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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Uma Porto Alegre bacana


Floricultura Winge: café e prosa
Alguns lugares de Porto Alegre, melhoraram bastante com o tempo, A Floricultura Winge, agora ganhou um espaço de cultura e lazer muito bacana, o Café e Prosa, tornando ainda mais agradável percorrer a imensa área localizada na rua Mário Tota, na zona Sul. Ali, bem próximo, o Machri, que é uma mistura de padaria, bazar, confeitaria e loja de decoração. Muito simpático e quase às margens do Guaíba, é um cartão postal eterno e acolhedor.

A cidade que celebra 241 anos neste ano, tem lá seus altos e baixos. Mas ainda é um lugar bom de se viver. Eu, nascido e criado no bairro Menino Deus, conheci os últimos anos da avenida Getúlio Vargas elegante. Casarões de arquitetura clássica, alguns utilizados até como cenários de filmes. A sede da Livraria do Globo, imenso prédio já demolido, onde meu avô trabalhava nas oficinas gráficas. Lembro dele  sempre na estica. Volta e meia, "herdava" trajes do patrão, o  “seu” Bertaso. Cortes dos melhores alfaites, camisas e gravatas importadas. Empregado e patrão sempre na linha.

As paineiras imperiais, ainda não estavam na altura de hoje, mas sem grandes edifícios, pareciam mais vistosas do que hoje. Nos domingos, a missa das 10h, onde o padre fazia a liturgia em latim, é claro, e  a gente fingia rezar para olhar as gurias. Meninas de um lado, meninos noutro. Ao final, antes de voltar para casa, sempre dava uma volta no armarinho do seu Dedé, na José de Alencar. Brinquedos, bolas de gude, botões para futebol de mesa e todo tipo de quinquilharia que uma criança pode desejar. Assisti triste a demolição da linda igrejinha, construída em 1908, para abrigar um conjunto residencial modernoso.

Era o início de uma nova era e o irreversível final das tarde de matiné, ou de espetáculos, no Cine Marrocos. Foi lá que assisti o Moacyr Franco Show, ao lado de minha tia Jorgina. “Mas se um dia eu tiver que chorar, ninguém chora por mim”. Naqueles dias, ele era o cara. O Marrocos que teve a mais longa permanência de um filme de que tenho notícia: “A Noviça Rebelde” ficou mais de ano em cartaz! Nem as paredes agüentavam a Julie Andrews com seu “The Sound Of Music!

Sinto saudades da Churrascaria Itabira, onde muitas vezes, ao sair do Infante Dom Henrique, que ainda era um anexo da Escola Estadual Presidente Roosevelt, aquecia com uma canja fervente. E os bondes?  Depois o trólebus. Fantástico, ultra-silencioso. Sumiu rapidamente das ruas. Assim como o movimento das calçadas, dos boêmios que se mudaram para o Bonfim. A Getúlio Vargas virou uma rua cinza e poluída. Resistem lugares como o Carlitus, o Chipps. As prostitutas deram lugar aos travestis. Ou seja, a Getúlio de minha juventude quase virou um fake, um arremedo urbano, em nome de projetos de engenharia sem vida.

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