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terça-feira, 4 de junho de 2013

Sem medo do bicho papão




A banalização do crime afeta a juventude 
O assassinato de um funcionário da Escola Sion, na zona central de São Paulo, mesmo após ele ajoelhar-se, a pedir misericórdia, dentistas queimados vivos, por que não tinham muito a oferecer aos ladrões, ou simplesmente, por reagirem defensivamente. Crimes passionais, onde maridos doentes assassinam esposas diante dos próprios filhos. Tudo isso passará assim impunemente, ou nos habituaremos ao medo? Trabalhar, estudar, brincar, qualquer atividade é sinônimo de risco. E não nos abalamos mais?

Entre bandidos, surge uma nova geração de meninos e meninos maus. Entre os que não entraram no mundo marginal, percebemos meninos e meninas indiferentes, ou no mínimo, conformados. A Folha de São Paulo, publicou segunda-feira (3/6), a redação de uma adolescente de 12 anos, reveladora da banalização do crime que faz surgir uma geração sem o frio na barriga provocado pelo medo. “Quando estava na escola, o vigia mandou a gente se apressar (..), Eu não tinha entendido muito bem, então voltei para casa a pé,” escreve a menina que mora defronte a Escola Sion.

No meio do caminho, Bianca diz que ouviu falarem sobre um homem que morreu com tiro na cabeça. Outro “senhor foi seguido por um motoqueiro e morreu. (...) Mesmo com essa idade, já passei por três tiroteios. Um quando era pequena, no Rio de Janeiro. Outro no centro de São Paulo e o terceiro quando estava voltando do show do Roger Waters, no estádio do Morumbi,” anota em seu diário.

Ela diz não ter “muito medo de assaltos ou essas coisas, porque minha mãe só foi assaltada duas vezes e agora está bem.” Afinal foram “só” duas vezes! “E eu também acho que não vai ter dois assaltos no mesmo dia no meu bairro. Portanto, hoje andei com meu iPhone na mão, desobedecendo minha mãe.Algumas amigas minhas morrem de medo de assaltos e até já foram assaltadas, outras só têm medo de mendigos. Eu não tenho, pois a maioria é boazinha”.

Quando as crianças não tem mais medo do bicho papão, é porque a violência abraçou a fantasia e congelou  a consciência. Não podemos permitir um futuro assim, do cada um por si. Onde assistir um assassinato covarde, passa a ser lugar comum.

Enquanto não nos atingir, tudo bem. Tudo bem? Enquanto as pessoas escaparem, por um triz, a banalização pode ser norma cotidiana. É uma questão de sorte, até o dia em que a rotina aleatória nos  encontra e aí, na condição de vítima, será possível manter a frieza? De repente estamos tão próximos ao desapego à vida, que nem mesmo instintivamente reagiremos? Medo! Eu tenho muito medo deste momento!

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