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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Férias no Centro

Está em férias mas ainda não conseguiu tomar o rumo do litoral?  Visite o centro de Porto Alegre, ora. Prédios antigos, salada de frutas no Mercado Público e a Rua da Praia, que não tem praia, mas que desfila candidatas a sereias entre velhos tubarões - a maioria deles concentrados defronte a Galeria Chaves. Na semana passada (ou foi antes?) eu e meu filho Tárik fizemos um tour histórico, concluído defronte ao marco zero, no Paço Municipal. E mais uma vez concluímos que nossa cidade tem muitos atratativos e, em cada esquina, com um mínimo de atenção, se abrem histórias de um passado bonito.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amante e transportador

por Gilberto Jasper(*)
O homem cumpre três funções básicas ao longo da vida: amante, reprodutor e provedor, repetia meu pai. Aos 50 anos, pai de um casal de adolescentes – com 15 e 16 anos –, descobri uma quarta tarefa: transportador.

A cada final de semana, e nas férias também nos dias úteis, circulo pela madrugada de Porto Alegre a percorrer bares, casas de show e prédios particulares para buscar a gurizada nas baladas. Apesar do pouco sono e da vedação à cervejinha, trata-se de uma tarefa gratificante.

Aprendi que o contato com meus filhos nestes momentos é fundamental para o acompanhamento dessa fase tão conturbada, além de permitir o conhecimento dos amigos, além de conferir se a formação ministrada por nós, pais, se consolidou.

O hábito de os colegas passarem os finais de semana em nossa casa ajuda a descobrir a personalidade e os hábitos familiares dos visitantes. É um exercício gratificante, mas há momentos de lamentar o descaso com que esses jovens foram criados.

Já houve caso de coleguinhas que permaneceram um feriadão inteiro conosco sem um único contato dos pais, sequer na chegada a nossa casa. A maioria demonstra uma flagrante carência que choca, constrange.

Hoje, a escola é um lugar onde a gurizada recebe educação, conhecimento, cultura e princípios de convivência social. Pobres dos professores, aviltados pelos baixos salários, acossados por turmas enormes e tendo como agravante a omissão familiar. Alcoolismo, consumo de crack em idade cada vez mais precoce e violência compõem o mosaico de resultados dessa fuga de responsabilidade da família.

Eu e minha mulher batemos longos papos enquanto devoramos nacos de pizzas. Nesta hora, se constata frequentemente a carência de carinho, de cumplicidade sadia, de atenção e, não raro, de um ombro para chorar e ter o consolo poucas vezes observado em seus lares.

Aos pais de primeira viagem, costumo repetir que a eficiência dos conselhos se esgota por volta dos 12 anos. A partir daí, os filhos caminham com suas próprias pernas com base naquilo que ensinamos. De nada adianta cobrar ética, decência e respeito se dentro de casa nós, responsáveis e conselheiros, não somos bons exemplos.

*Grande amigo, colega jornalista e pauteiro do Concriar - abrindo a volta dos inícios dos trabalhos neste espaço.