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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Qual verdade faz bem a saúde?

Uma organização sindical da área da saúde gasta os tubos, verdadeiras fortunas, todos os meses, na emissora de maior audiência do Rio Grande do Sul para fazer campanha política, mascarada de defensora de sua categoria. Arre! 

Cansei destes barões da verdade, em seus redutos dominados por segundas, terceiras intenções.  A verdade é que as pessoas morrem, muitas vezes, também pela negligência e despreparo dos profissionais que deveriam estar atentos e dispostos a cumprir com suas obrigações. 

Nesta terça-feira, um colega perdeu o filho de apenas seis meses. Dor sem perdão, sem cura. Dor que cicatriza mas fica lá, viva na alma. Eles fizeram a sua parte. Atentos levaram o bebê para atendimento médico. Foi diagnosticada uma gripe. Dias depois, perceberam que a gripe, na verdade era meningite.

O resultado foi o pior possível. Um anjo voltou ao céu. Os pais, jovens e já tão sofridos pai e mãe, poderão entrar com um processo contra quem lhes prestou esse péssimo atendimento. Serão mais um, entre tantos. Mas o cheiro gostoso da vida nova e fresca permanecerá por mais algum tempo em seu quartinho. O berço, a decoração singela.  

Com certeza a dor passará, são jovens. Poderão reconstruir seu lar. Mas o certo é tudo isso poderia ter sido evitado se tivessem um atendimento efetivamente profissional. Competente.   

Nas rádios, segue a propaganda pseudosindicalista. Arrogante, dona de uma verdade que, cá entre nós, faz bem mesmo a quem?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A verdade, seus donos e o necessário dom de ouvir

Está valendo a pena dar uma conferida no belo texto da Léa Aragón, em seu Bicho Preferido. Especialmente para todos nós que nos achamos, às vezes, a corneta mór do universo pararelo das redes sociais... Clique ali, vai:  http://bicho-preferido.blogspot.com/2010/05/quem-sabe-ou-quer-escutar.html





sexta-feira, 14 de maio de 2010

Dica culinária para um fim-de-semana nublado

Pimentões vermelhos, amarelos, cenouras, brócolis, azeitonas pretas,  três dentes de alho inteiros. Com fogo alto, lenha de eucalipto. Tudo na chapa de ferro. Defumar, abrir as cores e os aromas. Deixar grelhar.

Quando os legumes dourarem, refogar com meia taça de vinho branco. Azeite de oliva, à gosto (mas indispensável).  Em poucos minutos estará pronto. Acompanha qualquer carne grelhada.

Um arroz branco, soltinho, cai bem. E as alfaces americanas, crocantes e deliciosas, apenas facilitarão uma divina digestão.Viver é isso! Alimentar o corpo e a alma com saúde.

E o brinde? Um beaujolais no balde de gelo seria a perfeição em forma de vinho. Mas aquele branco que perfumou os legumes, também será bem vindo.

sábado, 8 de maio de 2010

Ode às mães dos super-heróis

O filho surgiu de repente e abraçou-lhe as pernas. Em sua fantasia, incorporava Naruto, o menino do desenho japonês que trás um monstro aprisionado no peito e tem a missão de salvar a Vila da Folha Oculta, onde vive. Assustara-se com a própria brincadeira. Os outros o viam apenas como um piá travesso, mas acreditava estar no caminho de transformar-se no poderoso ninja Hokage. Inimigos desejavam assassiná-lo. De qualquer forma, ao abraçar a mãe, encontrava segurança e a certeza de que toda a luta valeria a pena.

Os vizinhos não entendiam aqueles pedaços de papel colocados nas paredes do corredor do edifício. Ela mesma explicava - entre pedidos de desculpas e auxiliada por outras mães de ninjas do prédio, que eram os kibaku fudai - papéis bomba – com dizeres mágicos na linguagem kanji, a lhes dar poder de fogo e explosão. Intimidavam prováveis invasores. Com ela o aprendiz de ninja negociava outros alvos estratégicos que sustentariam a missão de protejer sua gente. Dela advinha o dom de avaliar o certo e o errado, acima de qualquer outro poderoso ninja. Mesmo após um dia estressante de trabalho, ouvia pacientemente tudo sobre os detalhes da complicada vida de Naruto esmiuçada nas histórias que a tevê exibia todos os dias.

