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quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Velho Mundo encanta meu filho

“Pai, aqui tudo funciona. Não dá vontade de voltar para o Brasil”, exclama Tárik, em sua primeira semana de intercâmbio na Alemanha. Aos 14 anos, é um guri classe média, ou seja, vive com relativo conforto. Tanto que foi possível a viagem de estudos. Mas embora jovem, o que o impactou foi a exemplar organização européia. A sensação de segurança, a limpeza e a educação das pessoas. Tem gente ruim lá? É claro. Mas é muito mais difícil a maldade prosperar onde a lei é eficiente, a corrupção controlada e os impostos dos cidadãos muito bem aplicados.

Em visita a Áustria, Tárik foi entrevistado por uma rede de televisão e jornal local. Lá as emissoras comunitárias garantem audiência ao lidarem, efetivamente, com pautas de interesse local. Ele e seus colegas gaúchos, eram assunto novo para a comunidade. Depois disso, conheceu lugares bacanas. Passeou em praças sem riscos de ladrões, pedintes nas ruas. Fez amizade com um músico de rua que cantava uma música do Pink Floyd. Saudades ele já sente da família, dos amigos. Mas a sensação de que é possível viver com mais conforto, com mais confiança no futuro lhe divide o coração. É assim com qualquer brasileiro em visita ao exterior. Ao retornar Tárik aumentará as chances de transformar-se em um jovem cidadão mais exigente. 

De qualquer maneira, fica a dica a outros pais: incentivem os filhos a estes intercâmbios. Eu sei, muitas vezes tem um custo elevado. Mas vale o sacrifício. Cada centavo terá seu retorno em cultura e aprendizado. Quem investe em educação, tem menos chances de ver seu investimento cair nas mãos de picaretas no futuro. E de quebra, ainda pode ouvir o filho, falando diretamente do Primeiro Mundo, certo de que nem tudo é a miséria que o oprime nas bandas de cá. Melhor ainda, poderá escolher entre permanecer ou buscar novas experiências mundo afora. 

terça-feira, 22 de junho de 2010

A mansão dos ratos psicanalíticos

Era um antigo casarão. Típico das famílias uruguaias em décadas passadas de maior riqueza. O estilo clássico, o interior de peças amplas  e móveis de madeira maciça formavam um conjunto imponente e acolhedor. As portas imensas abriam-se para salas de jantar ou um gracioso jardim de inverno. Em outra extremidade, o escritório com paredes forradas em couro. Mais adiante, a biblioteca.Que espaço magnífico!

Os livros exploravam os limites do teto e da imaginação. Centenas de publicações organizadamente catalogadas. Romances, bibliografias, enciclopédias, dicionários e almanaques centenários. Milhares de palavras transformando as estantes em tesouros de conhecimento.  Estrategicamente disposta junto a janela, uma poltrona de veludo verde musgo convidava a leitura. Ela simplesmente não acreditava naquele momento perfeito. E mais impressionante ainda a casa fora comprada pelo marido. Porque o Uruguai? Talvez a identidade cultural com o pequeno e simpático país vizinho.

Fazia planos de pequenas alterações, onde colocar mais quadros e esculturas e, foi assim que percebeu uma estranha movimentação atrás de um móvel. Era um rato! Nem teve tempo de gritar, de repente outras tantas ratazanas surgiam entre frestas e cortinas. Deveria haver dezenas deles. Tão habituados estavam com a casa que sequer fugiam das pessoas. Assustada passou a calcular em quanto deveria gastar em venenos para liquidar com os aqueles detestáveis inquilinos.

Resmungava que era sempre assim, tudo em sua vida sempre exigia mais trabalho. Não conseguia concentrar-se em nada mais. Nem no marido, nem nos móveis e detalhes, mas apenas nos roedores que surgiam de todos os cantos. Assustada correu em direção a porta quando um som estridente, muito alto, a acordou.

