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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cardápio para um futuro ex-obeso

Cara feia pra mim é fome...

Segunda-feira é o dia oficial de iniciar qualquer mudança importante na vida. Sem medo do lugar comum, iniciei mnha mais radical dieta. Motivos não me faltam: com a pressão sanguínea e todas as roupas no limite, me senti na obrigação de ir a um médico, fazer aqueles exames que apenas comprovam a crise e emagrecer. Isso significa fechar a boca, reduzir o meu vinho maravilhoso. Assim como tantas outras coisas, comida também pode acabar como um vício.

Na semana passada fiz uma provocação a meu parceiro blogeiro Flávio Dutra, que havia postado um criativo texto reclamando da intolerância contra os fumantes. Outra tabagista e e também blogeira, Jandira Feijó partiu para a defesa do Flávio, com muita categoria. Discurso igualmente culto e bonito. Acabei retornando à minha insignificância fofa até porque, no frigir dos ovos (com guarnição de arroz, creme quatro queijos e suculento bife de filé), nós gordos, sofremos com críticas semelhantes as impostas aos fumantes.

Nos olham atravessados quando ocupamos mais espaço nos banco de avião, por exemplo. Alguns sentem muito calor e querem sempre o ar ligado no máximo! Disputamos avidamente o último bolinho de bacalhau e damos prejuizo nas churrascarias. Puro preconceito, não é bem assim. Tem magro muito mais guloso. Somos apenas os de metabolismo lento. Em outras palavras, nossa presença pode se tornar tão desconfortável quanto a de um fumante com suas nuvens de fumaça. Por enquanto ninguém nos coloca a comer em ambiente isolado. Mas cedo ao tarde, vai acontecer. Eu sinto isso.

E as advertências apavorantes sobre doenças terríveis? Ameaças pavorosas como, por exemplo, sermos obrigados a comprar em lojas como a Varca - especializada em roupas para rechonchudos tamanho extra-G. Só de olhar essas vitrines me bate ansiedade e sinto a mais louca vontade de comer um quindim. Delícia! Outros magazines masculinos desprezam gordos. O tamanho GG da Renner e C&A é GG mini. Nesse inverno vesti uma jaqueta GG que serviu perfeitamente em minha mulher, que é magra (como todas as mulheres, mesmo as que não são). Os lojistas economizam em tecidos por mais sintéticos que sejam.

Não existe gordo elegante. Eu, por exemplo, posso ser classificado como simpático, nunca como boa pinta, igual aos magros, seres normais. Beleza não se põe na mesa. Somos vistos como simpáticas aberrações. Além disso, precisamos ouvir conselhos, aceitar cartões com nomes de profissionais e dietas maravilhosas, dicas milagrosas, academias e o escambau, sempre com o ar compungido e agradecido.  Assim, me sinto tão vítima quanto qualquer viciado em cigarros. Às vezes penso em chutar as panelas. Fico irritadiço, já sabendo que retrucarão: "Ari, isso não combina contigo". Ora, um gordo famoso, o Jô Soares, me garantem que ser um sujeito mal-humorado. O problema é a imagem risonha que ele nos vende.

Como ser alto-astral se durmo e acordo preocupado com a balança. Acompanhar meu perfil em um espelho, ou nas vitrines,  é um imenso sacrifício. Aí me restam as frutas, hortiliças e carnes magras... Um dois, três dias. No quarto dia, estou conferindo aquela receita turbinada de um risoto fantástico com arroz arbório - puro amido - e alguma sobremesa híperdoce. Prazer é isso! Sim, afinal quem roupe o juramento de não comer doces, precisa adoçar a culpa.

Quero voltar ao mundo dos seres normais. Onde não terei apelidos constrangedores, ou poderei chegar, magro como a maioria e traçar a feijoada do Plazinha sem culpa. A segunda-feira está se encerrando e só me animei a postar agora. Mas a dieta em suas primeiras horas é um sucesso. Tudo sob controle e amanhã? Bom, amanhã é outro dia.

6 comentários:

CarolBorne disse...

Ai, Arizinho, eu sou solidária com o teu sofrimento porque também tô com as roupas no limite... desde que meu pé deu defeito e não pude mais correr (temporariamente), me sinto um saco de cimento molhado e humilhado. Me ver em fotos então, é a ruína: uma bochecha cheia de cara... até os olhos estão puxadinhos feito chinesa, espremidos pelas bochechonas. Vamos vencer essa! Beijitos.

Ari Teixeira disse...

Carol! Os olhos chineses dos gordos! Exatamente. Tem gente que me pergunta pq tô tão inchado... E é pura banha! Me dá raiva! Vamos vencer sim! Obrigado pela solidariedade!
beijos!

Gilberto Jasper disse...

O desafio de perder peso é devastador! No inverno, generosas massas e portentosos vinhos anabolizados em parreirais gaúchos, chilenos e argentinos sorriem marotos à espreita. Quando a temperatura sobe, a irresistível (e fatal) loira gelada flerta conosco languidamente. Vá entrar em forma deste jeito! Por isso, respeito demais todos que encaram a briga com a balança, conscientes da necessidade de manter colesterol, triglicerídeos e outros indicadores devidamente calibrados. De outro jeito, amigão, não vereamos nossos netos correndo à geladeira para buscar uma Bohemia "mofada", como diria meu sogro ao vislumbrar a fina camada de gelo sobre a garrafa.

GILBERTO JASPER
Jornalista - Porto Alegre

Ari Teixeira disse...

Bá, tche! To abrindo esse teu comentário agora, 18h30min de quarta-feira. Isso não se faz! Quero meu happy hour! To salivando feito um cachorro de Pavlov... Uma cerveja "mofada" de gelo é pura covardia! Uma taça de merlot na temperatura da noite (15 graus perfeitos, uma táboa de queijos, salames e outras delícias embutidas. Maldade!

Anônimo disse...

Arizinho, sou testemunha do teu esforço e do teu exagero. Tirando a questão médica, tu continuas sedutor. Não vai virar um chato com o regime, que eu não vou te aguentar na redação. Bjs Anamaria

Flavio Dutra disse...

Arizinho,o simpático:
Bem-vindo ao mundo dos discriminados. Minha solidariedade e minha torcida na tua nova batalha.