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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Cadê o leiteiro?


Se foram os leiteiros, ficou a adultureção
“Um leiteiro ganancioso enganava a freguesia
Misturava água no leite e para o povo vendia
Enriquecendo depressa dizia fazendo graça
Não há nada nesse mundo que o homem queira e não faça
E quando eu puxar do balde
Água do poço à vontade
Não falta leite na praça”

Sou do tempo em que o leite era vendido em garrafas de vidro, lacradas com fina tampa de alumínio. O risco de adulterações era imenso, mas na falta de alternativa mais segura, a saída era confiar no leiteiro (mas não deixá-lo puxar assunto com as mulheres da casa, afirmavam os inseguros). A indústria evoluiu, vieram as embalagens em saquinhos, depois os sistemas mais seguros à vácuo. Os leiteiros, acabaram perdidos no passado. Lembrados talvez em canções sertanejas de raiz, como Água do Leite (O leiteiro e o Macaco), da dupla Zé Fortuna e Pitangueira, cujo trecho citei acima. Hoje, pelo menos em tese, é tudo perfeitamente higienizado.

O Ministério Público Estadual acredita que talvez não seja bem assim. As empresas de transporte estavam comprando uréia em grande quantidade. Desconfiado, o MP partiu para a investigação e na quarta-feira passada, expediu cerca de 10 mandados de prisão e oito de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina, contra cinco transportadoras de leite por suposta adulteração a base de uma “sopa”, conforme era chamada a mistura de água de poço não tratada e uréia, do leite que os produtores lhes confiavam.

Tudo isso para lucrar 10% além dos 7% já pagos sobre o leite cru. Que as autoridades agora castiguem com rigor esses empresários sem ética. Assim, só podemos esperar que os vigaristas que transformavam água em dinheiro, vejam o lucro criminoso voltar a forma líquida de sopa. E que esta lhes sirva de alimento no xilindró. Mais ou menos como cantava a dupla caipira que sabiamente constatava: “O homem é bicho tratante E vê no seu semelhante, o seu maior inimigo”.

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