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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Os mortos de nossa irresponsabilidade


A morte um dia nos levará, eu sei. Não é contra esta rota natural que me rebelo. Aprendo a administrar as dores da idade, a transformar as rugas em alertas sobre algo muito mais importante e que preciso aprender a cultivar debaixo da frágil pele, a aproveitar os gestos mais lentos que a natureza te impõe para meditar sobre a direção que nossas mãos deverão tomar. Antes do soco, o afago, sempre! Na hora de assinar qualquer termo, conferir se meu nome e sobrenome não irão validar uma carta aberta a delitos de qualquer natureza. Por favor, não sejamos mesquinhos!

Após toda desgraça saímos a correr contra os culpados, que naturalmente tentam escapulir. Ah! A tal responsabilidade passar a queimar a consciência de quem tem. E nós que votamos, temos documentação em dia, nós que recebemos algum tipo de educação, dificilmente lembramos-nos do instante obscuro em que talvez, tenhamos tentado driblar alguma norma. “Não vai dar em nada”, pensamos. E quando o caldo fervente se volta contra nós, repassamos a responsabilidade que é só nossa. No início do mês, um querido amigo, o Eudorico Morejano, faleceu enquanto se recuperava de uma cirurgia, vítima de uma dessas bactérias comuns a hospitais. Quem é o responsável pela frágil esterilização no milionário ambiente hospitalar que, por lidar com moléstias de toda a natureza, contamina-se com muita frequência?

Não podemos proibir nossos filhos de frequentarem festas. Não podemos evitar um tratamento médico. Adquirir um automóvel, por exemplo, é uma possibilidade de conforto e bem estar para toda a família. Mas aí, tem quem compre a habilitação, e saia cego de experiência e amor próprio, a dirigir pelas estradas, sem respeitar as leis de trânsito que ignora. Quantas vezes não fomos a eventos festivos e constatamos “se isto aqui pegar fogo, morremos todos”. A insegurança é tão visível que assusta a nós, leigos, como então, passou por uma fiscalização? Triste cegueira ética.

Por enquanto, rezemos pelas vítimas de tantas fatalidades. Não voltarão a vida. Mas nós podemos evitar novos acidentes fiscalizando, cobrando das autoridades públicas e observando nosso próprio comportamento nos pequenos detalhes do cotidiano. Tão minúsculos às vezes, quase imperceptíveis no cotidiano, mas fundamentais ao definir o caráter de um povo. Esquecemos em nossa pequenez que não somos apenas uma peça, somos A Peça!

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