Vinha naquele ritmo de um sujeito saudável mas carregado de sacolas de compra. Um mini rancho, proporcional à aposentadoria que passou a receber desde janeiro. Mas era um sujeito prevenido. Tinha acertado uns bicos de marcenaria para sempre ter um extra. Planejava conhecer melhor o Rio Grande do Sul. Por exemplo cidades devastadas pelas cheias. Como está a reconstrução? Ao me avistar apontando na esquina, perguntou o que eu achava de seu projeto “turístico-cultural”. E me prometeu iniciar o roteiro pelo Vale do Taquari, “vou dizer que sou amigo do colunista do Alto Taquari, em Arroio do Meio”, brincou.
O que esse amigo propõe é um sadio turismo regional. Temos o que exibir, desde paisagens naturais, gastronomia e cultura. Ele está certo, assim como os quase 600 mil visitantes internacionais que, apenas em janeiro deste ano, chegaram ao nosso estado. Por enquanto as vinícolas na Serra e Gramado - é lógico - atraem num primeiro momento. Mas esse mesmo amigo lembrou outras regiões que valeriam um passeio.
Atualmente, a grande maioria das cidades gaúchas tem condições de absorver um razoável fluxo turístico. Esse meu amigo lembrou que esteve a trabalho em Lajeado e curtiu muito as horas de folga que viveu. Comeu e bebeu bem, comprou um mimo bacana para a esposa e, na hora de retornar, ainda encontrou quem lhe oferecesse cervejas artesanais produzidas na região. “Só me faltou conhecer o Morro Gaúcho. Mas voltarei”. Bem diferente da vez em que passei pela região, muitos anos atrás, num domingo, e não encontrei um único boteco para um lanche.
Ajudei meu vizinho a carregar as compras até seu edifício. E lembrei dos dias de enchente - em setembro do ano passado, quando pensei que a Capital não seria a mesma. Adeus, turismo. Mas vejo que não é bem assim. Estamos reconstruindo, oferecendo novas atrações e creio que isso se repete em todo o Estado. Cada um à sua maneira, mas convencidos de que se é lazer para os visitantes, é fonte de renda, empregos e um importante meio de valorização da cultura e patrimônio locais.