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terça-feira, 28 de junho de 2011

Tarik e a certeza de que assistiríamos Ringo em POA

Meu filho caçula, Tárik, ao apertar a mão de um amigo, o Gustavo, disse: “Eu e meu pai vamos assistir ao Ringo Starr”. A frase saiu assim, solta, "coisa, tipo nada a ver." Isso faz quase um mês. Eu ri, quando ele me comentou seu gesto. Não deveria ter achado graça.

No início da tarde de ontem, recebi um torpedo do especialista em mensagens via celular – meu irmão germânico Giba Jasper – confirmando para novembro, mais precisamente no dia 10, show no Gigantinho com o baterista dos Beatles, um dos maiores mitos do rock mundial. Exatamente um ano após seu ex-parceiro de banda, Paul McCartney, ter feito uma fantástica e inesquecível apresentação no Beira-Rio.

É claro que reenviei a informação ao Tárik que, afinal de contas, colocara uma super-energia positiva naquela afirmação. Deu uma sacudida no ex-beatle, em seus empresários, sei lá. O cara virá com sua All Star Band, formada sempre por grandes nomes do rock internacional. Falta uma segunda previsão do Tárik. A de que iríamos pessoalmente cumprimentar Mr. Richard Starkey.

Alguém aí, duvida? Então está combinado. Só falta confirmar a agenda e como adquirir os ingressos. Estaremos na primeira fila. Nós, que vivemos em um Yellow Submarine.

terça-feira, 21 de junho de 2011

No meio do inverno, o verão invencível


Lá de casa, a beleza da paisagem fria

Confesso que já gostei mais dos invernos. Reparava mais na chuva, na geada que queimava o pátio. Dava mais atenção a correria de meus filhos, gostosos de apertar, feito bichinhos de lã, de bochechas vermelhas e fofas. Lembro do frio que cortava feito diamante o vidro da janela e me obrigava a recorrer ao mais encorpado dos meus vinhos. Até uma confraria criei ao lado de amigos. O gelado era um convite a reuniões animadas, onde enquanto o gelo cobria a capota dos carros lá fora, no calor da lareira esquentava-se a vida.

Lembro dos amigos que recitavam poesias, inspirados pelo mesmo deus Baco que, de propósito, os fazia esquecer estrofes, ou engolir rimas. Mas tudo era válido, tudo era quente e aconchegante. Porque era inverno e estávamos juntos. A lareira parecia nunca apagar, a adega sempre cheia. Os confrades traziam seus vinhos e pães, queijos, salamos coloniais e caldos a ferver seus vapores aromáticos. O inverno se cobria de um frio suportável assim, mesmo que insistisse em chuvas intermináveis, entremeados de raros dias de sol pleno, abaixo de zero. Lagartear era tudo o que se precisava para recarregar as baterias.

Chimarrão, chás de todos os tipos e cafés servidos direto da cafeteira italiana. Era energia pura, que se agarrava na certeza de que toda estação tem seu escanto, mesmo que absolutamente fria, com ares melancólicos, quase depressivos. Eu não me permitia sofrer contra o óbvio. Para que reclamar do inverno frio, se não tinha como ser diferente. A alternativa, o norte ensolarado, era apenas uma fantasia cara demais para ser verdade. E durarira poucos dias. Longos seriam os meses a pagar passagens aéreas e hospedagem.

Quero de volta esse frio que convida a algum tipo de celebração. Que não me isole em um edredon solidário, enroscado nos pés de minha amada. É bom, mas não é tudo. Brindar a reação ao frio é importante também. Tão mais quanto provar o advento gostoso da primavera e verão. É qquando tudo se torna mais fácil e dinâmico. Quero a certeza de não faltará parceria para aquecer por alguns minutos, a tão necessária alegria. Quebrar o gelo. "E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível," disse Albert Camus. Que assim seja!

domingo, 19 de junho de 2011

A urgente vacinação contra a arrogância humana


Um flagrante do vírus da pólio... que ainda vive!
 Nas primeiras horas deste domingo úmido, li nos portais de notícias de Porto Alegre, que a vacinação contra a pólio não atingira a meta esperada e ficara em menos de 70%, tanto na Capital quanto no anterior. Vá entender esse povo, reclama, reclama e reclama, do poder público e quando este o atende, ignora. Simultaneamente haveria vacinação contra o sarampo, para evitar a “importação” do vírus, que está de volta na Europa. A mídia insistiu na pauta. Mas o resultado foi igualmente devagar. Alguns dias atrás, aconteceu o mesmo fenômeno, em relação a gripe A. As famílias não vacinaram seus idosos e crianças, ou aqueles em situação de risco. O que aconteceu? Contabilizamos 11 casos e 4 mortes, aqui no Rio Grande do Sul. Irresponsabilidade suicida ou o que?

