Floricultura Winge: café e prosa |
A cidade que celebra 241 anos neste ano, tem lá seus altos e baixos. Mas ainda é um lugar bom de se viver. Eu, nascido e criado no bairro Menino Deus, conheci os últimos anos da avenida Getúlio Vargas elegante. Casarões de arquitetura clássica, alguns utilizados até como cenários de filmes. A sede da Livraria do Globo, imenso prédio já demolido, onde meu avô trabalhava nas oficinas gráficas. Lembro dele sempre na estica. Volta e meia, "herdava" trajes do patrão, o “seu” Bertaso. Cortes dos melhores alfaites, camisas e gravatas importadas. Empregado e patrão sempre na linha.
Era o início de uma nova era e o irreversível final das tarde de matiné, ou de espetáculos, no Cine Marrocos. Foi lá que assisti o Moacyr Franco Show, ao lado de minha tia Jorgina. “Mas se um dia eu tiver que chorar, ninguém chora por mim”. Naqueles dias, ele era o cara. O Marrocos que teve a mais longa permanência de um filme de que tenho notícia: “A Noviça Rebelde” ficou mais de ano em cartaz! Nem as paredes agüentavam a Julie Andrews com seu “The Sound Of Music!
Sinto saudades da Churrascaria Itabira, onde muitas vezes, ao sair do Infante Dom Henrique, que ainda era um anexo da Escola Estadual Presidente Roosevelt, aquecia com uma canja fervente. E os bondes? Depois o trólebus. Fantástico, ultra-silencioso. Sumiu rapidamente das ruas. Assim como o movimento das calçadas, dos boêmios que se mudaram para o Bonfim. A Getúlio Vargas virou uma rua cinza e poluída. Resistem lugares como o Carlitus, o Chipps. As prostitutas deram lugar aos travestis. Ou seja, a Getúlio de minha juventude quase virou um fake, um arremedo urbano, em nome de projetos de engenharia sem vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário