos do Seival”.

O fotógrafo Arfio Mazzei lembrou os tempos de guri em Livramento, na Campanha: “Conviví com autênticos gaúchos defensores dos usos e costumes do RS, desfilei por duas vezes no Fogo de Chão Negrinho do Pastoreio, que reúne o maior número de cavalarianos e 99% são peões. O que se vê em Porto Alegre, ao meu ver, é puro modismo, gente que só se "traveste" na Semana Farroupilha”. Tem gaudério de boutique, eu sei. Mas vejo o lado positivo: divulga a cultura e ainda aciona o comércio de trajes típicos. Fora dos galpões e CTGs. Diante desses comentários, outro amigo, o Horst Eduardo Knak, me alertou:

“Em tudo que é radical, xiita, tem o lado bom e o lado ruim. O resgate das tradições foi muito bom, porque trouxe um lado sadio do campo e a nossa própria história para as cidades. Redundou em música, filmes, vestuário recuperado, culinária, entre outras coisas. Ao mesmo tempo, o ranço de quartel me afasta,” afirmou ao lembrar, talvez, a rigidez dos CTGs, em relação as regras de convívio em seus espaços. De qualquer maneira, como me advertiu Júlio Sortica, outro talentoso ex-colega dos tempos de Zero Hora: uns mais, outros menos, “mas que gaúcho é meio xiita, é isso é. Mas vamos indo... um dia quem sabe damos no perau.” Acho que é isso, seja lá o que for esse tal “dar o perau”, já que sou gaúcho urbano e não domino bem o palavreado regionalista.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Alguma verdade...


O álbum "Imagine" completa 40 anos hoje. Mas esta canção Gimmie Some Truth,  cheia de raiva santa - a cata de verdades - é um hino e, em minha opinião o grande discurso deste fantástico ábum.
Chove lá fora, e aqui tudo o que pedimos é coerência.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quem ri-do-rato, vive!

Organizava cadernos e papéis em minhas entulhadas gavetas - um trabalho quase psicanalítico - quando achei a carta de uma ex-colega, lá dos anos 80, tempos em que ainda se escreviam cartas, coisa anterior ao e-mail e redes sociais. Ela agradecia minha solidariedade, após uma fase depressiva e dizia achar graça dos exageros, da brutal carência e falta de amor próprio que a levara ao gesto extremo de tentar acabar com a própria vida. E o fez com requintes de estilo. Redigira um texto de frases feitas, citações de grandes poetas e ainda gravara um último adeus – voz compungida – entremeada por soluços da mais pura e sincera mágoa contra o mundo cruel. Ó dor!

Um momento assim é realmente devastador, especialmente no caso dela, casada com um pacífico e dedicado professor europeu, que chegara ao Brasil para uma curta temporada esticada pela paixão. Ele só retornou quando o amor fez as malas e antecipou-se ao adeus. Partiu de repente, sem adeus. Sem aviso.

Chorou o que pode. Sentia-se pior do que o mais vil dos seres humanos e, sufocada por uma devastadora torpeza, mirou-se no reflexo das mágoas  questionar “és afinal, uma mulher ou uma desprezível ratazana”? E se pôs a roer a estima feito minúsculo camondongo.

Correu à dispensa onde guardava produtos de limpeza. Encontrou o pacote de veneno granulado para ratos. O antigo Ri-do-Rato. Abriu um,espumante francês, Veuve Clicquot, que reservara para o jantar romântico que celebraria os cinco anos de vida a dois. As primeiras taças para lhe dar coragem, as demais para ajudar a digerir as quase dez pilulas engulidas.  E assim, brindando a cada momento feliz da relação, entre choro e gargalhadas, embebedou-se.

De repente uma dor lancinante lhe torceu os intestinos. O veneno agia. Um calor, uma força estranha, como se algo se movesse apressado em seu ventre e tentasse rasgar-lhe as entranhas. Era o fim chegando, imaginou. E correu ao banheiro, onde de forma nunca antes vista, uma brutal, uma avassaladora diarreia a prendeu ao vaso. Morreria daquela maneira estúpida, humilhante? Após mais alguns longos e sofridos minutos tudo passou. E sentiu-se melhor. Muito melhor. Aliviada. Vazia.

O veneno deveria estar vencido, imaginou. Quando examinou o pacote, percebeu que ingerira um forte laxante que seu ex escondera ali. Ela tinha mania por dietas agressivas com esse tipo de medicação. Voltou a razão e abriu outro espumante. Desta vez para brindar ao homem que a jogara ao fundo do poço e que, de alguma maneira, a salvara do limbo.