Essa sindrome do "comigo não vai acontecer porque sou mais filho de Deus do que os outros," se repete em tudo. No trânsito, por exemplo, na madrugada de sábado, um casal morreu e deixou uma criança gravemente ferida ao bater de frente em um caminhão na estrada de Belém Velho. Pista molhada e alta velocidade não combinam. Nossos carros de passeio dificilmente têm seus pneus calibrados de forma correta, ou estão em totais condições para manobras arriscadas. Seremos todos sempre tão arrogantes assim? Que desprezamos alertas e depois, vamos nos queixar ao bispo? Ou às administrações públicas? Sim, transferimos culpas. Demonizamos o sistema e nos encharcamos desta falsa onipotência em seu lado negro.

Seguidamente recebo e-mails paranóicos, denunciando “conspirações”, da indústria químico-farmcêutica de produzir vacinas que, ao contrário da cura, nos contagiarão de perebas horríveis de laboratório. Será que essa gente omissa acredita nisso? Desta provável conspiração biológica para acabar com o mundo? Ou a raça humana insiste na mediocridade, por puro desleixo ou ignorância?

Sábado, estava frio e úmido e decidiram não vacinar os filhos. Para azar meu fui obrigado a ir a dois shoppings e ambos estavam lotados! Mamães, papais e filhos às centenas. Lotavam praças de alimentação, desfilavam entre vitrines, felizes, sem medo do dia feioso que haviam enfrentado até chegar até lá. Porque não pararam antes em um posto de vacinação?

Por sinal, dizem  os Profetas dos Spam Maldosos, que nestes grandes centros comerciais, as tubulações são estruturas repletas de poderosos micróbios e ácaros-âncora de grife. Aceitam Visa, Mastercard, American Express e até o gaudério Banricompras. E começarão a mutação da espécie humana em breve, a partir de nossos pulmões. E aí, só nos restarão caminhadas ao ar livre. Livre?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mamãe rolou as escadas do Praia de Belas

Sábado passado, minha mãe, dona Hedy, 77 anos de plena energia, literalmente tomou um grande tombo. Traduzindo, rolou nove degraus de escadas, nas Lojas Renner do Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. Hoje, ao contar os hematomas, os pontos que levou na cabeça e as dores pelo corpo, em função do trágico acidente, riu da própria cena.

“Em um momento, eu estava levando um sapato ao caixa, em outro, não entendia nada, só rolava. Ora via o teto, ora os degraus”. Auxiliada por funcionários e clientes, passou rapidamente do susto para a raiva do mico que pagava. Sabia que pensariam ser coisa de "velha"... Mas é uma mulher independente em tudo. Nos passos, nas palavras, nos acertos e nos erros, ora. Sentia-se injustiçada, com certeza.


Minha mãe, se recupera bem. E cá entre nós, peço a mesma resistência física para os próximos anos. Que eu entre na terceira idade com ossos sólidos, músculos elásticos e rugas dignas. Com a vantagem de ser um cara dos anos 60, que tem por obrigação, o dever de ser um avô libertário, do tipo paz e amor.

Embora a diferença de gerações - ela do tango e bolero e eu da bossa-nova e rock and roll -  minha mãe soube aceitar aqueles discos de guitarras distorcidas e cítaras indianas que atraíam uma gurizada muito esquisita. Os tais cabeludos, que ficavam oras curtindo aqueles sons.

Bom, de volta ao tema deste post, estou tranqüilo, porque dona Hedy  me garante: só dói quando tosse. Uma baita vantagem, comparada a outras da mesma idade que nem tossir consegueriam.

domingo, 12 de junho de 2011

Amor, correias de couro e Neruda.

Junho, metade do ano e as pessoas sem uma data especial para celebrar com troca de presentes. E nada melhor para acelerar vendas do que o amor. Foi assim, para preencher um vazio no comércio, que o publicitário João Dória, iniciou em São Paulo, a celebração dos Dias dos Namorados brasileiro, no finalzinho dos anos 40, às vésperas do dia de Santo Antônio, considerado santo casamenteiro. Claro que deu certo – quem amava, fazia questão de celebrar com um mimo e quem não amava mais, o fazia para manter as aparências, ora!

No resto do mundo ocidental, a data é 14 de fevereiro, todos sabemos, em homenagem a São Valentim, que realizava casamentos às escondidas do malvado Claudius II, imperador romano que em período de guerra, exigia soldados solteiros, mais bravos, segundo ele nos combates.

A data marcava também a véspera dos lupercais, celebração da Roma antiga em honra de Juno (deusa da mulher e do matrimônio) e de Pã (deus da natureza). Segundo pesquisas deste que vos digita, um dos rituais desse festival era a “passeata da fertilidade,” em que os sacerdotes desfilavam pelas ruas, batendo em mulheres casamenteiras com correias de couro de cabra. Acreditavam que assim, asseguravam a fecundidade. Esses romanos...

