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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Meu Natal privê

Eu tenho minha própria e exclusiva comemoração de Natal. Desligo os loucos que dizem matar em nome de Deus, os loucos que condenam inocentes em nome de seu próprio benefício e também, os que se acomodam na loucura alheia. A festa cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo – deve ir muito além de um banquete ou de uma troca de presentes entre colegas, familiares e amigos.

Eu celebro a vida, a parceria e a busca de paz. É o dia em que me sinto nascendo para uma existência muito melhor. Sem choradeira, sem azia ou má digestão. Nem tento bancar o bom samaritano de última hora, buscando doar qualquer coisa, para qualquer um que esteja numa pior. Sempre que posso ajudo. A qualquer hora, qualquer dia.

O Natal é uma espécie de encontro com sentimentos muito profundos. Com familiares e amigos, muitos que já não estão neste plano, outros que simplesmente viajaram para muito longe ou tomaram rumos distantes e ficaram apenas na memória dessas horas passadas. Felizes! Não, eu não vivo em um mundo artificial. Cada memória rebusca coisas bem tristes, crises leves, crises graves, conflitos em casa, tensões externas.

Falta de dinheiro, trabalho, dificuldades nos estudos, problemas com filhos, saúde abalada. A vida nos aplica sustos. A felicidade é uma luz natalina que acende e apaga, mas sempre deixa certo encanto, uma luz a ser mantida com paciência e fé. Eu desisti de buscar o ponto ideal das coisas. Da estrada sem riscos aos amores imperfeitos, porque os perfeitos brotam mesmo é em vasos. E tem lá seu tempo de duração, determinado pela natureza.

Certa vez quase fiquei só com minha ceia. Era tanta crise familiar, tanta fofoca caseira, que temi passar mal com a energia ruim dos outros. Todos na verdade, defendiam seus pontos de vista e, contraditoriamente, bloqueavam a visão com rancor e intolerância. Não combina com a data.

Assim, decidi viver meu próprio momento. Sem dar atenção aos comerciais da televisão, ao Papai Noel – gordo e suado – dos shoppings, aos exageros dos que se dizem os melhores cristãos do mundo e condenam quem se preocupa apenas com presentes e comilança. Pensem pelo lado positivo. Pelo menos estes glutões consumistas, estarão juntos. E trocarão abraços à meia-noite. Um dia, quem sabe, aprenderão alguma lição sobre o verdadeiro sentido deste feriado.

Não conheço o calendário das festas religiosas dos muçulmanos, mas sei que o povo judeu celebra, também por este período, o Chanuká. Acho muito bonito o ritual das velas de chanukiá. Celebrar faz bem à alma. Aos ateus igualmente, a energia de um convívio feliz, que brinda o nascer da esperança também faz muito bem.

É esta energia que me move.

Às vezes, em dezembro, acordo sobressaltado. A vida passa em sonho como um filme só de cenas tristes. E pulo da cama, respiro fundo. Busco qualquer lâmpada onde não vá atrapalhar o sono de alguém e olho ao redor. Percebo que estou só, e a dor que me engole vem de dentro, não foi colocada à força por ninguém. Um copo d’água, alguns minutos de reflexão e pensamentos positivos dão aquele murro definitivo no baixo astral.

Meu Natal não é de fantasmas. É de gente viva que luta contra os maus exemplos, as mancadas. Acerta, erra, cai, levanta e assim vai. No meu caso, só quero uma noite para rir, homenagear o aniversariante e tentar ser tão pacifista como ele foi. É pedir demais?