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domingo, 29 de maio de 2011

No Vale do Taquari, desrespeito a um símbolo municipal

Casa do Morro: a linda vista, não condiz com o depredado símbolo  de Cruzeiro do Sul
Recrutas birutas a cantar o hino brasileiro em ritmo funk podem ser punidos por afronta a um símbolo nacional. Figuram nas capas dos principais jornais gaúchos como se não houvesse coisa mais importante a noticiar. Acho que os meninos exageraram, desinformados talvez, dos motivos maiores que os levam ao serviço militar. E dos valores representados em hinos e bandeiras.

Mas no detalhe pecamos, todos nós, em pequenos ou grandes descuidos aos nossos símbolos. Por exemplo, sábado passado, em passeio pelo Vale do Taquari, fui levado por um casal amigo – Gastão e Márcia – a Cruzeiro do Sul, município com muitos e ainda pouco explorados recursos turísticos. Queriam que eu conhecesse o imponente Solar Azambuja, a Casa do Morro, como é mais conhecida.

Ao chegar lá, a decepção e constrangimento desses meus amigos. A casa – que depois soube – foi tombada, estava abandonada. Em seu interior, lixo e objetos atirados. Um princípio de fogo em uma de suas salas. Noutra, um púlpito de igreja jogado a um canto. Fotografamos tudo isso e, claro, a bela paisagem que vislumbra o rio Taquari e de lá, em dias de sol, as cidades vizinhas de Lajeado, Estrela, e Teutônia, Colinas e Arroio do Meio. O ideal seria levarmos apenas as imagens bonitas que a região oferece. Mas...

Em casa, fui pesquisar e descobri que existe um projeto já aprovado no município para a reforma da Casa do Morro. Segundo o jornal Informativo do Vale, em matéria publicada no dia 5 deste maio, a secretária municipal de Planejamento Adriana Schossler, garante que o projeto iniciado em 2009, está em fase de complementação do projeto de engenharia, exigência da Caixa Federal, para a obra que tem orçamento de R$ 338.915,24, “sendo que R$ 97,5 mil são provenientes de emenda parlamentar, e o restante, contrapartida da prefeitura,” informa ao jornal.

De qualquer maneira, seria animador avisar a comunidade e eventuais visitantes como eu, do processo em andamento. Limpar o entorno, colocar uma placa com detalhes sobre a obra. A secretária diz que não há abandono. Mas se o lugar virou reduto de drogados e gente que busca as ruinas para encontros sexuais (pelo chão, contamos mais de uma dezena de embalagens de preservativos), é sim, abandono! E desrespeito a um símbolo municipal já que a Casa do Morro integra o Brasão do Município de Cruzeiro do Sul.

Lobisomens e fantasmas - No site do município tem um pouco da história desta imponente casa, construída por ordens do tenente Coronel Primórdio Centeno de Azambuja, em 1872. “As obras consumiram cinco anos (1873-1878). Em 1901, a casa foi vendida em hasta pública. Por muitas décadas foi ocupada por inquilinos e finalmente abandonada a própria sorte.”

Boatos diziam que nela havia um tesouro escondido e suas paredes e pisos foram arrebentados à procura da fantasiosa fortuna. Circulam histórias de lobisomens e fantasmas que certamente encantariam turistas. Mas por enquanto está lá, excluída a espera de uma distante reforma, como um panteão abandonado da memória de seu povo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheço o local desde os tempos em que era organizado e habitável. É uma pena que exemplos semelhantes se multipliquem pelo Interior do Estado. Festas tradicionais e pontos turísticos são fundamentais para turbinar a economias de pequenas e médias comunidades. Mas para isso é preciso ter a nítida diferença entre explorar o TURISMO e explorar o TURISTA.
Tomara que a reforma da Casa do Morro saia do papel e tenhamos mais uma bela opção de turismo nao Vale do Taquari. Espero que o mesmo destino tenha o Morro Gaúcho, belíssimo local entre Arroio do Meio e Encantado de note é possível vislumbrar toda a região.
GILBERTO JASPER
Jornalista - P.Alegre