Eram 6h30min de sábado! Era um sonho muito vivo, rico em detalhes. Tudo parecera real demais. Existiria aquela residência, em alguma discreta cidade do interior uruguaio? O marido, é claro, ironizou, ao afirmar que até em sonhos presenteava coisas lindas que, no fundo, carregavam problemas que ela, por natureza, se via obrigada a corrigir. Evitou uma avaliação psicanalítica do sonho. Os ratos saindo de porões e armários. Preferiu a avaliação de uma amiga de que ratos, por proliferarem-se rapidamente deveriam significar dinheiro. E a tal casa, quem sabe não seria aqui mesmo no Brasil, em uma cidade menor, onde ambos pudessem alternar em períodos com o apartamento na cidade? Estavam próximos de uma aposentadoria.

A noite, voltou a dormir e desta vez não sonhou com casas ou ratos. O marido não pregou o olho. Será que tudo que fazia no relacionamento era carregado de bichos nojentos como os tais ratos do sonho? Ela seria a faxineira dos projetos que tentavam dividir? Quem sabe por isso estaria extenuada e distante. A proposta de uma vida saudável a dois ficaria como? Deprimido, somente dormiu após algumas taças de vinho.

Sonhou que viajava em um ônibus novo e da janela avistava um imenso e ensolarado deserto. Olhou para trás e percebeu centenas de ratazanas mortos na estrada. Acordou suando. A boca seca exigia água. Tomou uma ducha bem quente e ligou a televisão onde uma antiga comédia romântica embalou um sono sem sonhos. Quem sabe, enquanto antigas culpas tentavam inutilmente ocultar os bichos escrotos do cotidiano.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

No dia mais curto do ano, a maior goleada da Copa

O sol nasceu às 8h24min e vai se por às 4h29min. É o inverno que inicia. Talvez por isso, meus patrícios lusitanos aceleraram o ritmo e massacraram a seleção da Coréia do Norte, por 7 a 0. Enquanto isso nós, brasileiros, vamos nos contentando com o índice de maior goleada de desaforos da história. Dunga continua batendo de goleada nos jornalistas - esses malas - e treinando jogadas secretas com mãos e antebraço. Até Kaká perdeu o controle!  Hoje, o dia será curto para tentar inverter a situação. Mas espero que até sexta-feira, quando enfrentaremos Portugal, tenhamos menos voleibol e mais bola no chão. 

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre José Saramago

O escritor português e Prêmio Nobel, José Saramago morreu às 12h30 - horário local, (9h de Brasília) desta sexta-feira (18), aos 87 anos, na sua residência na localidade de Tías, nas Ilhas Canárias, na Espanha.

Saramago, que não era Saramago

SARAMAGO, José. As pequenas memórias. São Paulo:Companhia das Letras, 2006. p. 43-44.

"Contei noutro lugar como e porquê me chamo Saramago. Que esse Saramago não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. Que indo meu pai a declarar no Registro Civil da Golegã o nascimento do seu segundo filho, sucedeu que o funcionário (chamava-se ele Silvino) estava bêbado (por despeito, disso o acusaria sempre meu pai), e que, sob os efeitos do álcool e sem que ninguém tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu, por sua conta e risco, acrescentar Saramago ao lacónico José de Sousa que meu pai pretendia que eu fosse. E que, desta maneira, finalmente, graças a uma intervenção por todas as mostras divina, refiro-me, claro está, a Baco, deus do vinho e daqueles que se excedem a bebê-lo, não precisei de inventar um pseudónimo para, futuro havendo, assinar os meus livros. Sorte, grande sorte minha, foi não ter nascido em qualquer das famílias da Azinhaga que, naquele tempo e por muitos anos mais, tiveram de arrastar as obscenas alcunhas de Pichatada, Curroto e Caralhana. Entrei na vida marcado com este apelido de Saramago sem que a família o suspeitasse, e foi só aos sete anos, quando, para me matricular na instrução primária, foi necessário apresentar certidão de nascimento, que a verdade saiu nua do poço burocrático, com grande indignação de meu pai, a quem, desde que se tinha mudado para Lisboa, a alcunha desgostava. Mas o pior de tudo foi quando, chamando-se ele unicamente José de Sousa, como ver se podia nos seus papéis, a Lei, severa, desconfiada, quis saber por que bulas tinha ele então um filho cujo nome completo era Jose de Sousa Saramago. Assim intimado, e para que tudo ficasse no próprio, no são e no honesto, meu pai não teve outro remédio que proceder a uma nova inscrição do seu nome, passando a chamar-se, ele também, José de Sousa Saramago. Suponho que deverá ter sido este o único caso, na história da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai. Não nos serviu de muito, nem a nós nem a ela, porque meu pai, firme nas suas antipatias, sempre quis e conseguiu que o tratassem unicamente de Sousa."

