(artigo publicado em dezembro de 2005, na coluna do Zambiasi no jornal Diário Gaúcho de Porto Alegre. O texto conta uma história verídica, exemplo do verdadeiro espírito de Natal)
E lá vinha o “seu” Áureo pela rua, alisando a vasta barba, enquanto pensava em como equilibrar a aposentadoria curta com as compras de final de ano. De repente percebe que um menino de aproximadamente cinco anos, o seguia de olhos fixos, ao lado do irmão um pouco mais velho. “Papai Noel?” Pergunta o menorzinho. O maior imediatamente retruca: “Pára com isso. Papai Noel não existe!” Mas Áureo sorri e provoca: “Estou aqui disfarçado. Não contem prá ninguém”. Os guris, incrédulos, riem. Mas ele insiste:
Bob Esponja
“Quem te disse que eu não existo? E por acaso não estou bem aqui na tua frente?” Puxa do bolso uma lista com sugestões de presentes que, casualmente, sua mulher havia preparado pensando nos netos. “Estou recolhendo pedidos. O que vocês gostariam de ganhar? E o pequenino mais do que depressa responde: “O Bob Esponja”. O segundo, sempre mais arredio, murmura: “Queria que meu pai voltasse para casa. Mas mataram ele”, diz, comovendo o amigo Áureo. A mãe dos meninos trabalhava como doméstica e já havia alertado que não ganhariam presentes.
Peixe e solidariedade
“É claro, vocês não me pediram nada”, argumentou Áureo, já incorporado na figura do bom velhinho. Horas depois, acompanhado da esposa e amigos, visitou a casa desta viúva, que afinal de contas, era vizinha de bairro. Juntos, combinaram uma parceria na preparação de uma ceia igual a que o falecido pai deles gostava: com peixe assado, com farofa de passas, pão e frutas. Os guris que nem parentes tem em Porto Alegre , vibraram de alegria. “Acho sou Papai Noel mesmo. Aliás, qualquer um pode ser. Não precisa barba ou barrigão. A solidariedade é que faz a diferença”, aprendeu Áureo, um exemplo vivo do que é o espírito natalino.
2 comentários:
Essa gente que se preocupa. Que faz mais e ajuda é q dá sentido a vida.
Paulo
OBS: parabéns pelo blog!
E o Zambiasi não vai voltar ao Rádio? Cade o Zamba?
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