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terça-feira, 23 de outubro de 2012

EU CARPINEJO


Por Nadir da Costa Jardim , 42 anos completados hoje

Sim, carpinejo. Comecei a ler Fabrício Carpinejar quando meu casamento ruía, tinha uma tristeza na minh’alma por perceber que o meu desejo de amor era diferente daquele do meu par. Fui apresentada por uma amiga ao escritor pelo livro “O amor esquece de começar”. Era isso, o título me acabava, me consumia instantaneamente. Constatei que a falta de cuidado fazia o amor esquecer de começar para nós há muito tempo...

Afinal de contas, acredito que relacionamentos sadios são cultivados, porque tenho, diariamente, a liberdade de escolher a pessoa destinatária dos meus cuidados mais caros: amor, respeito, gentileza, tolerância, paciência e prazeres.  Como diz o poeta, .... “Liberdade na vida é ter um amor para se prender”.

Já o cuidado é – para mim, entre outros significados - a responsabilidade revestida de atenção. E com um olhar amoroso, desejoso, ... então? É plenitude.

Não sofri, presenteei-o com o livro, na esperança que se ele lesse apenas o título, apenas o título,... talvez pudesse trazê-lo a reflexão, ... O livro era o meu cutucão, fiz dedicatória amorosa, na busca de um momento de lucidez sobre o que estava acontecendo...

Nunca leu.

Fiquei a matutar... Me atrevi a um diagnóstico: TDAH no relacionamento, nos afetos.

Na separação, o livro ficou. Beleza, arranquei a página da dedicatória e segui no baile da vida.

Já separada, conversava com a mesma amiga – que passei a presentear, em agradecimento, com livros de Carpinejar – sobre como “reconhecer” algumas espécies masculinas e técnicas de aplicação de questionários subliminares para identificar o “corpo” que procura aproximação - afinal de contas passei a descobrir tantas coisas que me dão felicidade e que estão me esperando para acontecer... Não desperdiço o tempo, matéria preciosa da vida.

Bem, a primeira pergunta sugerida, depois de alguns encontros leves com alguém que “parece” interessante é... – Gostas do Ney Matogrosso? Se o cara responder Adóóóóóro, com certeza será um excelente amigo; se vier algum comentário sobre a sua interpretação ou sobre os Secos e Molhados, geralmente se desenvolve bem; mas se vem aquele papo de que “é aquele que usa calça justinha, que era o namorado do Cazuza”, bem, aí nem faço a segunda pergunta, derrota por nocaute.

O tempo foi passando, chega o Twitter. Minha irmã veio com um papo de que lia o Twitter do Carpinejar, que era legal, e eu? Eu tinha o livro do Twitter do Carpinejar, o livro... Claro, desatualizado! Solução: criei um twitter para poder segui-lo, depois descobri por uma rádio de POA que sou enquadrada como “fake” porque não posto nada, tenho uma única frase e agora ficou pior: esqueci a senha.

Desde então passei a ler o Twitter do Carpinejar. Quando percebi, tornou-se um hábito.  T-O-D-O-S   O-S   D-I-A-S eu carpinejo antes de dormir. Todos os dias, inexoravelmente. Às vezes fico pensativa, mas na maioria delas, fico sorrindo. Carpinejar faz bem a minha saúde, acalma a minh’alma feminina, fala a minha língua.

Agora, a minha mais recente felicidade, o texto publicado na ZH de 04-10-10: Você tem que me ler.

Colei no banheiro feminino do meu trabalho.

Fiz uma cópia e passei para alguns colegas da sala - pois no banheiro masculino ficaria complicada a leitura.

Digitalizei-a e encaminhei-a ao meu amigo mais precioso.

Percebi, então, que carpinejava no trabalho.

Carpinejo na faculdade também. Presenteio amigos e colegas com frases de Fabrício postadas no Twitter, no seu blog, ...

Entre uma e outra fala a respeito do escritor, poeta, jornalista, professor,... descobri que uma outra amiga que amo, mãe dos meus afilhados, foi colega dele na escola, no 1º grau... Nossa, me senti tão perto do meu mestre dos afetos. Minha amiga foi colega de aula dele... Imagina?!

Ok, me bastava, pensei que tinham acabado as coincidências, ... Curiosa, entrei no site do Fabrício Carpinejar e descobri: fazemos aniversário no mesmo dia. Sou dois anos mais velha, nasci em 1970..., mas no mesmo dia, no mesmíssimo dia.  Agora, no dia 23 de outubro, além de Pelé, meu filho Ricardo e eu, sei que Carpinejar também comemorará!

Depois disso, compreendi melhor a histeria de algumas jovens quando vêem seus ídolos.

Percebi que nunca fui tiete de nenhum cantor ou artista, tinha até um trauma secreto, nunca gritei por ninguém em shows, espetáculos de teatro ou aeroportos. Ora veja, meu destino era tietar um escritor. Nunca imaginei isso. Ser tiete de escritor é venerar no silêncio: cada livro é um show que acontece dentro de mim, que só eu assisto, cujo som se eleva de acordo com as minhas percepções. Quando estou carpinejando, abre-se uma centena de hiperlinks.

Ligo, imediatamente após a descoberta, para minhas duas amigas já referidas e para minha irmã... A data se aproxima e seremos muito felizes - no mesmo dia - ao lado das pessoas que escolhemos amar.

Grita o meu filho do quarto: - E daí, mãããããããeeeee? Eu também nasci no dia 23 de outubro! Tu te lembras?

Pouso forçado, aterrissei.

Bem, quanto ao questionário aplicado, esse se modernizou, a pergunta agora é:

- Curtes o Carpinejar?

Vida longa pra ti, Carpinejar! Bendito seja! Alegra meus dias, me fazes sorrir e amar com mais leveza a vida que escolho viver a cada manhã.

Obs.: Esse texto foi escrito em OUT/2010, encaminhado ao Fabrício Carpinejar por e-mail, em agradecimento a sua produção literária e que se transformou em um presente de aniversário compartilhado.

Um comentário:

Carpinejar disse...

Você é ótima: adorei TDAH no relacionamento. E toda a história, me comovi e ri alto. Nossa amizade é ruidosa e feliz. beijo Fabro