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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Punta Cana, o paraíso que Deus criou na Terra!


Lagostas grelhadas na brasa: com a avaliação de nosso editor de viagens

Especial | Gilberto Jasper
gilbertojasper@gmail.com

De 20 a 27 de junho eu e minha mulher Cármen gozamos uma semana de merecida folga em Punta Cana, na República Dominicana, numa nova lua-de-mel para comemorar nossos 25 anos de casamento. A ilha do Caribe recebe milhões de turistas de todo o mundo com predominância de norte-americanos, alemães, espanhóis e russos.

Belas fotos em https://www.google.com.br/search?q=punta+cana&hl=pt-BR&prmd=imvns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=yxghUMvkK4OI8QSRpoCoBg&ved=0CIoBELAE&biw=1280&bih=813&sei=0RghUJ3iD-200QH6Ag.

Optamos pelo sistema all inclusive, ou seja, todo consumo de bebidas e comida dentro do hotel é pago no pacote e dispensa o pagamento na hora do check-out. A maioria dos hotéis, aliás, adotam esta sistemática. Nosso único objetivo era ficar de papo para o ar para curtir o sol, a praia de areias claras e as calientes águas de tom azul turquesa.

· Viagem: Saímos de Guarulhos (SP), num vôo da TAM onde o conforto não está incluído. Um detalhe importante: como o vôo partia às 11h de uma terça-feira, a agente da CVC sugeriu que fôssemos na segunda-feira para evitar os contratempos comuns nesta época do ano, principalmente em relação à neblina. Poltronas estreitas, pouco espaço para as pernas e desleixo na manutenção da aeronave foram os destaques negativos, apesar da boa vontade da tripulação.

Foram aproximadamente cinco horas e meia de viagem até Caracas, capital da Venezuela, onde houve uma escala de 50 minutos Uma hora e meia depois descemos no Aeroporto Internacional de Punta Cana que mais parece um enorme CTG porque é o telhado é coberto por capim do tipo santa fé. O interior do terminal é bem cuidado e refrigerado por enorme ventiladores de teto com pás descomunais. O terminal também possui um free shop com poucas lojas. Na chegada é preciso, além de apresentar a guia de praxe e o passaporte, pagar uma “taxa de turismo” no valor de 10 dólares

· Susto: Depois de cumprir as exigências legais fomos para a esteira que, não raro, reserva surpresas desagradáveis. A demora foi normal, mas foi recheada de suspensa quando sisudos policiais chegaram trazendo na coleira enormes cães farejadores que se postaram sobre as malas. O medo era justificado pela presença de um quilo de erva mate em minha única mala. Lembre-se que todo produto de origem animal ou vegetal deve ser formalmente informado num formulário específico para análise e posterior liberação. Mas toda esta burocracia atrasaria o chimarrão do final de tarde!

Quatro bem humorados casais de Alegrete (RS) também tremeram. Mas relaxei, afinal, tinha passaporte, cartão de crédito e dólares no bolso da camisa e pensei: “Se os cachorros acabarem com meu chima largo as bagagens e compro óculos de sol, protetor solar e uma bermuda no camelô”. Felizmente passamos (todos) incólumes pela cachorrada que fuçou bastante entre as bagagens.

· Chegada: O forte calor foi o anfitrião perfeito, juntamente com uma legião de prestativos nativos (a maioria jovens) dispostos a carregar nossas tralhas até o ônibus que nos aguardava. Dei 5 dólares de gorjeta e notei que o guri não acreditava. Depois descobri que com apenas 2 dólares era possível conseguir pétalas de rosa e a colcha da cama dobrada em forma de ondas do mar pela camareira do nosso bangalô.

· Hotel: Ficamos hospedados no Bávaro Princess Hotel, Resort, SPA e Cassino (http://www.booking.com/hotel/do/bavaro-princess-all-suites-resort-spa-casino.pt.html) cuja estrutura é fantástica com mais de 2 mil funcionários! O enorme bufê se transforma todos os dias numa barulhenta Torre de Babel no café da manhã - quando pássaros de vários cores sobrevoam as ilhas gastronômicas - e à noite quando sempre um país é homenageado com pratos típicos.

Servir água em todas as refeições é uma tradição. Basta sentar-se à mesa para descobrir isso. O hotel dispõe também de três restaurantes especializados em carnes, frutos do mar e gastronomia francesa, mas que exigem reservas até às 10h e onde é proibido o uso de bermuda, chinelo e camisa regata.