Nico e seu amado Au-Au, na praça da Encol

No instantâneo, momento de descontração e lazer do amante das artes, figura badaladíssima em feiras de antiquários de Porto Alegre (e naturalmente um poeta parnasiano), Nico Jasper Jr (prununcia-se iaspâr diúnior, plebe ignara!) passeia com seu anilmalzinho de estimação, Fiuk, no green da praça dos chiques, Encol.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Passen Sie gut auf meinen Sohn

"Nesta quarta-feira, dia 16 de junho, os alunos da F8E Bilíngue, da Unidade Higienópolis, acompanhados das professoras Paula Paetzhold e Mariângela Dutra Bier, embarcaram para a 33ª edição da Viagem de Estudos à Alemanha (33ª VIESA). O retorno dos alunos será no dia 31 de julho, às 9h40min." Nota publicada no site da escola Pastor Dohms.

No título publicado aí em cima deve estar escrito, "cuide bem do meu filho". É a minha mensagem à Alemanha que recebe, no final da tarde desta quinta-feira (17), o rebento do Ari e da Dulcinéa, sem modéstia, pais exemplares em dedicação e amor. Estamos tranquilos. A despedida no aeroporto Salgado Filho foi bonita. Eu, a Dulci e o Alberto e os manos orgulhosos Tiago e Lísia. A gurizada embarcou feliz, carregando mochilas e malas cheias de expectativas, ansiedade e recomendações caseiras.

Estes meninos e meninas são alunos do Pastor Dohms. Escola fantástica, um segundo lar para meu filho, com certeza. Ele saberá como se virar. É um desafio, uma experiência densa e inesquecível vivida no auge da adolescência.

É bonito ver um filho sair assim para o Mundo. Encontrar uma outra família. Pessoas com outros costumes, mas dispostos a receber jovens intercambistas. Vai dar tudo certo, eu sei. Rompida a primeira barreira do idioma - o susto de lembrar a palavra certa -, viverão um período de constante aprendizado. Entender e respeitar as diferenças - vai além da prática de um idioma.  Conhecer um país que enfrentou a dor da guerra e recuperou sua unidade, vale a pena. É um exemplo bonito de prosperidade e união.

Quem sabe em algum momento de sua estada, Tarik não sentirá que ainda carrega o espírito de seus antepassados? Tanto em minha família, quando na de sua mãe, existem bisavós e tataravós germânicos. Hoje é um típico brasileiro miscigenado. Tem em seu sangue o alemão, o português, uma pitada de francês e quem sabe, um toque do índio sul-americano.

Sempre tentei criar meus filhos com a alma de um cidadão do mundo. O tipo que ama sua terra de origem, mas igualmente sente-se em casa em qualquer outro lugar que o receba bem, neste imenso planeta. Quero ver o Tárik retornando feliz e realizado, com dezenas de histórias para contar. Com o agenda cheia de novos amigos que lhe abrirão outras portas. E que um dia poderão visitá-lo aqui, no extremo sul do Brasil.

Está plantada a semente para novas e frutíferas possibilidades. Aproveita bem, meu filho.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dunga e os escriturários de chuteiras venceram. Cadê os craques?

Antes do jogo eu falei em grossura. Nem isso tivemos. Os norte-coreanos fizeram a sua parte, ou quase, porque se eu fosse o ditador deles já ficava achando que haviam feito corpo mole contra os guris do escritório do Dunga. O jogo foi tão excitante que as minhas colegas estavam mais preocupadas com a capa que o treinador brasileiro vestia. E o jogo? Deixa prá lá!

