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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Seja careta, em nome das vítimas da Boate Kiss


Quer prestar uma homenagem às vítimas da boate Kiss, de Santa Maria? Vá para o feriadão de Carnaval com um manual de bom-senso ao lado. Cumpra as mínimas regras de civilidade em todos os locais públicos possíveis. Nem vou comentar que, se você for proprietário de uma casa de espetáculo, a mídia está lá fora doida para fazer o maior carnaval – afinal é tempo de folia – contra tragédias evitáveis. Alguém aí vai criticar? Dizer que é exagero? Ou será que o certo é dar um jeitinho, acomodar de alguma maneira a irregularidade e torcer para que nada aconteça de pior?

Segurança não é despesa, é investimento. Em todos os níveis possíveis. Agir com prudência no trânsito, respeitar as pessoas, não furar nem aquela fila que circula aos gritos de “a-la-la-ô” pelo salão do Clube é fundamental. Tudo de alguma maneira se enlaça na hora da crise. Um amigo voltou do litoral catarinense impressionado com a quantidade de droga que se consome livremente em todos os lugares. É gente boa, guris com formação universitária, chefes de família que pensam apenas em “relaxar” e depois voltar para casa de cabeça feita. Não estou aqui para bancar o moralista. Cada um sabe de sua vida, mas eu pergunto: foi liberado o uso de drogas e eu não fui avisado?

Enquanto isso, os “empresários” do crime organizado, desafiam as autoridades, incendeiam dezenas de veículos de transporte coletivo, em Florianópolis, indiferentes à população acuada. São facções rivais, outras unidas querendo mais “conforto” nos presídios, de onde monitoram os seus muitos negócios, entre eles a venda de drogas, sempre muito lucrativa na alta temporada. Como dormir em paz sabendo a origem dos fornecedores de seu pequeno e fugas prazer? Sabe-se lá quantos morreram para se conseguir aquele produto? Exagero? Pura realidade. O conceito de ilícito não surge assim, de uma nuvem de ranço ou autoritarismo. E as leis, as centenas de milhares de regras, procuram tornar a vida mais organizada.

Mas somos educados para isso? Ou aprendemos no dia a dia, a lição do descaminho, a alternativa de “molhar a mão’ de quem fiscaliza para se driblar a regra? Se ela é eficiente, ou te prejudica, reclame na instância certa. Poucos minutos antes de iniciar esse texto, assisti a uma cena muito esclarecedora. Um motoqueiro passou em alta velocidade entre os carros engarrafados na Avenida Castelo Branco (Porto Alegre). Alguns metros adiante ele bate com o braço em um espelho retrovisor e quase dá um rasante no chão. “Tu não sabe dirigir”? grita ao atônito motorista, como se este tivesse alguma responsabilidade com o acidente.

Por isso, repito: a melhor homenagem aos jovens sacrificados pela irresponsabilidade de terceiros, não é deixar de pular o carnaval, mas ir à festa decidido a não colocar em risco a própria vida e, principalmente a de terceiros. Não é careta, não é chato: na verdade é assim que enchemos nossos olhos de imagens bonitas, felizes. Aquelas que levaremos para a velhice, como exemplo do verdadeiro bem viver.

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