Ao longo do percurso, do hall de entrada até os bangalôs, é possível vislumbrar vistosos pavões, barulhentas araras, sabiás cantores, cardeais e seus topetes colorados e uma infinidade de pássaros silvestres, além de um passeio ecológico dentro do próprio hotel.

· Shows e bebida: À noite os bares do entorno do hall lotam com a oferta de chope, água mineral e drinques de todo tipo, basta pedir. Um dos atendentes ficou curioso com a cuia de chimarrão que eu levava e acabou provando (e gostando) do nosso mate, embora no início tenha confundido com a bebida típica dos argentinos. Às 20h30min se iniciam os shows variados com música caribenha, americana, discoteca além de espetáculos de humor e mágica. Ao final são concedidos 5 minutos para fotos (pagas) com os artistas. Na noite da discoteca (sexta-feira) a balada entra madrugada a dentro com DJs que não deixam ninguém sentado.

· Acomodações: O hotel localiza-se dentro de uma floresta tropical com vários espaços intocados. São mais de 500 bangalôs em conjuntos de quatro unidade (duas em cima, duas na parte inferior) com cama king size, frigobar, jacuzzi, tevê LCD, cofre e ar condicionado central (que pifou em duas noites com 28°C!). Por causa do tamanho e das distâncias, o hotel disponibiliza transporte interno, igual aos dindinhos que das nossas praias do litoral gaúcho, que funciona das 7h à meia-noite. Fora deste horário basta ligar para a recepção que o “frete” é feito gratuitamente. Existe uma área denominada Premium com acomodações diferenciadas, colchões king size à beira mar, esportes náuticos incluídos e várias mordomias. Para isso é preciso pagar uma diferença que gira em torno de 45 dólares diários.

· Praia: A praia é igualzinha às fotos e folders das agências de viagens. Tem areias brancas, águas mornas azuladas de doer os olhos e praticamente sem ondas. Dois bares funcionam lado a lado à beira d’água. Um serve bebidas (chope, água mineral e 4 tipos de drinques diferentes a cada dia) e outro oferece lanches do tipo MacDonalds). Também existe um restaurante estilo bufê que, à noite, é batizado de Gaucho (sem acento), especializado em grelhados. Outra atração à beira mar é o topless, predileção de muitas mulheres européias, mas a maioria deveria ser proibida de praticá-lo...

Na beira da praia é possível comprar charutos (uma dos produtos típicos da ilha, mas os experts aconselham lojas especializadas), óculos de sol e semijóias. Diariamente dois homens percorrem as areias num incansável vai-e-vem curioso para nossos padrões. Um porta uma máquina fotográfica, outro leva no ombro saguis, cobras enormes (aquelas pítons, de tons branco-amarelados) e iguanas,um bicho a cada dia. A foto custa 10 dólares. Há também grupos de crianças que tocam violão, triângulo e pandeiro fazendo coreografias dominicanas típicas. Depois, claro, passam o chapéu – aliás, um boné – para arrecadar alguns dólares ou pesos.

· Passeios: Há uma grande variedades principalmente de locais para mergulhos e nado com golfinhos e inofensivos tubarões. Há ainda safáris e trilhas para motos e jipes. Eu e Cármen fizemos um único roteiro, denominado Caribe Adventure, ao custo de 180 dólares por pessoa. Não é barato, admito, mas valeu cada dólar!

Fomos buscados por um ônibus Comil (fabricado em Erechim!) às 7h30min com retorno às 20h30min. Pela manhã, depois de duas horas e meia de viagem através de rodovias estreitas que cortam diversas pequenas cidades, chegamos a uma praia onde um catamarã nos esperava com bebida, comida e frutas.

Durante todo o dia mergulhamos em translúcidas piscinas naturais e pudemos vislumbrar o local exato onde o Caribe e Atlântico se encontram. Ao meio-dia fomos degustamos lagostas assadas numa espécie de churrasqueira pendente para fora do barco. Para gaúchos saudosos de casa (como eu) havia carne de panela e frango, uma das especialidades de Punta Cana, servidos com arroz, saladas e sobremesa.

À tarde, de jangada para não comprometer a fauna marinha, conhecemos um manguezal localizado em pleno mar! Berço de várias espécies de aves, o conjunto de vegetação é venerado pelos nativos por ter salvo as praias no último furacão que dizimou várias cidades costeiras. Trocamos novamente de embarcação e passamos a navegar num barco tipo Mississipi com enorme pás em forma de roda na parte traseira. Singramos um lindo vale emoldurado por vegetação fechada e vislumbramos luxuosos condomínios com inúmeros campos de golfe. De longe vimos as mansões de Shakira, Julio Iglesias, Vin Diesel e da família de Michael Jackson enquanto brindávamos à vida com espumante francesa.