Dunga, a grossura e a alegria de vencer um ditador

Eu não vou muito com o estilo Dunga. É grosso, um cara complicado, ou tão descomplicado que ao tornar tudo  relativo, complica o entendimento dos outros que  gostariam de mais efeitos visuais, mais arte. Quem sabe? 

Ele briga com a imprensa, e eu como jornalista, sei de muitos colegas grossos e arrogantes. Simplificam tudo feito o Dunga. Consideram-se o Centro do Universo, ases da informação exata. Gente chata.

Da mesma forma, não posso torcer contra o time de meu País, especialmente quando o adversário é uma seleção de soldados orientais, vítimas de um ditador – outro grosso – metido a dono da verdade. É muito pior!
Têm o exército a seu favor.

Quero arrassar o futebol vacilante dos coreanos do Norte! Fazer o ditador sofrer. Porque até nossos grossos, nossos mal-humorados precisam ser melhores do que os outros.

E tenho postado! 

domingo, 13 de junho de 2010

Amar ainda é tudo

O verdadeiro Dia dos Namorados seria 14 de Fevereiro em homenagem ao bispo Valentim que, contrariando as determinações do Imperador romano Claudio II, o Gótico, promovia cerimônias de casamentos às escondidas. Explico: o soberano Claudio acreditava que os solteiros eram melhores soldados e assim, em tempos de expansão imperial, vedava a união estável entre jovens apaixonados. No Brasil, o 12 de junho surgiu em função de um vazio entre as datas importantes para o comércio.

Não me venham com lero de Santo Antônio, que este simpático santo, não era o casamenteiro que pintam. Os lojistas queriam vender nos difíceis anos 50, quando o consumo era muito menor. As datas de boas vendas haviam passado - Natal e Páscoa. Criaram então, a oportunista celebração do amor romântico. E hoje em dia, haja cartão de crédito e outras alternativas para se escolher um presente para o seu amor. Esqueceu? Dançou!

Estar envolvido com alguém não é nada disso. E tão profundo e complexo que até hoje não temos respostas definitivas. As pessoas se divorciam dizendo que nunca mais e pimba! Retomam o calendário da paixão uma, duas enfim, quantas vezes acharem necessário, em busca daquele "viveram felizes para sempre!" Amar faz bem, amar faz mal, sei lá. Amar é um imenso deserto. Quem vive sob seus domínios enfrenta o sol escaldante, as tempestades de areia e o frio das longas noites solitárias até merecer o oásis do bem viver a dois.

O amante prevenido guarda no coração o beijo que sacia a fome da paixão e tatua em sua pele o cheiro, as mãos nervosas que cumprem o percurso do prazer. E transforma os sussurros em música, em hino de uma pátria a ser conquistada a cada novo dia. E assim, com corpo e alma consagrados a um sentimento único, retomam a jornada. É, a vida faz do amor, uma eterna caminhada por estas areias escaldantes.

Tem o vendaval do dia-a-dia, o bafo morno da rotina, a sacudida das crises, das pequenas traições, das juras secretas que transformaram-se em eco diante de um abismo de rancor e crediários. “Quantas vezes amor me tens ferido! Quantas vezes razão, me tens curado!” escreveu Bocage. “É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim, que faz eu pensar em você, esquecer de mim”, constatou Zezé de Camargo.

Sim, não pode existir egoísmo entre namorados. Quem um dia vestiu sua fantasia mais íntima para agradar aquele que deseja transforma-se em: “Fogo que se arde sem ver". E no ardor do sentimento, seja uma relação nova, ou antiga, o verdadeiro amor é assim como a "ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer”, conforme descreveu o português Luiz de Camões (celebrado nesta semana que passou).

Canções e poemas de amor inundam a nossa vida. Muitas vezes dizemos que os tempos difíceis estão acabando com o romantismo. Mas a seu jeito, cada casal tem seu código secreto, sua missão a dois a ser cumprido em um ritmo que devem aprender a dois. É a parte mais dífícil, mas também, pode e deve ser a mais deliciosa.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sem medo das sombras vivas

Eram quase 9h da noite e um menino franzino, com idade próxima aos sete anos brincava com uma latinha de refrigerante na calçada da avenida Júlio de Castilhos, em Porto Alegre. De repente dois grandões aproximam-se e arrancam-lhe a lata. Um joga o guri no colo do outro e quando o solta, já o deixa sem o abrigo com capuz que o cobria.