Estava pronta, pós catarse, ou melhor pós diarreia, para ser feliz ou simplesmente curtir seu novo momento independente e lúcida. “De alguma forma, dele ficou aquele último gesto de carinho", escreveu ela, que voltou a namorar. "Sem grandes expectativas, porque assim, dói menos", escreveu. 

Feijão com arroz e um amor injuriado

Quando falta tempero, é hora do adeus?
Tudo ia às mil maravilhas quando ela, em uma noite quente de sábado, perguntou com aqueles olhos grandes, cheios de devoção se ele a amava mesmo. Assim, sem ressalvas, apaixonadamente. Ele, bom marido, pai exemplar, com aquela franqueza que sempre se dividia entre a rudeza e a inocência, disparou: “Amor de paixão, sei lá, é difícil medir, mas acho que não sinto mais.” Foi o que bastou para ela, injuriada, ferida em seu orgulho despachar, sem chances de reversão, naquele momento mesmo, o cara que tinha como seu para o "resto da vida". Resto que ela agora varria, entre lágrimas e o dedo em riste a indicar a porta da saída. Até hoje não entendo o porque dessas perguntas dispensáveis – especialmente pelo lado feminino da espécie – quando as coisas aparentemente vão bem. Outro dia, a mesma situação se repetiu, porque no amor não existem roteiros originais desde os tempos de Adão e Eva.

Desta vez, o ilustre marido, casualmente também em um final de semana, de uma hora para outra ajeita a mala com um kit básico de roupas e, ao contrário do que a esposa esperaria ouvir, tipo uma viagem urgente de negócios, diz que está abandonando a vida a dois. Entre lamúrias, diz sofrer com lembranças de uma ex! Sim, aquela mesma “safada” que o transformara em um "molambo desengonçado da afetividade humana", conforme suas próprias palavras. Em todo tempo juntos, a ex aparecia em pensamentos que, naquele instante delicado, não sabia definir como saudade ou paixão mal-resolvida. Aliás, esta a causa mais provável. Como se poderia prever saiu de casa no domingo e na segunda, já estava mergulhado no vácuo dos que não sabem bem o que desejam da vida, ou no mínimo, de seus amores.

Voltava depois de alguns anos para o velho quarto de infância, na casa da família. E lá lá, ouviu dos pais que tudo o que pretendia ouvir: que agira afoitamente, misturara sentimentos e magoara a mulher que verdadeiramente o amava. Mas jamais a traíra e ela sabia disso. Assim, depois de esfriar a cabeça, decidiu pedir para voltar. Com aquele típico discurso de arrependimento. Queria mais uma chance o que, em outras palavras, significa um novo acordo. Com as regras dela, sabia. Afinal, o erro fora dele. Mas a moça, intempestivamente, não o aceitou de volta. Nem pensou duas vezes. Disse que doía ainda a humilhação inesperada, sentia-se “uma idiota após esse tempo todo juntos.” Justo ela, 24 horas honesta e também fiel.

A vida oferecia o prato mais simples: o feijão com arroz das soluções existenciais. Mas ela decidira, por sua vez, complicar a receita com um toque pessoal. E no amor, assim como na culinária, uma pitada a mais é sempre um risco. Engrossou o caldo e não o aceitou de volta. Se me tivesse pedido uma opinião eu responderia com outra pergunta: Ainda sente amor por ele? Ele te tratava com carinho e afeição? Em caso positivo, troque o orgulho ferido – pela afeição que sempre é transformadora e positiva. Até porque o inverno ainda está aí e aquele lado frio da cama faz mal a quem se habituou ao calor do ser amado. E que pode sim, apesar de toda devoção, ter seus momentos de insegurança e infantilidade. Alguém aí do outro lado é perfeito?

sábado, 3 de setembro de 2011

O repórter e uma entrevista com "seu" Dilermando

O touro é "do" ou "de" Dilarmando?
A pauta era aquele imenso touro charolês, o mais pesado da raça. O reporter deu uma rápida olhada no banner pendurado acima do box, em busca do proprietário do animal e perguntou ao peão, que afofava a cama do bicho – poderia falar com o “seu” Dilermando? –  e o peão,  debochado, respondeu, sério: “Vai ser difícil... Ele morreu faz tempo.” Às gargalhadas advertiu que Dilermando de Aguiar é o município sede da cabanha, na região Central do Rio Grande do Sul. E concluiu o inevitável: "gente da cidade é muito ignorante."