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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pimenta no casamento dos outros...

Como evitar o platonismo amoroso?
Na semana passada, um amigo de longa data veio me confidenciar que precisava dar um jeito em seu casamento. Não, ele não queria separação. Tudo o que pretendia era “apimentar” a relação de 21 anos. Mas bastou eu indicar – falando sério – alternativas como roupas íntimas mais ousadas e, quem sabe, visita a uma sex shop para voltar a encaramujar-se. Teme a reação da esposa que, por mais de uma vez, reclamou da frieza do marido. Tentei argumentar que se isso está acontecendo é porque ela espera pela iniciativa dele. Qualquer movimento nestas horas é sempre positivo. Ele prometeu que iria buscar uma solução. Lembra que já desistiu da idéia romântica de ir a Gramado, por exemplo. Neste inverno andou pela Serra e não passou do jantar a luz de velas. “Acabamos comendo muito e, ao chegar ao hotel, apenas dormimos”. No dia seguinte, o clima estava desfeito, ambos de ressaca e indispostos, trocaram a paixão por uma caminhada e compras.


O pior é que ele anda tenso. Quer resolver a questão logo, desencantar. A mulher já desconfia que arrumou uma amante “E não é nada disso”. A intimidade quando vira o fio, torna tudo mais comum, menos sensitivo e o prazer a dois precisa de algum estímulo. Ele disse que tentou com palavras, enviou um torpedo sacana via celular que funcionou, mas quando chegaram em casa, esqueceram de dar continuidade a proposta. Encabulados, comentaram o trabalho, os filhos e as contas que precisavam ser pagas apesar da greve dos carteiros, dos bancários e todos os funcionários públicos que se animavam a desafiar seus patrões. Eles igualmente em greve de criatividade, tímidos como jovens imaturos, perderam a chance de fantasiar.

Acabei criticando uma certa imaturidade na relação que mantinham. Após longos anos de vida a dois, dividindo angústias e contas a pagar, não conseguiam buscar, também juntos, uma alternativa à monotonia? A intimidade do cotidiano pode roubar aquelas faíscas do novo, mas permite um melhor entendimento da reação de cada um. Saber o que se curte mais – desde o tempero do feijão com arroz, àquele que dá sabor a sexualidade. O entendimento de seus próprios limites e capacidade de superação é uma das vantagens dos relacionamentos duradouros.

De qualquer maneira, entreguei a ele o endereço de uma loja que vende artigos eróticos – desde roupas até brinquedos para gente grande – será uma barreira enorme a vencer. Eu mesmo não sei se teria coragem de entrar em um desses estabelecimentos. Mas em caso de emergência, vale tudo que possa unir e reavivar a paixão. Desde que feito à dois, sem forçar a barra. Se a vida de casados é pragmática demais, com tudo certo, tudo bem encaixadinho na administração do lar, é possível que outras partes deste quebra-cabeças não se encaixem mais com tanta facilidade.

Ousar é a melhor saída, demonstra interesse e afeto, ao contrário do adeus, sempre nefasto e doloroso. Espero que meu amigo consiga vencer essa barreira e, na fase mais estável de sua relação, reacenda aquela chama que insiste em virar fumaça. Vale a pena.

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