No círculo em preto, estão as costas, agora internacionais de minha esposa Magali
Antes de iniciar o show, alguns jovens que estavam ao meu lado, ensairam vaias aos músicos da rápida e esquisita apresentação de abertura. Eu sei, era um estilo eletrônico, eles sequer haviam sido apresentados ao público, que esperava, ao menos, Kleiton&Kledir juntoa a Borghetinho. Não rolou! Mesmo assim, mereciam o respeito dos ouvintes. Deixei claro que não gostara daquilo e tive o apoio bem mais incisivo de minha amiga Denise Hogetop, que puxou as orelhas da gurizada. Eles nos ignoraram, é claro. Afinal, eram adolescentes e sabiam tudo. Mesmo assim, espero que tenham aprendido alguma coisa, a partir dos primeiros acordes de Paul e sua fantástica banda.
Ali estava um músico que fora muito além do que se convencionara para esse ou aquele estilo de canção, ou mesmo de atitude em relação a vida. Dentro daquela estrutura imensa de sons e luzes, estava um cara que até vaias enfrentara no início da carreira, imaginem! E aprendera, em palcos sujos e mal-iluminados, tocando não apenas para jovens como eles, mas principalmente para velhos marujos bêbados – que todo tipo de música seduz, desde que executada com a alma.
Paul, John, George e Ringo, lá no início dos anos 60, amavam o ritmo novo que surgia - o rock and roll -, e também a exeburante música negra norte-americana. Mas isso não os fechara a outros estilos. Quem houve Beatles encontra boleros, foxtrotes, valsas, além dos sons típicos dos camponeses bretões, além de experiências em música erudita. Não foi bloqueando a audição ao que lhes parecia estranho, ou sem graça que atingiram o estilo original que os levou à fama.
Em sua carreira solo, Paul investiu ainda mais nesta linha. Era o mais pop dos quatro ex-beatles. Pisou na bola algumas vezes, mas jamais desistiu da busca da melhor mescla de sons. E quando o escutamos, percebemos um som único, de personalidade forte e extrema sensibilidade, surgido é claro de todas as influências assimiladas em seus joviais 68 anos. Obrigado, Paul McCartney, por ensinar a todos a essência do verdadeiro “pop” (e a provar que um verdadeiro mito, não alimenta a arrogância).
Um comentário:
Amigo Ari! Fiquei mais de seis horas de pé, submetido as mais humilhantes condições para entrar no Beira-Rio e, antes disso, para adquirir os ingressos. Levei mulher e dois filhos adolescentes, mas garanto: valeu a pena! Foi a maior integração de gerações que já vi em Porto Alegre! A gurizada cantou a plenos pulmões todo o repertório, o som estave perfeito, a noite foi sob encomenda e o profissionalismo do Macca transcendeu as mais otimistas previsões. O fato dele ter tido alguns minutos de português para se fazer entender mostra o respeito com o público. Porto Alegre mostrou que tem espaço, público e patrocínio para shows "top de linha". Basta uma organização à altura da disposição dos gaúchos que responde quando a atração é de nível internacional. Que venham U-2, Rolling Stones, Rod Stewart, Phill Collins, Eric Clpaton e tantos outros. Nós estamos aqui, prontos para lotar qualquer espaço!
GILBERTO JASPER
Jornalista - POA
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