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domingo, 12 de agosto de 2012

Deixem-nos sermos simplesmente pais!

Querem um bom presente para o papai? Que tal permitir-lhe o direito de exercer a paternidade da forma mais verdadeira possível? A antropóloga e escritora Mirian Goldenberg escreveu sobre o tema no jornal Folha de São Paulo, no início da semana, “como uma homenagem aos pais” e alertou: “no centro do palco da maternidade, a mulher não quer dividir o poder e trata o homem como mero figurante”. A autora, por exemplo, se diz perplexa diante da lei em vigor sobre a licença-paternidade que reserva ao pai apenas cinco dias para dar atenção ao recém-nascido, enquanto a licença-maternidade é aplicada por quatro meses. “Cuidar de um bebê é muito mais do que garantir a ele o aleitamento materno”, alerta, ao lembrar que os meses iniciais de contato necessários para que tanto o pai quanto a mãe estabeleçam com a criança o vínculo afetivo que será fundamental ao seu desenvolvimento emocional e social.


Cabe ao pai apenas “ajudar” a mãe, considerada pela sociedade como a detentora exclusiva da arte de criar um filho. E lembro do quarto de meu terceiro filho, onde acima do berço, jazia uma imensa foto da sua mamãe, ainda o levando na barriga, entre tecidos leves com ar angelical. O pai estava aonde? Dirigindo o carro à maternidade, inspecionando a temperatura da sala, da mamadeira mais tarde. Um típico ajudante. Segundo a antropóloga, muitas mulheres vivem a maternidade "como um poder que não se compartilha", portanto, nós homens, acabamos como meros "coadjuvantes “ou "figurantes em um palco em que a principal estrela é a mãe e, depois, as avós, as tias, as babás e as empregadas domésticas.”

Assim, limitados a um involuntário secundarismo, os papais acabam com a fama de imaturos, ausentes, irresponsáveis e incompetentes quando não se encaixam ao formato serviçal. As meninas treinadas a serem mamães de suas bonecas reforçariam a natureza feminina destinada à maternidade que acaba por empurrar, futuros pais ao quinto escalão da relação afetiva com o filho. Segundo Gondenberg, não existe nada no jeito de ser masculino que o impeça de ir além e assim cuidar, alimentar, acariciar, acalentar e proteger seu filho.

E conclui a antropóloga: “se as crianças aprenderem que o pai e a mãe podem ser igualmente disponíveis, atenciosos, responsáveis, protetores, presentes e amorosos, é possível que, em um futuro próximo, exista uma maior igualdade entre homens e mulheres e a crença de que em nenhum domínio (público ou privado) um dos gêneros é superior ou mais necessário do que o outro.”

Ou seja, se elas dizem que somos “atrapalhados” com crianças, provemos que não dependemos do porte de um super-homem ou mero faz-tudo. Basta aceitarmos a paternidade com amor e devoção e exercê-la além do protótipo “natural” que nós mesmos, coartífices da família no formato que ainda impera hoje, ajudamos a estabelecer. Obrigado Mirian, me senti presenteado com tua opinião.

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