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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O homem que nunca diz não às mulheres

Preservarei a fonte. É o mínimo que posso fazer. Como você, leitora, agiria caso o namorado tudo de bom - apaixonadíssimo - sofresse de uma brutal dificuldade em desvencilhar-se de ex-namoradas, ou pior, amigas do tipo “se-você-estiver-a-fim-também-estou”. A leitora que confidenciou as sua angústia amorosa, apelidei de “Afogada em Aflição do Taquari” (bem ao estilo das cartas-resposta dos antigos conselheiros sentimentais).

Ela acredita na fidelidade do moço. Mesmo assim, não suporta vê-lo gentil e aveludado com, por exemplo, a ex-patroa que inconformada com a perda “de um funcionário tão competente, tão eficiente e bla, bla blá” para outra empresa, liga mensalmente com a desculpa de pedir conselhos, dicas profissionais. Saem para almoçar e o tema, jura o namorado de Afogada em Aflição, se resume aos intrincados processos que “somente ele poderia resolver”. Ao final de cada encontro, a bandida ainda diz que o deseja de volta ao escritório.

Tem também aquela amiga, empresária do setor do vestuário que mora na Serra. Inteligente, foi parceira dele nas horas difíceis. Tão solidária que certa vez, chegou ao extremo de “presentear” o rapaz com preservativos em cores e sabores exóticos. Ele recusou, reclamou que não misturava as coisas. Não poderia levar a um motel uma grande amiga, quase irmã, argumentou. Outra, bem mais madura, ofereceu um apartamento que “afinal de contas estava desocupado”. Assim poderiam ter mais “intimidade”. Irritou-se, reclamou e acabou aceitando o pedido de desculpas. Manteve a amizade, afinal, gente de posses sempre pode ajudar.

Ao conhecer “Afogada em Aflição” os contatos do rapaz com as amigas diminuíram. O namoro prospera. Mas os almoços, as longas ligações com a ex-patroa continuam firmes. As amigas do tipo sedutor quando se aquietam o deixam saudoso, como se as houvesse maltratado. Manda cartões em datas especiais, troca mensagens. Diz que são importantes, cada uma a sua maneira, e sem nenhuma maldade.

Vocês leitoras, como agiriam? Aceitariam? Afogada em Aflição tenta racionalizar. Lembra a infância difícil do namorado. O relacionamento com a mãe não era dos melhores. Levava surras sem justificativa. Era tratado com desprezo. Pouco antes da morte dela, haviam se reconciliado. Mas as marcas permaneceram. Talvez por isso não consiga livrar-se de relações que, de alguma forma o levam a fantasia de intimidade quase uterina, sei lá. Só Freud para explicar. As mulheres percebem e provocam – se fazem ora maternais, ora sedutoras.

A gota d’água, aquela que encheu o pote de inconformidade de Afogada em Aflição aconteceu na semana passada. Ele sonhou que namorava a atual chefe. Andavam de mãos dadas! Detalhe: ele jamais dá a mão em público para Afogada em Aflição. Diz que é brega. A nova patroa – por sua vez - é uma mulher forte, dominadora. Ao contrário da anterior, não valoriza almoços de confraternização com funcionários. Ele até se esforça para ser merecedor de reconhecimento e algum tipo de carinho. E nada! Quer ser talvez o funcionário especial, o mais querido. “Afogada em Aflição” sofre em meio a tudo isso.

Bem que gostaria de alguém só seu. Será que ambos não poderiam ter amigos comuns, como um casal normal? Ou antigos amigos sem misturas explosivas da sensuais segunda intenções? Os ex-namorados, os candidatos a amantes ficaram no passado. Por que então, escolher um cara tão servil às mulheres? O que dizer? Questiona "Afogada em Aflição". Minha colega jornalista, a Eliane Iensen sempre afirma que a vida não é um moranguinho. E mesmo que o fosse, morangos mofam rápido demais.

O negócio é manter a estima em alta e investir na paixão sim, porque amor é bom. Mas tenha sempre a mão um bilhete de ida sem volta para o caso das amigas deste teu namorado complicado, incomodarem mais do que o normal. Amor coletivo é como andar de ônibus na hora de maior movimento. Muito suor, muito aperto e conforto que é bom, nenhum. Qualquer coisa, desça na primeira parada.

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