Pesquisar este blog

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Se tudo começa em março. Feliz Ano Novo!


Nem havia iniciado o ano e vieram me alertar a vestir a cor do astro regente de 2009. Seriam 365 dias excelentes para mudanças e projetos de vida, desde que baseados no amor. Li todas as dicas, anotei minhas dez mais importantes determinações para os próximos doze meses. Não saltei as sete ondas porque o mar estava longe, mas encomendei pulinhos extras aos amigos que estavam no litoral. Comi lentilha fervendo, apesar do calor. Suando, vi um futuro maravilhoso inchar feito aqueles grãos cozidos.

Sim, agora que estamos chegando ao mês de março posso prever convicto: as coisas não serão mais cruéis do que foram neste ano passado. Lembram dos últimos dias de 2008? Milhares de retrospectivas nos fizeram chorar com tragédias horríveis, atos impunes de corrupção. Deixaram uma grande interrogação. Faça uma retrospectiva destes dois meses iniciais e grite: Para onde vamos afinal? Ora, cada fazendo a sua parte, já muda um pouco a caminhada. Acreditar na possibilidade individual de mudança, de cumprir metas e dar a volta por cima não significa egocentrismo.



E tudo começa agora, em março!

Abrir espaço na agenda para cuidar de coisas pessoais, íntimas e muitas vezes mal resolvidas, previne dramas domésticos. Dê atenção a si, olhe pelo menos uma vez por mês para o próprio umbigo. Se não conseguir, está na hora de uma boa dieta ou de um psicanalista. Feita a digestão das lentilha, passada a ressaca do espumante e com a vantagem de estar em março, sejamos guerreiros de nossas próprias boas causas. O cara bonzinho, preocupado em não magoar ninguém, politicamente correto deve chutar o bom mocismo na virada de ano.



Em 2009, aproveite todas possibilidade astrológicas. É claro, nada de zarpar em fuga, rumo ao desconhecido estelar. De pés no chão, mas com o espírito renovado pela fé, podemos evitar os cartões de crédito e seus juros extraterrestres. Olha a crise! Ter pés no chão nos livrará de cometer o desatino de um final de semana romântico na Serra e depois quase morrer de angústia porque faltou grana e os juros do cheque especial tornarão o outuno e inverno ainda mais frios e melancólicos. Planejar é tudo! Depois não adianta que o mundo cruel não perdoa!



Deixemos também de lado falsos amigos que nos condenam, às vezes, a projetos medíocres baseados em suas próprias vidas sem brilho. Então, a partir deste março, 2009, sejamos egoístas. Negaremos presentes que não pudermos pagar, ou fantasias que não conseguirmos vestir. Carnaval é uma coisa - já passou. A vida real é outra. E pode ser muito bonita, ter instantes mágicos, se acreditarmos que além de energia astral, existe a nossa.


E por favor, neste terceiro mês de 2009, em pleno século 21, aprendamos a fugir de amores que vendem os mesmo sonhos que nunca funcionaram em relações anteriores. Porque deveriam dar certo conosco? Os que me olham a distância podem achar que estou agindo sob a influência de Marte, com leitos de rios secos, uma imensa geleira e montanhas solitárias. Mas aos que se aproximarem perceberão que o equilíbrio que somente o conhecer-se a si próprio permite.



Serei alguém disposto a gerar energia positiva, a irradiar calor e afeto em troca dos mesmos sentimentos, a partir da própria essência. Toda mudança, começa soluciando as crises interiores. E março pode ser o princípio. Aproveitemos!


Azar se me chamarem de mesquinho.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Antes da folia, rasgue a fantasia


Semana passada pensei em escrever denunciando os possíveis abusos sofridos pela pernambucana Paula Oliveira na Suíça, país que tem lá seus problemas xenófobos e trata com severidade imigrantes ilegais. Botei o cavanhaque de molho e esperei passar o período do carnaval. Afinal, a polícia suíça afirmava ser controverso e fantasioso o depoimento da brasileira.

Agora leio que o jornal local Weltwoche publica que a moça estaria desistindo da denúncia de agressão por skinheads nos arredores de Zurique. Confessara que o suposto ataque não passaria de uma farsa. Ela nunca estivera grávida de gêmeos e teria apresentado um ultrassom falso, disponível para qualquer um na internet. A rede de TV Telezurich reiterou a história. Que vergonha!

Ainda segundo a imprensa, Paulo já teria assinado uma confissão. De acordo com o jornal, a polícia especula que o objetivo de moça seria processar o Estado para obter uma indenização que poderia chegar a R$ 200 mil. O governo suíço, sabendo da existência de grupos radicais racistas, criou uma alternativa para atenuar a dor moral das vítimas. Quem sabe, Paula até então tida como uma estrangeira muito competente em suas atividades profissionais naquele rico país - muito bem empregada -, decidiu dar uma “jeitinho à brasileira” ?

Antes mesmo do carnaval, rasgou a fantasia e revelou um tamanho desequilíbrio ético que se confirmado, a levará a cadeia, ou deportação. Sei lá, vá entender esse tipo de gente que complica a vida quando esta se aproximada da realização. Enquanto isso, turistas estrangeiros que chegaram ao Rio esperando o brilho do carnaval na Sapucaí, acabaram roubados no próprio hotel, em Copacabana. E o samba-enredo virou marcha fúnebre.

O desfile antecipado dos Acadêmicos Embrutecidos da Falta de Limites e Civilidade botou mais gente no bloco das vítimas. Voltarão a seus países de origem horrizados com a impunidade, com a naturalidade criminosa que assume o poder e eterniza-se. E não precisaram inventar uma tragédia, porque o Rio convive com a violência de forma tão natural quanto um samba-enredo.