O guri foge, desvia-se de chutes e pontapés. Atravessa a avenida igual a malabarista entre os carros, Escapa da morte uma, duas, três vezes. Da janela de uma lotação, Mariana observa, chocada, a forma como tudo aconteceu. E pensa: “Em casa meu filho tem medo do escuro. Ali, foi justamente em um canto escuro, no vão de um edifício, na rua fria e úmida, que aquele menino refugiou-se”.

Isso aconteceu nos primeiros dias de frio e Mariana passou a observar melhor a infância atirada às ruas. Filhos nascidos no acaso, ou então de famílias onde o desemprego tira as crianças da escola, do carinho que não tem em casa. Vivem nas esquinas, vendem balas, limpam vidros e alimentam-se de drogas. Um dia, desaparecem. Anjos sem luz.

 “Quem dera o perigo maior fossem os monstros que sua imaginação infantil cria. Mas as sombras ganham formas. Tem identidade e garras enormes", percebe. Mariana não aceita mais ser apenas observadora desta cena. Quer contribuir de alguma forma. Sem medo de errar, a encaminhei para um clube de serviços, tipo Rotary. Sentir-se mal, reclamar dos governantes não mudará nada. Será mais uma no coro dos descontentes. Buscar parcerias, entidades públicas e privadas significa a verdadeira mudança.

Aliás, muita gente olha com preconceito o abnegado trabalho de organizações como Rotary e outras ONGs. Eu sou rotariano. Tenho orgulho da atuação discreta, mas efetiva na comunidade onde vivo. Através de meu clube, por exemplo, lideramos e organizamos eventos importantes que ajudam a reduzir desigualdades sociais. O Banco de Alimentos adotado pela Fiergs, no Rio Grande do Sul, começou no Rotary. Por exemplo.

Quando olho a infância perdida nas ruas das cidades onde circulo, não sofro o remorço e culpa da omissão. Afinal, de alguma maneira, tenho me doado para o servir. E  a sensação que permanece é gratificante. Acompanhar os jovens que apoiamos, em busca da realização através de intercâmbios mundo afora, ou ainda na primeira infância, recebendo material de ensino em escolas e creches, nos premia com a sensação viva - real - de que um dia, nenhum deles sofrerá o medo das frias sombras vivas das ruas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Giba Jasper é 50tão!


No dia sete de junho de 1960, nascia Gilberto Jasper Jr. A década da rebeldia, da libertação também engatinhava. Ano em que Brasília se tornava a capital do Brasil e, a partir de Liverpool, iniciava-se a “british invasion” no rock’n’roll mundial. No mesmo período, mas lá no coração do Vale do Taquari, a partir de Arroio do Meio, o pequeno Nico – assim era conhecido entre familiares e amigos – tornava-se lider da revolução em direção à quase metrópole - Porto Alegre, of course.

Filho de empresário de sucesso, ligado ao setor de refrigerantes, não ouviu os apelos familiares e fez seu voto de pobreza ao decidir-se pelo jornalismo! Tampouco aceitou a proposta do pai e da mãe que lhe comprariam um jornal na região – quem sabe um diário tipo o alemão Bild, de Hamburgo. Nunca! Foi à luta, trabalhando aqui e ali, passou por veículos de comunicação importantes da região até chegar a Zero Hora.

Hoje é um bem sucedido assessor de imprensa. Fui conferir as características do signo do amigo Giba – Gêmeos – e percebi que tem tudo a ver: Os nascidos neste período,  são pessoas  “adaptáveis, observadoras, comunicativas, charmosas, de reações rápidas e brilhantes, de boa vontade, ecléticas, versáteis, sociáveis, divertidas e simpáticas, talentosas em diversas direções, de espírito ágil.”

