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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Família bandida

Conversava com duas amigas, ambas jovens pedagogas, sobre os desafios da educação em nossos tempos. Tanta tecnologia nova, recursos fantásticos e, ao mesmo tempo, uma cotidiano embrutecido e violento que nos faz pensar sobre o sentido de tudo isso. Ao ouvir sobre as turmas que haviam assumido, percebi o olhar triste e frustrado das professoras iniciantes. As crianças chegam sem motivação, despejadas por familiares que pouca atenção lhes dá. Mas vá qualquer mestre reprende-los, para receber em troca uma ilógica e desproporcional fúria. Surgem das sombras, na hora errada, com dedos em riste.

Em um pais tão populoso, estamos carentes, não de presídios, mas de pais e mães de verdade.  Porque não temos espaço para tanta irascibilidade. A grande maioria dos que lotam o sistema prisional, surgiu assim, na distração da consciência. Minhas amigas relataram cenas horríveis, verdadeiros espetáculos de terror,  provocados por pais e filhos. Alguns casos chegam à mídia. Agressões a professores e depredações de escolas. Estão nas comunidades carentes, e nos bairros nobres. Crescem sem freios, incentivados por regras criadas por eles mesmos, ou assimiladas em casa.

Meu amigo Plinio Nunes, experiente jornalista, ex-editor da página policial do Diário Gaúcho, postou esta semana, no Facebook, um desabafo sobre a crise moral que vive o Brasil, mais especificamente sobre o Presídio Central de Porto Alegre que,  literalmente, está “botando pelo ladrão”. Plinio lembrou o defensor público que defendeu a libertação destes bandidos, para que não passassem “por esta indignidade”.

“Meu Deus, será que não se dão conta de que é um exército de delinquentes sem condições de recuperação que está sendo jogado de volta ao convívio com a população? Será que os governos não poderiam requisitar ginásios para manter presos, provisoriamente enquanto aguardam uma solução para os presídios que deve ser encontrada pra ontem? Ah, mas aí teríamos que parar com os jogos, com as festas. Que se danem!”

“O mundo está caindo e o pessoal pensando em si mesmo. Na verdade, não pensam em si, porque se assim o fizessem, perceberiam que esses caras na rua irão assaltá-los e matá-los junto com suas famílias. E matarão, a mim e os meus também. Não podemos nem ir às ruas protestar porque os bandidos que se misturam às manifestações agora estarão em número maior”,  percebe Plinio que nos deixa uma última e aterrado questão.“A quem recorrer, a quem pedir ajuda se criminosos e desequilibrados já abocanham as esferas do poder?”

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