Em uma esquina, acompanhei a cena do rapaz que correu para a marquise. A água apertava o cerco, com a calçada transformada em piscina. Ali, havia outra pessoa. Uma jovem também. Encharcada dos pés a cabeça. Nem se olharam. Ambos estavam atentos a seus telefones móveis. Conectados, certamente, nas redes sociais. Ele fotografou meu carro, inclusive e vi que distribuía a imagem para seu grupo de amigos. No mundo virtual passamos a ter muitos amigos e seguidores. Coisa fina!
O tempo foi passando, a chuva cedeu, mas as poças permaneciam irredutíveis. Pouco antes de eu retomar meu caminho, vi que o jovem olhou para a moça com mais atenção. A analisou de cima abaixo e fixou-se no rosto, realmente bonito. Ela percebeu, ficou meu sem jeito. Mas não se animava a sair dali. O jovem voltou ao celular e tanto botão apertou que achou o que buscava. Abri o vidro, abaixei o volume do rádio, para ouvir o que ele diria a ela. Mas voltou ao celular e digitou alguma coisa. Ela riu. Ele também. Eram “amigos” no rede social, mas não se conheciam. Um sabia da existência do outro através de uma ou outra frase curta. E precisou o céu desabar para se conhecerem no mundo real.
Eu "curto" Facebook, ou um blog, onde as idéias podem ser trabalhadas e assim, conquistar “seguidores” como em uma seita cibernética maluca. Mas nada substitui o contato natural. Oho no olho. Ele estendeu a mão, saíram aos pulos entre as poças e ainda me acenaram. Éramos parceiros no infortúnio. E quem sabe daquele encontro, não role um namoro. Ou pelo menos uma lição sobre o significado de uma amizade, a disposição de "seguir" alguém. Estaremos sendo guiados, por gente tipo faz-de-conta, semelhantes aos amigos imaginários da primeira infância. Conexões via satélite podemos deixar para ajudar a localizr eventos, ou o trabalho, com mapas online e GPS, serviços úteis que nos ajudam toda a vez que decidimos “sair para ver gente!”
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