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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O fast-food do Universo

O governo do Peru declarou como patrimônio cultural da nação os conhecimentos tradicionais e usos da ayahuasca praticados por comunidades nativas em sua floresta amazônica. Aqui no Brasil, a planta é conhecida como  "Santo Daime" e entidades como o Alto Santo, Barquinha e União do Vegetal, solicitam o reconhecimento do governo para seu uso em rituais religiosos, como patrimônio imaterial da cultura brasileira.

Os peruanos justificam a iniciativa ao destacar que a capacidade psicotrópica da planta atua sobre o psiquismo, a atividade mental, o comportamento, a percepção, sendo conhecida no mundo todo como uma planta indígena que transmite sabedoria para os iniciados sobre os próprios fundamentos do mundo. Quem me enviou essa notícia foi um antigo parceiro dos anos 60 ao lembrar os tempos dos hippies, quando muitos buscavam essências divinas entre alucinógenos e meditação transcendental. Entre outros, o livro "Uma Estranha Realidade", do mexicano Carlos Castaneda é um bom exemplo.

Na época, meu amigo, achava tudo isso uma grande bobagem. No mínimo uma desculpa para drogar-se. Hoje, diante da violência, do pragmatismo exacerbado que destrói o núcleo familiar e torna a existência uma encruzilhada de compromissos materiais e questionáveis conquistas revolucionárias, passou a acredita que, ao buscar respostas interiores e dar um tempo para pensar a vida, tudo ganha mais sentido.

Morremos assassinados por meninos sem fé, bandidos sem limite e policiais sem razão. Um mergulho na experiência ancestral de quem tão bem se relacionava com a natureza, não ajudaria um pouco? Respeito os que utilizam a ayahuasca como religião. Mas ainda acho que a prática da  meditação, seja através de yoga ou outro método ainda é um caminho mais limpo. Evita a poluição química do organismo, te obriga a um verdadeira abrir de portas.

De qualquer forma, algo precisa ser feito imediatamente. É preocupação demais com  dinheiro, cartões magnéticos e carro novo. E o sexo? Queremos o melhor, o maior, o mais sarado, ou o mais excitante sempre e a qualquer hora. Trocamos a naturalidade das coisas, por fotos maquiadas em revistas, espetáculos onde vale tudo e tudo passa a valer nada. Não é esse o caminho do prazer e amor.

Aquele que pretende  emagrecer deve, antes de tudo, retirar as "gorduras" que oprimem a constatação de que somos o fast food do Universo. É tão curta nossa passagem que precisamos temperar a vida com as finas ervas da fé, da sabedoria que nada tem a ver com o conhecimento tecnológico mas que se somada a este, lhe dá mais sentido. E sentido é tudo o que buscamos.

Está certo o governo peruano ao reconhecer uma tradição popular. A valoriza de tal forma que a impede de acabar como produto nocivo que simplesmente aumentaria o vazio da alma humana. Assim como aconteceu com outra planta de origem indígena - a coca -, que ao ser processada pelo colonizador oportunista, transformou-se em uma das mais mortíferas desgraças da sociedade moderna.

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