Chegou em casa e viu o pandemônio à sua volta. Cortinas rasgadas, poltronas meladas com ovos espatifados. Na cozinha, pratos e copos quebrados amontoavam-se entre panelas furadas a pontaços de faca. Desacorçoado dirigiu-se ao quarto onde, surpresa! Não havia mais cama. O colchão transformara-se em peneira de espumas. Meu Deus! Ela havia enlouquecido. O violão, velho parceiro, jazia em um canto, partido ao meio em sua alma de madeira nobre.
Conhecera a namorada através de um destes sites de bate-papo. “Ela era espirituosa, apaixonada”, conta. Em prazo recorde, juntaram as trouxinhas. Músico profissional, viaja muito e passa horas a fio em ensaios. Ela aceitou a rotina até descobrir que a banda dele tinha uma vocalista muito afinada e sexy. Aflorou o ciúme doentio. O lado obscuro e malvado daquela moça que até então, era só fogo e paixão. O universo da Internet, permite frases estudadas e uma realidade paradisíaca. Esconde, muitas vezes, o verdadeiro eu de seus protagonistas.
Apenas depois do incidente soube que sua amante virtual sofria de profundas crises depressivas. Os avós da moça que a criaram, gente de boa índole, imploraram para não levar o caso à polícia. Assumiram os prejuízos. Aceitou desde que tivesse a chave do apartamente de volta. Relacionamentos digitais podem dar certo, sim. Desde que não queimem etapas. "Olho no olho, é fundamental antes de iniciar-se uma vida a dois" ensina ele, resignado...
2 comentários:
'Das vêis', pra aprender a lição, é preciso empirismo radical!
O pior é que vira e mexe (delícia) e a gente cai numa fria que parecia quente.
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