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quinta-feira, 5 de março de 2009

A infinita capacidade humana de achar sarna para se coçar


Enrolados em problemas, situações mal-resolvidas e toda sorte de chateação, os habitantes considerados racionais do planeta Terra, tem uma capacidade interminável de andar em círculos. Inacreditável é ainda a dificuldade para visualizar soluções. Ou pior, quando sabe qual a melhor atitude , o medo impede a libertação. Muito medo. Quebrar a rotina da dor, da humilhação imposta por terceiros é como chegar bêbado a beira de um penhasco onde, lá embaixo, estão as ameaças, intimidações ou pior, os próprios temores íntimos a gritar “Não faça isso, deixa assim!”

E aí, a vida destes bípedes doidos por desfrutarem as coisas boas, transforma-se em um contraditório acorrentar-se em carências e angústias. O resultado é a ilusão da fuga. Lá vão machos e fêmeas, a escapulir entre as grades criadas com as próprias mãos. Saem às escuras em busca do prazer, da realização e acabam melados no açúcar da culpa. O risco de danos é muito maior. Voltam à masmorra com um breve sabor de satisfação. Deixam rastros, impressões digitais, mentiras digitadas.

Toda insatisfação deve ser resolvida na hora certa. Mas quando chega essa maldita hora? Muitas vezes, tais fugas acontecem como acidentes de percurso a provocar danos maiores do que o simples encarar da realidade. O peso cada vez aumenta mais, a responsabilidade se torna um fardo a ser arrastado e o cotidiano um suceder de sustos. Seres estranhos que seguidamente pedem socorro às pessoas erradas e se irritam quando escutam o que não querem. Imagino o tortuoso caminho de volta ao começo que muitos precisam fazer para recompor a própria história, a dignidade rompida. O maior desafio nunca é enfrentado contra um oponente mais forte, mas contra a própria imagem.

Lembro a frase genial do beatle John Lennon na canção de ninar que escreveu para o filho Sean: “A vida é aquilo que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”. Ou seja, na maioria das vezes falta foco. O que seria importante manter, sei lá, um emprego, uma relação afetiva, não era na verdade o melhor. Seres complicados...

De qualquer maneira, sempre existe uma alternativa e uma lição a ser aprendida a cada quebra de paradigma. Enganos ficam no passado. Como alerta, advertência. O ideal é voltarmos a esse grande sanatório existencial dispostos a viver o real. Projetos vazios que durmam na lixeira. E aí, naquela bendita hora certa que falei acima, serão definitivamente apagados. Afinal, uma vida com remorsos e culpas, não tem a menor graça. Qualquer humano sabe disso. Ou não?

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