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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Votar é preciso!

Na semana passada, por pouco não ultrapassei o acesso da Rodovia do Parque, no sentido Vale dos Sinos a Porto Alegre. É claro que assim como todo mundo, saí esbravejando c0ntra a falta de sinalização. Afinal do que adianta o mega asfalto se não nos orientam como acessá-lo? Foi aí que minha esposa apontou a imensa placa, com seta e velocidade limite indicadas. Tudo perfeito, não fosse a pichação com riscos, palavras obscenas e desconexas que a encobriam totalmente. Este é apenas um detalhe no grande circo que tantas vezes se arma em nosso país. Todos contra o universo político e administrações públicas. E a contribuição de cada um para melhorar o que está ruim.

Com certeza não foi um parlamentar sem noção quem destruiu a sinalização. Talvez tenha sido um sujeito que a toda hora, critica os políticos. É fácil reclamar da corrupção, dos desmandos, dos candidatos despreparados e da falta de ação nas esferas governamentais. Queremos estudo, queremos leis, queremos mais! Queremos que se cumpram as leis! Queremos tudo, enfim, mas não nos autorizamos a cuidar nosso próprio rabo preso a uma placa destruída de trânsito.

Vejo militantes de todas as áreas, muitas vezes, constrangidos ao entregarem panfletos. Divulgar as propostas de seus candidatos é quase um pecado na guerra santa que desmerece, indiscriminadamente, o esforço de tantos nas cidades, estados e nação. Serão todos assim? Não simplifiquemos, não anulemos votos em nome de um protesto que, a meu ver, é uma promissória em favor dos que lucram com a miséria, com a ignorância, com a própria falta de seriedade de alguns maus políticos.

Talvez as pessoas queiram soluções encantadas, anjos celestiais e trombeteiros divinos. Reclamam das propostas, da mesmice apresentada em ralos minutos nos meios de comunicação. Querem originalidade, mas em seus cotidianos, o que fazem para tornar a vida melhor, menos repetitiva? Quando são chamados na escola porque o filho aprontou, por exemplo, desabam em ira contra os mestres, na defesa irracional dos rebentos.Praticam pequenos delitos, receptam fios de cobre que escurecem vias urbanas sustentadas com nosso caro imposto! Cínicos! Usam o carro da firma para assuntos pessoais, e se as taxas são muitas, sonegam. Pagar o imposto e cobrar sua aplicação correta, seria bem mais ético.

É fundamental ler as propostas que, afinal, representam o nosso futuro. Candidato não brota em  árvore. É um sujeito igual a nós, que bota a cara a bater por gostar de política. E se ele entrou nessa para se locupletar, na próxima votação, o povo que é atento, o pune nas urnas. Nem precisa quebrar prédio público, conspirar nas redes sociais. Mas alguém ai fiscaliza? Lembra em quem votou na eleição anterior? Que feio! Anotemos tudo, então. Vamos exigir, sugerir, dar trabalho aos marqueteiros. Faz-de-conta não enche barriga! Emocionante é escolher a proposta que brotou com sua participação e ainda ajudará muitos outros.

Está na hora de limpar a política do conchavo espúrio, do interesse exclusivamente pessoal. Pensar no coletivo faz o individuo andar melhor, mais seguro, dono de seu nariz. Não desligue o rádio, anote e se faltou criatividade, sugira algo melhor. Ponha a cabeça a funcionar. Porque o maior mal está à espreita dos que se omitem. Fique atento: alguns tem um título eleitoral em uma das mãos e uma arma na outra.  Nós que ocupamos as mãos, com o trabalho que carrega o país, levemos o título eleitoral  no bolso esquerdo do peito.

E transformemos esse documento na arma que dispara saúde, cultura, segurança e oportunidades. Aquilo tudo que prometem mas que apenas nós, eleitores, gente do povo, pode fazer cumprir, se usar corretamente a urna eleitoral. Portanto, atenção ao horário gratuito, que não tem nada de gratuito e pode custar caro aos que se omitem. Dê essa chance a você mesmo, se antes não funcionou, faça um mea culpa, vote outra vez. Mas nunca,  jamais, se omita.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Para Robin Willians, com carinho

A fortuna, a fama e a glória,  não foram suficientes para o talentoso Robin Willians, ator norte-americano que, em profunda depressão, acabou com a própria vida. Personagem de tantos filmes bacanas – Bom dia, Vietnã!, A Sociedade dos Poetas Mortos – só para citar aqueles que mais me agradaram, não segurou o grande personagem que representava para todos nós: do homem realizado, que faz o que mais lhe dá prazer, que alimenta a alma com a energia do próprio talento e o recicla entre milhares de fãs. Mas a tristeza quando escapa os limites da alma, transformando-se em distúrbio químico, é um perigo!

Seguidamente sou citado entre amigos e colegas de trabalho, como um sujeito equilibrado e tranqüilo. Eu, daqui do vulcão que não permito jamais entrar em erupção, me ponho a rir. Assim como tantos outros talvez tenha como maior virtude, a capacidade de manter as lavas da insatisfação, sempre distantes da depressão. Busco, lá no fundo, o que realmente sou e o que represento para os outros.

Assumir-se como centro da humanidade é uma espécie de escapismo originado, quem sabe, em limitações impostas por uma infância sofrida, dramas mal resolvidos, frustrações diversas. Sempre que me senti um zero à esquerda, procurei olhar o que convulsionava meus interiores e, com brutal esforço, é claro, dava um jeito de resolver a pendenga e me perceber muito maior, e melhor, do que qualquer drama existencial.

Assumir a limitada condição humana implica em aceitar erros - nossos e de terceiros – e cá entre nós, isso dá um certo alivio. Tira a corda – ou cinto – do pescoço. Desarma o espírito e sei, ajuda a dividir a dor com os outros, sem parecer um chato a reclamar de tudo e todos. Tem gente que passa metade da vida entre queixumes de falta de reconhecimento de amigos, de familiares, de amantes, de eleitores e candidatos. Quase morrem desgostosos. Mas nunca conferem como anda a estima. Gostar-se, um pouquinho que seja, faz bem.

Afinal, como dizia John Lennon, “Podes viver uma mentira até o fim, mas uma coisa jamais conseguirás esconder o tempo todo: é quando estás esmagado por dentro”. Vivamos então,  a nossa dor, como se o dia  de amanhã estivesse confirmadíssimo com sol e céu azul. Mas se por ventura chover, que seja uma benção a irrigar a esperança, confirmando que somos todos tão originais, tão únicos, que merecemos – e devemos -  inspirar com o nosso melhor, aqueles que circulam - temerariamente - entre os limites da razão.