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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Namorados, apesar de tudo


"Arrependo-me dos pratos deliciosos rejeitados por vaidade, tanto como lamento as oportunidades de fazer amor que deixei passar para me dedicar a tarefas pendentes ou por virtude puritana", já que a " sexualidade é um componente da boa saúde, inspira a criação e é parte do caminho da alma... Infelizmente, demorei trinta anos para descobrir isto". (Isabel Allende)

Afrodite, Contos, Receitas e outros afrodisíacos é o livro onde a talentosa escritora chilena Isabel Allende, “solta a franga”, devidamente bem temperada. E por isso mesmo escrevo sobre o tema, enquanto se aproxima o Dia dos Namorados - data comercial, é claro, mas que lida com sentimentos íntimos e por isso, é sempre bom sacudir os casais que enrolam-se em tantos tratos sociais que acabam sem saber realmente aonde estão, o que representam e o que escrever sua história comum. Casal novo, qualquer lembrança é motivo para os folguedos amorosos. Mas e a turma que já está no barco faz muito tempo e enfrentou tanto vendaval que já enjoa tocar-se com medo de transformar marola em tsunami? E os que vivem a solteirice? Os que amam o amor dos outros? Ai, ai. Quão vicioso é o ciclo da vida.


Sabem o que escritora chilena recomenda? Prazer. Carinhos, ternura, sensualidade. Fantasia. Allende diz que não se deve rejeitar nada por vaidade. Fazer amor ainda vale a pena? “Mas ele está um bagaço e eu nem me atrevo a encarar o espelho”, pensará a mulher já na idade madura. E mal sabe ela da força que carrega em si, do poder de transformação que tem ao cerrar os olhos para os medos e abrir a imaginação para a doce fantasia do prazer a dois. Cada história de amor, tem seu tempo e as mais distintas fases. O que não pode acontecer é o lago secar, matando o espelho d’água que refletia céus e paraísos. Somos deuses e fomos eternos muito mais de uma vez. E não podemos esquecer deste detalhe.

Diz o poema da gaúcha Liana Timm: “Hoje, ao invés de opaca, cintilo como humana criatura entre teus dedos. Rasgo as instruções, os resguardos e tomo como minha a tua boca...” Impossível? Então quebremos as rotinas. As loucas terapias do tédio, os compromissos assumidos em nome do sei lá o que e que simplesmente engarrafam os sentimentos e transformam em transgressão o amor maior. Cada um tem seu jeito de ser. Cada um é uma aventura a ser iniciada.

Nesse percurso só não vale ser repetitivo. O único exercício semelhante dever ser o movimento incandescente dos corpos que namoram sob a sombra da excitação, divina tesão. Quem dera todos chegassem a esse patamar sem rugas, sem rusgas, sem calmantes, botóx ou terapia de casais. Só que não é assim. E o fato de estarmos cercados de compromissos, de filhos, netos ou amigos no clube ou trabalho, não significa que não possa existir alguém especial. A qualquer hora, qualquer dia.

3 comentários:

Gilberto Jasper disse...

O grande desafio de reaquecer constantemente a relação é a criatividade e a guerra diária contra o comodismo e a mesmice. Não é tarefa fácil. A rotina, o estresse a falta de reciprocidade podem minas um convívio que tinha tudo para dar certo e ser duradouro. Manter o relacionamento é um exercício permanente de assentar tijolo por tijolo, todos os dias, a vida inteira. Certamente vale pena!
Gilberto Jasper - Porto Alegre

CarolBorne disse...

Grande Arizinho misturando seus temperos aos de Allende e Timm! Palavras assim, querido amigo, tamém são insegotável fonte de prazer. Sou tua fã! Grande beijo!

Ana disse...

Lindo texto, como sempre. Só não concordo com a idéia de apego,apropriação.Não existe "aqueles que amam o amor dos outros". O amor romântico é próprio, individual, livre. A apropriação do ser amado, nada mais é do que um conceitinho burguês. Anamaria - Porto Alegre