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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Medievais nós somos

Um dos relatos mais dolorosamente tristes que ouvi nesta semana, foi o do casal de bolivianos que assistiu o assassinato do próprio filho porque, assustado, o menino irritara com seu choro, os ladrões que saqueavam o pouco que tinham. Os bandidos queriam mais! A criança algum segundo antes, ingenuamente, lhes oferece as moedas que guardava no bolso. Mesmo assim, não foi poupada de um tiro fatal na cabeça. Decididamente, queriam mais.

Não precisamos filmes de horror. O cotidiano é criminoso, uma verdadeira aula em 3D do pior que a mente humana pode gerar. Estes estrangeiros tentavam escapar da miséria em um sonho brasileiro. Mesmo trabalhando de forma irregular para a indústria de confecções (roupas que compramos muitas vezes em elegantes shoppings), tinham encaminhados a legalização. Enquanto isso não chegava se mantinham expostos à violência. E esta os devorou.

Mais do que reclamar contra a FIFA, contra a falta de passe livre no transporte coletivo, temos de clamar, com toda a força de nosso peito cidadão, por educação para nosso povo. Educar gente é dar instrução suficiente para um mínimo de vida digna. Nas escolas, nos lares, as pessoas que recebem um mínimo de cultura, aprenderam a conversar, a discernir o mínimo sobre o que é certo ou errado.

Vivemos tempos medievais em plena era da nanotecnologia. Temos redes sociais ágeis, mas que atingem um número pequeno de pessoas. Esses poucos botam a boca no trombone contra os desmandos, os descasos de uma sociedade inculta, doente e viciada no desvio das normais que são boas, mas que poucos conhecem ou a sabem interpretar.

Ainda hoje, em Porto Alegre, dezenas de pequenos comerciantes protegem as vitrines de seus estabelecimentos com madeira compensada que, desculpem o trocadilho, os preteje contra manifestantes descompensados. Essas diferenças, esses medos, acabam sempre na questão da educação. O ensino sucateado, a família desestruturada, formada no susto, por gente que não estava preparada para gerir seu próprio destino, imagine o que farão com os filhos que colocarão no mundo.

Vamos bradar por escolas como aquelas onde se aprende a amar a vida. Além do A-B-C se encaminhe valores básicos, sem cismas, sem preconceitos, mas centrada no respeito humano. Dessa maneira todos nós seremos realmente semelhantes e os que se assemelham, saberão conter àqueles que por má índole, insistem na egoísta e autoritária prática do mal. Desculpem se escrevi uma bobagem delirante, mas nunca estive tão pé-no-chão, como agora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Ari!

Enquanto não houver controle de natalidade (ou planejamento familiar ou o nome que quiserem dar) neste país jamais teremos educação, saúde, emprego, segurança e todo o mais necessário para suprir as necessidades da população.
Com educação de qualidade teríamos índices de saúde de primeiro mundo a partir de ações efetivas. Teríamos gente para preencher as vagas dos cursos profissionalizantes gratuitos que mofam à espera de candidatos.
Não há segurança que basta com tantos desocupados e desordeiros preocupados apenas em ganhar tudo sem esforço, sem ralar. Infelizmente não há ninguém investido em cargo, função ou responsabilidade pública dotado de coragem suficiente para dar um basta na proliferação desenfreada de filhos que assola o país.
Enquanto o Papa criticar publicamente os casais que optam pelo "filho único" não haverá esperança em ver varrido do país casos como este massacre do bebê boliviano.

GILBERTO JASPER
Jornalista-P.Alegre