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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Macumba virtual e rescaldos da Expointer


Postei esse texto há mais de dez dias e ele simplesmente sumiu. Evaporou-se nos interiores deste blog, devorado talvez por coisas que a vida digital não explica. Por uma casualidade muito estranha, um dos temas do texto engolido, era justamente uma matéria que não conseguiamos colocar no site da Expointer. Verdadeira macumba virtual. Depois descobriram tratar-se de uma composição de números e letras que representariam um código html que bloqueava tudo. Continuei achando que era bruxaria da Ariele - autora do texto "possuído". Afinal, de resto, a Central de Imprensa fluía.

Expointer, para quem não sabe é a maior feira do agribusiness da América latina. Lá, o trabalho diário de atendimento a imprensa sempre é puxado. Nossa equipe, formada por jornalistas do Piratini e Agricultura, recebeu apoio de free-lancers mas continuamos escassos, diante dos quase dois mil jornalistas credenciados. Estes dependem de estrutura para digitar, imprimir e enviar matérias e fotos. Querem sugestões de pauta. O bicho mais pesado, o mais caro. E o público, quantos entraram? Porque os pequenos animais não participam do desfile final? E vaca mocha é o oposto a vaca velha? Borrego é igual a terneiro?

A dificuldade maior dos colegas de imprensa é o quase total desconhecimento das coisas da feira, do setor primário de modo geral. A grande maioria cai de paraquedas, está fazendo um frila, ou foi deslocado de uma outra editoria e não consegue sequer localizar-se entre os pavilhões.

“Desculpa, mas preciso saber: ovino é ovelha e eqüino é cavalo, não é?” A pergunta partiu de uma jovem jornalista que precisava desesperadamente entrosar-se com a feira e não sabia por onde começar. Lá estava a vibrante equipe da Central de Imprensa a destrinchar essas e outras questões fundamentais para uma cobertura da feira sem grandes tropeços.

As jornalistas titulares da Agricultura – Bruna e a coordenadora Clarice – contavam com o apoio eficiente das colegas da Emater, Teresinha e Helena e o reforço das pet girls Aline e Ariele. A experiência da tia Lorena, tirava de letra qualquer dificuldade. Desde o diretor que sentava solenemente sobre os números tão desejados de público e vendas, até o decifrar do guia de animais com seus boxes e nomes pra lá de esquisitos.

Na edição do site e coordenação da Central estávamos divididos eu e a Eliane Iensen que rigorosa, exigia textos enxutos, de quatro parágrafos no máximo. Nem sempre era compreendida. O pessoal do campo gosta de escrever medindo textos em hectares, sem muita pressa. Dona Iensen, não deu moleza! E o site bombou com mais de 150 mil visitas! Textos bons e fotos melhores ainda da equipe liderada pelo Jefferson Bernardes, seguraram a audiência.

No auge da feira, ainda precisei achar uma brecha para ouvir tangos, traduzir ansiedades e amenidades em portunhol. Gente boa, nossos vizinhos periodistas uruguaios que trabalham intensamente na divulgação da feira em seu país. Também havia um outro time, uma turma que desfilava entre o exótico e pitoresco.
Terno e gravata de de cores vibrantes, sapatos de bico fino em pleno Parque de Exposições! Alguns, de microfone em punho e fone de ouvido, circulando o dia inteiro entre os pavilhões e a Central de Imprensa como se transmitissem 24h os eventos da feira. Coisa muito doida mesmo.


Às vezes esse povo se estranhava. Acho que em função de problemas no código DNA-Mala. Em casos extremos tínhamos o filtro da Nora, Rodrigo e Neila. Perfeitos na recepção acalmando com, fala macia, às vezes, nem tão suava assim, o aflito povo da comunicação.

Quando exigiam credenciais extra, especialmente as mais cobiçadas, para automóveis, eu os passava direto ao Leandro Kriger, especialista em filtrar quem realmente merecia o ingresso. Muitos diziam que eu era o mais cortês da equipe. Injustiça. Ninguém foi mais paciente do que o Paulinho Delfino. Era o cara que dava jeito em tudo que falhava na hora errada. Problemas com a impressora, computadores ou gente estranha na redação. Era ele o cara! E ainda tomou conta do carro elétrico. Porque nunca faltava um chato para querer se pavonear pelo Parque de carrinho. Paulinho, foi nosso perfeito gentleman.

Igualmente talentoso, mas não tão pacífico e 45,9% mais maluco é o Resem. Atento ao pessoal de rádio, tomou conta da distribuição de cabines para os mais de 50 radialistas presentes. E no domingo, ao encerrar a feira, recebeu a visita de toda familia - mulher, neto, filho, sobrinhos, vizinhos e até admiradores, creio eu. E não deixou a peteca cair. Bancou almoço, lanche e refri para todos e ainda deu conta do estúdio na central.

Resem conseguiu ainda copiar um CD com mais de 200 tangos que o Martin, periodista fronteiriço de Rivera, insistia em presentear à Eliane. Ela cometera o desatino de vestir uma camisete com estampa de motivo tangueiro. Comprada em Buenos Aires! Martin, apaixonado por Gardel, enlouqueceu! "Ari, grava esses tangos para ela", insistiu. Repassei a missão ao Resem, é claro.

 
Quando a Expointer se encerrou, no dia 6 de setembro, ficou a sensação de missão cumprida com talento, criatividade e a certeza de que o trabalho em equipe, sem corredores poloneses de mal dizer ainda é o melhor atalho para o sucesso. Saímos grandes campeões e reservados, o que nos exige para a próxima edição, uma cobertura – não no sentido veterinário, é lógico - ainda mais qualificada. Parabéns e até lá, muchachos!

Um comentário:

Gilberto Jasper disse...

Durante seis ininterruptos anos frequentei a Expointer todos os dias (da manhã à madrugada) e ao contrário de muitos colegas jornalistas e assessores de imprensa, eu agradecia o privilégio deste convívio. Sair da redação e dos gabinetes, trocar o terno pelo jeans, beliscar um costelão durante todo o dia e no final da noite ouvir e contar causos regados a choppe ou cerveja compensavam o cansaço. E como diz o comercial "não têm preço". Sem falar daqueles amigos que a gente só reencontra no Parque Assis Brasil. A Expointer é assim mesmo: uns odeiam, outros gostam, se divertem e fazem da obrigação em prazer. Ou seja, ninguém fica indiferente. Este ano não fui à feira e confesso que fiquei triste. Senti falta dos parceiros, da correria do cotidiano, do estresse saudável e de ver como o Rio Grande ainda é pujante, apesar de suas excentricidades políticas. Bem ou mal, a gente do campo "carrega o piano" que muitos líderes esnobam ou não têm condições de conduzir... Que venha a próxima Expointer!
Gilberto Jasper
Jornalista - Porto Alegre