O site  http://www.astrologiareal.com.br/  revela essa personalidade espontânea e bem falante. “São capazes de improvisar, e o fazem com brilho e agudeza. Seus estados de ânimo são voláteis, e por isso não se pode saber como é que estarão no momento seguinte. Assim, a flexibilidade pode tornar-se obstinação em dois tempos.”

Esse é o Giba Nico Jasper Jr que todos nós conhecemos. Um cara sério, responsável até demais, mas um grande parceiro para todas as horas. É aquele que me lembra as datas importantes e está sempre pronto para um conselho, uma dica oportuna. Um torpedo de grande pontaria, a qualquer hora. Profissionalmente já atuou ao lado de secretários de Estado, empresários bem sucedidos, redações de jornais, parlamentares estaduais e federais, além de governadores de Estado. Atua na comunicação do Tribunal de Justiça. Lá, mais uma vez, reafirma as suas maiores virtudes como profissional.

Tenho orgulho de estar incluído em sua reserva especial de amigos. E guardo comigo o sonho de um dia estarmos juntos, em uma consultoria de comunicação. A experiência e capacidade profissional deste grande cara, somada a seu coração de super-pai, garantiriam o sucesso de qualquer empreendimento.

O Giba é um cara família. Alemão disciplinado e disciplinador por natureza, é o ídolo da Laura e do Henrique. Está casado com dona Carmen Jasper. Juntos formam uma dupla fantástica, parceiros mesmo quando as nuvens se tornam cinzas e carregadas de trovões. O tempo os torna mais fortes e unidos.

Parabéns Gilberto Jasper Jr. Estamos todos muito orgulhosos por merecermos tua amizade. O clube dos 50tões também é assim, democrático e unido para te socorrer nos momentos dos uis e ais cinquentenários.   

Só os medíocres são felizes às segundas

Sabe quando começa a dar aquele arrepio nos domingos à tarde? A sensação de que uma má notícia vem chegando, uma indisposição que não tem nada a ver com a macarronada na casa de familiares, ou do churrasco tradicional. É uma névoa que invade os parques, torna os adultos mais sensíveis e as crianças ansiosas. Pode estar frio, tarde ensolarada e o mate na temperatura ideal. Aquele sentimento de que o universo conspira contra as pessoas de bem nos deixa em alerta antidepressivo. Nem é porque morreram muitos no trânsito - isso virou rotina -  ou em função dos engarrafamentos. Todos sempre saem na mesma hora, com as mesmas manias, a mesma pressa e a mesma certeza de que nada vai mudar.

Duro é saber que apesar de todo o esforço, de toda a disposição em carregar o piano da melhor maneira, haverá sempre um idiota com palavras doentes a te pressionar, a empurrar para baixo. Por mais que você some dois mais dois igual a quatro, terá um sabido encastelado em sua cultura limitada a te dar alguma espetada e gritando, solene, com ar superior: "Você não aprendeu que 2 e 2 é igual a 5?" É nas segundas-feiras que temos a mais absoluta certeza de que a felicidade terrena pertence aos medíocres, aos sociopatas, puxa-sacos que se alimentam de uma desprezível arrogância. Aliás, onde andam os arrogantes de fundamento? Aqueles que aos menos tinham algum talento?

As notícias no rádio nos alertam, com certezas instantâneas. Ouvintes exibicionistas, repórteres despreparados trocam torpedos e se auto-elogiam. Somos o que resta a partir disso. Somos o que escolhemos e determinamos. Sim, em algum momento de nosso passado, nos achamos muito melhor do que a média e matamos a aula que ensinaria a agir sob constante turbulência. Temos culpa sim. Lembram nossos chiliques a cada pequena crise? A insegurança, o medo de mostrar a cara? Foi desta maneira que deixamos o bumbum à mostra. E aí...