Quem sabe, não rasgamos a fantasia? Porta-bandeiras de uma grande reação nacional em nome do respeito ao próximo. Crise? Enquanto o presidente norte-americano Obama calcula o custo financeiro da irresponsabilidade dos que levaram seu país a bancarrota financeira, aqui lutamos desesperadamente para nos impor em quesitos morais e éticos.

As comunidades nos morros, nas vilas que se formam ao redor das cidades, sofocam quem tenta andar na linha mais pela ausência de amor próprio e consequente amor ao próximo, do que pela falta de bens materiais. Olha gente, pular no carnaval? Só se for de raiva!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Voltar das férias em versão digital


Acabaram-se as férias. E o que eu gostaria mesmo seria retornar em Alta Definição, como um produto chique digital de última geração. Infelizmente para repaginar a aparência sai caro, para mudar o exterior, também. Alguns retornam da folga com algum bronzeado, outros com a mesma pálida sensação de que ainda foi pouco. Outros ainda, sentem saudades da rotina. Quem disse que trabalhar deve ser um sacrifício?

Quando falo sobre mudanças me refiro ao extra que buscamos diante de tantas ações repetidas, tantas falas que perdem o nexo com o tempo e deixamos escapar. Seguidamente volto das férias com a sensação de algo que faltou concluir. O livro que eu jurara ler ficou nas páginas iniciais, as caminhadas previstas ficaram na vontade, tampouco visitei todos amigos que deveria, ou assisti aos filmes que planejara. Pior, aquela nova prainha em algum lugar distante de turistas gritões ficou mais escondida e impossível ainda.

Permaneci mais tempo que deveria em casa, mesmo assim aquela faxina na estante ficou para uma próxima folga, a coleção antiga de gibis continuará mofando super-heróis e aquela visita a prefeitura para regularizar aquele terreno comprado no impulso ainda nos anos 70 ficará certamente para outro dia de folga. Olho no espelho e percebo gramas desnecessárias nas bochechas. Nas férias só não esqueci de comer e beber em excesso. Precisarei dosar exercícios, chás e muito equilíbrio nos próximos dias.


Meus filhos ligam do litoral, dando graças ao sol que finalmente venceu no litoral gaúcho. E fico feliz por esses milhares de gaúchos que deverão estar retornando ao final da temporada. De alguma forma, 2009 vai engrenar mesmo a partir de março. Como sempre. Tem carnaval, quarta-feira de cinzas e neste período ficarei recolhido em casa. Poderei aproveitar para concluir o livro que estou lendo, assistir a mais DVDs e cuidar desta aparência nada digital, nada High Definition.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Croquetes de areia em mar de chocolate


Solidários, milhares de gaúchos enviaram tantas doações para o povo catarinense que o governo do estado vizinho chegou a pedir que parassem, pois já não tinha mais onde estocar tanto material. Eu, cá entre nós, acredito que a gauchada no fundo de seus corações queria apressar a reconstrução de cidades importantes para um veraneio com direito a mar quente, azul e areias brancas. O roteiro pode incluir ainda cidades como Blumenau onde se compra - a preço de fábrica - roupas de grife além de produtos excelentes de cama e banho.

Mas todo apoio ao vizinho estado, não aplacou a natureza que, embora em menor intensidade, insistiu com mais chuva, atrapalhando a reconstrução de casas e rodovias. Ressabiados, muitos se conformaram com a linha reta e ventosa que chamamos de litoral gaúcho. Afinal, a mesma natureza tão brusca, já vinha proporcionando águas mornas, claras e dias de pouco vento em anos passados. Só que neste ano, especificamente, tudo voltou ao que sempre foi. Dias chuvosos, correntes marinhas que devolvem à orla, barrentas ondas tipo “chocolate”. O vento ajuda na formação de estranhos corpos, untados até a medula de cremes hidratantes, óleos regeneradores e filtros solares que fixam quase definitivamente, a fina areia que o “nordestão” – ei-lo de volta - sopra.

Croquetes de areia de todos tamanhos e cores tentam segurar guarda-sóis, tomar caipirinha, comer milho verde ou falar, sem encher a boca dos minúsculos, pegajosos, insuportáveis grãos de areia. O negócio é voltar para a casa alugada a preço de Cancun ou Miami Beach. Churrascão é a pedida? Carreiteiro? Saladas? Seja o que for é preciso mais um teste de resistência: as filas do açougue, da padaria, do supermercado, do restaurante e outras tantas filas.

Isso desanima o veranista gaúcho? Quem toma chimarrão fervente à beira-mar, não desiste nunca! Todas as sextas-feiras, assistimos ao desfile que transforma as rodovias que nos ligam ao litoral em uma infinita procissão dos que se fantasiam de veranistas e, em uma prova indiscutível de fé buscam por aquilo que acontece eventualmente: mar limpo, areia branca firme no solo e vento zero.

Torço para que dê tudo certo neste final de semana. São muitas horas no carro ou no ônibus, muitos pedágios, muitos argentinos nos ultrapassando iguais a pilotos de auto-choque. Desejo um regresso no final do domingo, ou madrugada de segunda-feira, com as gurias deliciosamente bronzeadas e os guris satisfeitos por visões menos esquisitas do que aqueles terríveis croquetes de fio dental.

Vai dar certo, estou com um daqueles pressentimentos tipo brisa marinha. Quero ser cobrado na semana que vem se estiver errado. Infelizmente não poderei conferir pessoalmente no litoral. Ficarei por aqui. Alguém precisa manter acesas as velas para todos os santos.