Compras: Outro pequeno roteiro, ao custo de 40 dólares por pessoa, foi feito numa tarde a três shopping centers. Mas cá entre nós, devo admitir que apenas um conjunto destas lojas valeu a pena porque possui lojas das principais marcas mundiais, como Chanel, Dior, Gucci, Prada, Lacoste, Diesel, Adidas, Louis Vitton, Nina Ricci e Kenzo entre outras. Confira em http://www.viajenaviagem.com/2011/01/compras-em-punta-cana/;

Internet: O sistema do hotel é intencionalmente concebido para que se possa usufruir da ampla e variada estrutura existente. Minha mulher levou o netbook (contra a minha vontade) alegando que gostaria de, pelo menos, avisar a gurizada lá de casa que tínhamos chegado bem. Descobrimos que o custo para usar a internet é de 15 dólares por dia, com pedido mínimo é de dois dias, além da caução de 100 dólares na retirada do modem. Mesmo assim o acesso não é facilitado e constante.

· A (boa) fama do Brasil e dos brasileiros: O povo da República Dominicana tem uma certeza: nós, brasileiros, somos ricos! O guia que nos levou ao passeio de barco pelo Caribe justificou:

- Há dois ou três anos havia no máximo quatro brasileiros num ônibus de 40 lugares. Hoje temos passeios exclusivos para vocês que lotam os nossos hotéis. É por isso que todos têm inveja de vocês! – esclareceu.

Tentei convencer um vendedor ambulante de que tínhamos pago a nossa viagem em 12 vezes, mas ele não se deu por vencido:

- Pelo menos vocês têm emprego para pagar as 12 prestações. E nós. que nem isso temos? – devolveu.

A jornada de trabalhos lá é de 11 horas. A cada 12 dias trabalhados eles têm três de folga. A maioria reside em cidades distantes 80, 90 quilômetros da zona hoteleira. Por isso, muitos moram nos alojamentos dos hotéis, fazendo “bicos” para turistas para engordar o orçamento. O salário, em média, é de 120 dólares mensais.

O momento de crescimento econômico do nosso país não é absorvido apenas pelos dominicanos. Falei com 3 haitianos que fugiram do país por causa da miséria e dos conflitos. Ele foram unânimes:

- Queremos aproveitar o intercâmbio entre os dois países para trabalhar na construção civil, nas obras da Copa do Mundo e do PAC – contaram todos eles.

· Solidariedade, marca registrada: Impressiona a nós, famosos pelo calor humano, mas nem sempre tão solidários, o espírito humanitários que move aquele povo humilde e sempre sorridente. O guia turístico informou que 23% do Produto Interno Bruto (PIB) da República Dominicana é oriundo do turismo, o que não surpreendeu. A segundo maior fonte da entrada de divisas (17%), no entanto, é oriunda de recursos enviados ao país por dominicanos que residem no Exterior. Este dinheiro é destinado para familiares, amigos, vizinhos e ex-colegas de trabalho que estão desempregados. Alguém imagina gesto semelhante no Brasil?

· Os norte-americanos: A maioria dos dominicanos detestam os filhos do Tio Sam. - Eles só querem o nosso dinheiro, não dão gorjeta, nem conversam com a gente como vocês brasileiros fazem. É um povo arrogante! – desabafou um guia sem esconder a ojeriza ao povo que mais dinheiro despeja em seu país.

Já os brasileiros são adorados. Dizem que nos conhecem porque puxamos conversa e, como eles, sorrimos muito. Os garçons dançam e cantam músicas caribenhas, nem se importam em trabalhar de calça e mangas compridas num calor de 32°C!

4 comentários:

Sergio Trentini disse...

Excelente texto, bem escrito e divertido com suas ironias finas! Confesso que fiquei com vontade de visitar esse paraíso!

Sergio Trentini disse...

Fiquei com vontade de visitar esse paraíso! Excelente texto. Bem escrito e divertido com suas leves ironias!

Ari Teixeira disse...

Valeu Sérgio. O Gilberto é um atento colaborador do ConCriar. Experiente jornalista, sabe dosar a informação com bom humor, sem mascarar situações. As dicas dele sempre são bem aproveitadas por aqui.

Carlos Silveira disse...

É uma alternativa inteligente. Viajar em terras brasileiras custa muito caro, por incrível que possa parecer. Boa matéria. Parabéns!