O vestido da moça levantou até onde não deveria, provocado pelo forte vento da manhã. E a cena, ao contrário de qualquer conotação sexy, foi hilária. Era uma cebola de panos multicoloridos até se chegar a um abrigo velho, cor de abóbora que provocou risos da turma que aguardava o sinal verde, na esquina da Rua Uruguai com Siqueira Campos, no Centro Histórico de Porto Alegre. É difícil manter a elegância no frio. Namorar ainda é pior.
Aprendi alguns macetes que podem ajudar a esquentar os corpos em todos os sentidos. Um jantar a dois, por exemplo, nos dias frias não depende apenas de caldos e sopas. Pitadas estudadas de pimenta, por exemplo, ajudam muito. Dependendo da variedade, desde a de menor até as de maior efeito picante (ui), a pimenta melhora a irrigação do sangue, o que causa uma sensação de bem-estar e chega lá, naquela região que se escondeu do frio abaixo de ceroulas e outros panos.
Até amendoim com casca pode ajudar. Sim, não é piada, a vitamina B3 favorece a circulação sanguínea, aumenta a vaso dilatação. Nem precisa sacudir a casca que caiu no colo do namorado (mas nada impede a prática).
Chocolate quente – nem tanto para não queimar dedos e línguas – mas na medida para liberar energia, graças a três componentes – a cafeína, a teobromina e a feniletilamina. A primeira estimula o corpo, a segunda especificamente o coração e o sistema nervoso, e a última, troca aquele ar de “tu tá mesmo a fim?” por um sorriso estimulante. Sem tristeza, o resto é com você, amantes latino. Aliás, tem gente que inclui o uso tópico do chocolate nas brincadeiras amorosas. Aprovo sem restrições.
Bem vestidos - E por favor, a dica final, fundamental. Permaneçam bem vestidos, cobertores para dar aquele conforto quente. Provocação com roupas também é válida. Fantasiem aqueles tempos adolescentes dos primeiros namoros, quando tudo era a tato, no escuro do cinema, ou no sofá da casa assistindo uma sessão da tarde da tevê, enquanto o pai vigilante roncava.
Lambuzados - Até chegar a hora que tudo, mas tudo mesmo aqueceu, se decide o que é possível ser descartado do corpo já aquecido. Afinal, somos gaúchos e - mesmo em invernos amenos - precisamos aprender a enfrentar essa estação quase estraga prazeres. Caso contrário será um festival de sopão, feijoadas, massas com molhos fortes pouco estimulantes. Muita boca engordurada, muita barriga cheia e pouca satisfação em outros campos.
Não é difícil namorar no inverno. Pratiquem! O negócio é ser criativo, ter paciência. Se der tudo certo, quando o vento levantar o vestido de uma desavisada na rua, ninguém se abalará para espiar. Estarão todos muito bem comidos.
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sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Inverno é a geleira da paixão?
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