Seguidamente sou citado entre amigos e colegas de trabalho, como um sujeito equilibrado e tranqüilo. Eu, daqui do vulcão que não permito jamais entrar em erupção, me ponho a rir. Assim como tantos outros talvez tenha como maior virtude, a capacidade de manter as lavas da insatisfação, sempre distantes da depressão. Busco, lá no fundo, o que realmente sou e o que represento para os outros.
Assumir-se como centro da humanidade é uma espécie de escapismo originado, quem sabe, em limitações impostas por uma infância sofrida, dramas mal resolvidos, frustrações diversas. Sempre que me senti um zero à esquerda, procurei olhar o que convulsionava meus interiores e, com brutal esforço, é claro, dava um jeito de resolver a pendenga e me perceber muito maior, e melhor, do que qualquer drama existencial.
Assumir a limitada condição humana implica em aceitar erros - nossos e de terceiros – e cá entre nós, isso dá um certo alivio. Tira a corda – ou cinto – do pescoço. Desarma o espírito e sei, ajuda a dividir a dor com os outros, sem parecer um chato a reclamar de tudo e todos. Tem gente que passa metade da vida entre queixumes de falta de reconhecimento de amigos, de familiares, de amantes, de eleitores e candidatos. Quase morrem desgostosos. Mas nunca conferem como anda a estima. Gostar-se, um pouquinho que seja, faz bem.
Afinal, como dizia John Lennon, “Podes viver uma mentira até o fim, mas uma coisa jamais conseguirás esconder o tempo todo: é quando estás esmagado por dentro”. Vivamos então, a nossa dor, como se o dia de amanhã estivesse confirmadíssimo com sol e céu azul. Mas se por ventura chover, que seja uma benção a irrigar a esperança, confirmando que somos todos tão originais, tão únicos, que merecemos – e devemos - inspirar com o nosso melhor, aqueles que circulam - temerariamente - entre os limites da razão.
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