O jogo não está perdido, eu sei. As chances de reagir estão aí. Trabalhemos para as segundas-feiras onde a angústia será basicamente a de saber qual roupa vestir e como nos comportaremos diante dos chatos e dos que se tivessem caratér, esse seria mau (frase do Giba Jasper). Está na hora de deixar essa gente na mão. E nos prepararmos para as segundas, terças, quartas, quintas e sextas da realização pessoal. Aí, a coisa mudará um pouco. Não muito, porque o cordão dos bajuladores e líderes de proveta é imenso. mas mantê-los a distância - ou pelo menos sob controle,  já será um ponto a mais no caminho das segundas-feiras menos sofridas. 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

VIVA O FERIADO PREGUIÇA!

Quinta-feira nós folgaremos. Eu falo da maioria que não estará de plantão ou trabalha no setor de entretenimento. Esses passarão o dia envolvidos com turistas, cinéfilos e outros tantos que buscam diversão. O feriado deles é em outro momento. E será tão preveitoso quanto o nosso. Ou melhor. Tenho amigos que já estão de malas prontas para subir a Serra. A região das Hortênsias com seus programas muito caros e paisagens deslumbrantes é uma pedida. É tudo muito bem organizado. Gramado, Canela, Nova Petrópolis parecem cenários em 3D de filmes de Hollywood. Às vezes a comida - vendida como típica - é igual a comida de filme. Visual dez, sabor zero! Só o preço, é claro, é verdadeiramente caro!

Mas tem gente - e me incluo nesse grupo - que permanecerá em casa. Vamos organizar o que nunca está totalmente organizado. Acabaremos, vencidos pelos estresse, dormindo no sofá logo após o almoço e postergando a tal arrumação para outro feriado. Duvidam?

A vida poderia ter mais momentos assim. Tem gente que critica feriados. Mas quem disse que somos obrigados à trabalhos forçados? Turnos cruéis que ultrapassam oito horas diárias, sofrendo às vezes, humilhações, salários reduzidos. No primeiro mundo que tanto nos espelhamos, se trabalha muito menos.

Viva o feriado preguiça! Aquele onde automóveis circulam sem matar ninguém. Desde o início do ano, já morreram quase 700 pessoas no trânsito. A maioria não deu folga a ansiedade. Um brinde a um programa diferente. Só amanhã nada de tevê. Nem jornal do almoço, nem balanço. Notícias mornas e crimes rotineiros, me dêem licença. Estarei no feriado-preguiça. Sugiro concluirem aquele livro bacana que nunca sai da mesma página. Está lá, mofando na estante. Ler é viajar sem sair da poltrona.

Um parceiro me diz que receberá colegas do trabalho para um churrasco no sítio. É outro que optou por morar na zona rural da Grande Porto Alegre. Está mais distante dos teatros, confortos modernos. Mas é bom viver longe da guerra civil urbana. Receber amigos é remédio para a alma. Quando a turma volta para suas casas, ficamos com uma saudade instantânea. Trocar energias, aliviar tensões.

Então, um dia de folga não é sinônimo de tempo perdido. Na verdade são horas que recuperamos. A parada revigora. Sentaremos em volta de alguma mesa para curtir um prato especial, a sobremesa infalível de uma tia querida ou, o assado com tempero secreto da avó. Em feriado até piada velha tem graça.

Sexta-feira é o pit stop para reabastecer os compromissos. Mas nada muito grave não. No sábado tem mais. A mulher macia e absolutamente linda que não cruzou diante de quem necessitava, pode estar se preparando na estética para arrasar no sábado à noite. O cara charmoso a espera de uma solteira conformada também sairá do futebol com a turma, à tarde, voltará para casa de depois de relaxar um pouco,  circulará pela noite de expectativas. Nem falo de encontros em bares de solteiro. Mas na cafeteria, ou diante de um vitrina no shopping. 

A vida é assim mesmo. Sob hipótese alguma, podemos nos deixar por atitudes depressivas. Tem alguém louco de vontade para bater à porta. Faltou a correta conjunção de astros, a taça de vinho encorajadora. Quem sabe não seria melhor um coquetel sem álcool? Refrescar sem tirar a razão de quem, de cara limpa, busca a felicidade. Dessa vez a coisa muda!

É isso que dá mais prazer. A expectativa preliminar. Nesta quinta-feira, quem sabe?