Mais tarde, ao anoitecer, chegava a vez daquele sujeito pesadão a laçar-lhe as pernas. O ninja-marido buscava alguma recompensa. Ela o ungia com os óleos da vitória, cicatrizava feridas de combates perdidos. Encontravam a fantasia da sobrevivência em um mundo real onde a escalada de poder, vitórias e conquistas superava o mais cruel de todos roteiros de mangá japones. O pai, o companheiro, também trazia em seu peito um monstro aprisionado. E acreditava ter a idêntica missão de proteger, quem amava, dos perigos reais. Igual ao filho, sentia medo, sofria com a insegurança. Arrancava afagos para acalmar as tormentas da alma e prosseguir, ao alvorecer, em sua missão.

Levava consigo uma shuriken, aquela arma em forma de estrela que os ninjas usam para confundir inimigos. Era um presente do filho que ela - como boa mãe - aconselhara a deixar guardado junto ao bolso esquerdo do paletó. Agradaria ao ninja aprendiz da casa. Quem sabe, o brinquedo brilhante não acabasse refletindo maus presságios? Tornara-se um amuleto da sorte, desde então.

Ela conseguia enquadrar-se nesses universos fantasiosos, tipicamente masculinos. Sabia, a vida era mais do que aquilo, mas reconhecia que eles a tiravam um pouco os pés do chão. Ensinavam as vantagens da conspiração do sonho, de alivar a pressão. Tinha fé, identificava um inimigo a quilômetros de distância e contra ele, usava sempre seu instinto e sensibilidade aguçados. Era seu melhor dom. Organizava o singelo e administrava o complexo, fosse no lar ou no trabalho, ambientes que lhe absorviam mais do que desejava.

Cadê o tempo para os livros que tanto amava? Os minutos, rarefeitos entre compromissos pesados, para a prosa com amigas? Não lutava pela supremacia de uma distante liga ninja. Cuidava da vida presente com a atenção e respeito que essa merece.

Heroína? Sentia-se apenas uma mulher. Isso, com certeza, representava mais do que tudo. Nem precisava um dia especial para lembrar-lhe de sua força, da necessidade de ser respeitada como tal. Sabe que ainda humilham homens considerados fracos e cruxificam mulheres fortes. Mas era forte.
 
Abrir-se ao amor lhe permitira gerar a vida. Essência da feminilidade que ensina a compreensão do mundo, de seus guerreiros domésticos e a circular entre comandantes ou comandados em sua rotina profissional. Exigir mais o quê? Reconhecimento e autonomia, com certeza. E um bom SPA! Tudo isso sem pegar em armas. Muito bem maquiada e de cabelos, unhas e pés rigorosamente em dia. Aliás, todo dia é Dia das Mães. Parabéns!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas do Sono em 3D

E lá se foram elas, minha mãe, dona Hedy e minha tia Jorgina, assistir a mega produção Alice no País das Maravilhas. Tinham as lembranças da história fantástica de Lewis Carroll dos tempos de sua infância. A diferença é que em um livro, quem cuida da produção, das cores e cenários é a imaginação do leitor. E as duas tinham ainda as tintas bonitas da infância bem vivas.

Apesar da tecnologia extremada em 3D, do elenco de primeira, não gostaram do trabalho de Tim Burton. "Sei lá, talvez por não ser mais criança, não achei a menor graça", lamentou mamãe, acrescentando que a tia Jorgina dera apenas a largada e dormira o resto do filme.

Meu filho Tárik,  no mesmo dia e em outro cinema, também conferiu a Alice do Tim Burton. Não vibrou. Achou legal, "talvez fosse melhor em 3D", disse ele, reclamando que assistira a versão normal, já que as filas para o filme em 3D eram enormes.

Outros amigos que estiveram no cinema e acharam tudo muito exagerado no filme. Johnny Depp para alguns mais parece uma traveca psicótica. Ou seja, minhas duas queridas senhoras não estão velhas demais para se divertir com uma história fantástica que, na época, criticava a Inglaterra vitoriana. Nem foi a ausência do 3D que roubou a graça para o Tárik. Faltou o fundamental para ser realmente bacana: imaginação. E sem imaginação, só nos resta cochilar nas poltronas do cinema. Não efeito visual que nos segure na poltrona. Tenhamos 14 anos, ou algumas décadas a mais.