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sexta-feira, 1 de março de 2013

Sem aliança


Por Gilberto Jasper
Depois de 25 anos estou sem aliança na mão esquerda. É uma sensação estranha, nova, diferente. São mais de duas décadas de uso – em novembro tinha completado 25 anos de casamento – além de quase dois anos em que o anel de compromisso foi usado na mão direita, sinalizando nosso noivado. Sim, é coisa de quem é “da velha guarda”.

Como manda o figurino da época cumpri todas as etapas exigidas pelas “famílias de bem” até então. Inicialmente flertei no portão, aliás, no meu caso foi na praia para depois pedir licença aos pais da felizarda para namorar. Passado algum tempo pedi a mão da moça em noivado para finalmente oficializar o pedido de casamento com o enxoval praticamente completo. Incluindo o apartamento.

Confesso que sinto falta da joia de ouro 18 quilates que ostentei por tantos anos, apesar de uma inusitada sensação de liberdade. Costumava batucar ao bater o dedo anular em superfícies sólidas cujo ruído ecoava. Dava até para marcar a cadência de um samba. Isso já se transformou num cacoete, uma mania. No carro, no elevador, em casa, na mesa de trabalho, no teclado do computador. Tudo servia para “tirar um som”, o que deixou de acontecer há cerca de um mês.

Mesmo que eu quisesse seria impossível disfarçar o fato de ter usado aliança por muito tempo. Uma vistosa marca branca, exatamente no formato da aliança, contrasta com a pele mais escura das minhas mãos. Resultado de 10 dias de sol intenso das férias tiradas em janeiro numa praia catarinense.

Aliança, gravata e óculos emprestam um ar de seriedade impressionante

Pouca gente se deu conta da novidade. Apenas uma colega de trabalho segurou minha mão, passou o dedo para se certificar do que via, mas parecia não acreditar. Estupefata e de olhos arregalados me fulminou:
- Giba, o que aconteceu?  Disse que mais tarde falaríamos sobre o assunto, já que eu estava muito ocupado com o trabalho.É impressionante o fenômeno que uso de certos símbolos em nosso cotidiano provoca.

Anéis, gravata, óculos, paletó, por exemplo, são adereços que emprestam ar de seriedade, gravidade, notoriedade às pessoas. Jamais esquecerei de quando comecei a usar terno. Nas lojas ficava constrangido porque os vendedores abandonavam outros clientes para me atender.Agora já não ostento mais o símbolo de “homem sério”. Somente no dia 3 de março irei à joalheria para buscar minha aliança que será polida para voltar a brilhar em minha mão esquerd

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