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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Eu, Roberto e Julio Iglesias en la noche


Faz tempo, Julio...
 Estávamos eu e meu amigo e parceiro musical, Roberto Quintana – isso lá nos anos 80 – a jantar em um restaurante situado bem na esquina da avenida José de Alencar, com Praia de Belas, (em Porto Alegre, é claro), quando percebemos que, de uma hora para outra, centenas de mulheres passavam a circular nas ruas, vindas de não sei onde, em uma espécie de procissão noturna. Aos poucos percebíamos que a grande maioria era formada por senhoras de meia-idade e todas, traziam nos olhos, aquele ar apaixonado de menina adolescente que namorou no portão.

Grande parte delas acabou ocupando as mesas restantes do restaurante onde estávamos. E tivemos a oportunidade de perguntar-lhes de onde vinham: “Vocês não sabem do show de Julio Iglesias?” Era  o auge do fenômeno español romântico-brega, com suas canções em arranjos pasteurizados para corações femininos apaixonados. Lembrei disso nesta sexta-feira, porque pela manhã, no rádio, ouvi sobre o lançamento de uma coletânea com os grandes clássicos de Julio Iglesias e, não faz muito tempo, minha mãe assistiu a um concerto do cantor espanhol, desta vez em um teatro de Porto Alegre.

Ela embora tenha todos os CDs em espanhol (porque nem as mais fanáticas agüentam o português do Iglesias), detestou. Segundo palavras dela, assistira ao espetáculo decadente “de um homem que não aceitava o passar do tempo.” O Julio Iglesias eternamente bronzeado, se encolhia no palco, encarquilhado física e espiritualmente. No intervalo das canções, era uma pífia lembrança do astro sedutor.

Reclamava da vida, demonstrando que não conseguia mais vender a imagem do amante cheio de paixão e, diante de suas antigas fãs, desfiava um cordel de lamúrias muito semelhantes a que elas, todo santo dia, ouviam dos maridos ranzinzas em casa. Mas ali, pagavam - e caro - ingressos pela fantasia do macho que, pelo menos, deveria ter amadurecido com charme.

O relato de minha mãe me remeteu a uma antiga coletânea de Iglesias, quando ousou transformar tangos clássicos em lamúrias cantadas ao fundo de uma parede maciça e repetitiva de violinos tediosos. Seria este decadente Julio Iglesias uma vingança de Gardel? Este sim, eternamente romântico e com a verdadeira representação, não do homem ideal, mas acima de tudo, do homem que se entrega, sem medo, a dor do mais intenso amor.

Lembro que, naquela noite, no bar lotado de fãs, eu e Roberto, acompanhamos atentos os comentários daquelas sensíveis senhoras. Concordamos com tudo que diziam, mesmo nos elogios aos dotes de intérprete do cantor. Contrariar mulheres em êxtase, jamais!

3 comentários:

Anônimo disse...

Teu relato comprova a expressão que eternizei lá em casa: "TODO mundo faz aniversário", embora todas as manhãs, ao encarar o espelho, parece que somente nós sopramos velinhas uma vez por ano.
Iglesias não soube envelhecer com dignidade, desafio para todos nós. E depois que cantou com o Paulo Sant'Anna... o pouco de admiração que tinha foi-se água abaixo.
Oportuno comentário!
GILBERTO JASPER
Jornalsita - P.Alegre

Anônimo disse...

pura invejaaaaaaaaaaa,cuidado inveja mata bebê!!!!!!!!!!! kkkkkkk

Theresa Assis,Recife PE
Dezembro 2011

Ari Teixeira disse...

É né? Até parece inveja. Mas numa coisa eu concordo com o Júlio Iglesias: envelhecer é uma chatice. Mas o pior é encerrar atividades na juventude. Então, às vezes sim, às vezes não, a gente reclama da vida.