De qualquer maneira, uma flor, um carinho, café na cama e um olhar cumplice. Esse olhar cúmplice que sobrive a todos os destemperos é fundamental. Um instante de profunda intimidade, um agradecer sem palavras, mas com todo um gestual de quem não colocou seu amor na gaveta do cruel cotidiano. Mas essa correia de couro... Epa! Vamos melhorar o nível, com o sensual poema La Infinita, que une a paixão a natureza em metáforas perfeitas. O autor? Neruda, é claro:

La Infinita

Ves estas manos? Han medido


la tierra, han separado


los minerales y los cereales,


han hecho la paz y la guerra,


han derribado las distancias


de todos los mares y ríos,


y sin embargo


cuanto te recorren


a ti, pequeña,


grano de trigo, alondra,


no alcanzan a abarcarte,


se cansan alcanzando


las palomas gemelas


que reposan o vuelan en tu pecho,


recorren las distancias de tus piernas,


se enrollan en la luz de tu cintura.


Para mí eres tesoro más cargado


de inmensidad que el mar y su racimos


y eres blanca y azul y extensa como


la tierra en la vendimia.


En ese territorio,


de tus pies a tu frente,


andando, andando, andando,


me pasaré la vida.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

No dia de Portugal, um pouco de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;



É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;



É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.



Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

terça-feira, 7 de junho de 2011

Às cinco da manhã, chuva e um primeiro teste

Ler jornais e perceber o cenário que a mídia oferece, não é a parte mais difícil. Afinal, o cotidiano de minha profissão me permitiu instrumentos para tal leitura. Agora, levantar em uma manhã como a desta terça-feira, de temperatura baixa, com uma chuva fina e gelada a chiar na janela, respingando sons que te pedem pra permanecer quentinho na cama... é um teste difícil. Haja café...

domingo, 5 de junho de 2011

Expectativas na semana fria

Frio, neblina e muito mais a reduzir a rota na semana nova

Expectativas enfileiradas. Meias de lã, ceroulas, mantas e gorros para cobrir a cabeça de poucos cabelos. A manhã é um desafio gelado nesta segunda-feira. Tudo precisa acontecer, projetos, contas a pagar, grana a receber, nada necessariamente na mesma ordem. Mas fundamentais para que o equilíbrio orçamentário, assegure um certo prazer para enfrentar a rotina diária e torne esse tudo mais ameno.

Aos meus filhos, desejo que - de hoje até sexta-feira - seus diplomas façam justiça ao esforço que lhes custou obter. Trabalho digno e bem remunerado já! Aliás, quero o mesmo a todos meus colegas jornalistas, que concorrem com tantos outros interesses e geralmente são lembrados, ou chamados na hora da crise, de apagar incêndios. Jornalistas não são bombeiros, são construtores do entendimento. Comunicam, ora!

Então, desejo a todos colegas que, nesta segunda-feira, sejam ouvidos para construir efetivas políticas de comunicação, caso sejam assessores. Aos repórteres ou editores, que não lhes pautem a serem maiores que as pautas, mas simplesmente verossímeis e éticos. Estará mais do que bom, não é?

Por último, que ao desejar uma boa semana a todos, não pareça repetitivo, mas profético, afinal, como escreveu Mário Quintana,

"Fere de leve a frase... E esquece... Nada

Convém que se repita...

Só em linguagem amorosa agrada

A mesma coisa cem mil vezes dita."

Bom dia, boa noite! (Otimistas ou realistas?)

Tem sol, estão vou acompanhar meu cachorro e pegar sol no pátio
São 10h, o frio está a me empurrar para dentro de casa, embora o sol seja convidativo a sair para lagartear. Acabei de ler um texto bonito e ótimo para reflexão do meu amigo,Flávio Dutra, sobre aqueles que vivem a saudar seus "bom-dia" "boa-noite" a todos através das rede sociais, como se nada de ruim acontecesse neste mundo de tantos perigosos. Eu recomendo.

Porque o dia está gelado. Mas tem um céu azul perfeito, um sol gostoso a aquecer, neste exato instante, meu cachorro vira-lata, que faz da pedra quente sua almofada, embora eu insista lhe oferecer panos quentes no canil. Vira-lata é assim. Habitou-se a pedra. E daí? E ainda me faz festa toda manhã, embora tenha comido a carne envenenada que gente muito má jogou no pátio e somente agora, se alimente direito. Ele me sempre me diz, bom dia!

É domingo, e toda rotina será sagrada. Como certa vez escreveu o mestre argentino Jorge Luiz Borges, “Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível.” Então bom dia a todos! Amigos das redes sociais, da padaria que me espera com pão quente, dos vizinhos que irão me relatar alguma fofoca cotidiana e dos personagens que pego emprestado nos livros de minha humilde, mas seleta biblioteca.