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domingo, 12 de junho de 2011

Amor, correias de couro e Neruda.

Junho, metade do ano e as pessoas sem uma data especial para celebrar com troca de presentes. E nada melhor para acelerar vendas do que o amor. Foi assim, para preencher um vazio no comércio, que o publicitário João Dória, iniciou em São Paulo, a celebração dos Dias dos Namorados brasileiro, no finalzinho dos anos 40, às vésperas do dia de Santo Antônio, considerado santo casamenteiro. Claro que deu certo – quem amava, fazia questão de celebrar com um mimo e quem não amava mais, o fazia para manter as aparências, ora!

No resto do mundo ocidental, a data é 14 de fevereiro, todos sabemos, em homenagem a São Valentim, que realizava casamentos às escondidas do malvado Claudius II, imperador romano que em período de guerra, exigia soldados solteiros, mais bravos, segundo ele nos combates.

A data marcava também a véspera dos lupercais, celebração da Roma antiga em honra de Juno (deusa da mulher e do matrimônio) e de Pã (deus da natureza). Segundo pesquisas deste que vos digita, um dos rituais desse festival era a “passeata da fertilidade,” em que os sacerdotes desfilavam pelas ruas, batendo em mulheres casamenteiras com correias de couro de cabra. Acreditavam que assim, asseguravam a fecundidade. Esses romanos...

De qualquer maneira, uma flor, um carinho, café na cama e um olhar cumplice. Esse olhar cúmplice que sobrive a todos os destemperos é fundamental. Um instante de profunda intimidade, um agradecer sem palavras, mas com todo um gestual de quem não colocou seu amor na gaveta do cruel cotidiano. Mas essa correia de couro... Epa! Vamos melhorar o nível, com o sensual poema La Infinita, que une a paixão a natureza em metáforas perfeitas. O autor? Neruda, é claro:

La Infinita

Ves estas manos? Han medido


la tierra, han separado


los minerales y los cereales,


han hecho la paz y la guerra,


han derribado las distancias


de todos los mares y ríos,


y sin embargo


cuanto te recorren


a ti, pequeña,


grano de trigo, alondra,


no alcanzan a abarcarte,


se cansan alcanzando


las palomas gemelas


que reposan o vuelan en tu pecho,


recorren las distancias de tus piernas,


se enrollan en la luz de tu cintura.


Para mí eres tesoro más cargado


de inmensidad que el mar y su racimos


y eres blanca y azul y extensa como


la tierra en la vendimia.


En ese territorio,


de tus pies a tu frente,


andando, andando, andando,


me pasaré la vida.

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