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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A esquina da sorte virou uma encruzilhada do infortúnio


É no detalhe, na percepção – aquele sonho com um determinado número. O pesadelo de um bicho a te devorar, ou pior, da tua sogra a ser engolida por uma jibóia. Você sonha com o burro e pergunta a idade do chefe no dia seguinte. Quer jogar na loteria, ora. Tem ainda os que não gostam de sondar números, buscar uma lógica na ordem dos sorteios. Estes participam de bolões no trabalho, ou em lotéricas. Entram com uma quantia não muita alta e muitas vezes, sequer conferem o que foi digitado. Talvez tenha sido assim, em Novo Hamburgo, onde 40 apostadores acertaram a mega-sena e de uma hora para outra, perceberam que o destino lhes aplicara um trote exemplar.

Haviam atingido o mais improvável – os números mágicos da fortuna! Mas na hora do mais fácil - o registro dos números -, uma estúpida falha humana os destituía do prêmio. O dono da lotérica Esquina da Sorte, José Paulo Abend, 49 anos, jura que não houve má-fé no episódio que manteve nos cofres da Caixa Federal R$ 53 milhões. Os números sorteados, não foram computados! A esquina virou encruzilhada. Uma funcionária da lotérica diz ter esquecido três "bolões" na gaveta da máquina registradora. Mostraram imagens gravadas do desespero da moça que, segundo o proprietário, também havia jogado. Falha humana?

Voltaram todos para a esquina dos desafortunados, a espera de uma decisão nos tribunais que pode arrastar-se por anos. Aconteceu caso semelhante, nos anos 70, pago 28 anos depois. Um colega me disse que mesmo assim, preferia estar no grupo destes que ganharam e não levaram. Pelo menos é uma esquina mais agitada. Viver com a certeza de que esteve - mesmo por segundos - com os números certos na mão. Melhor do que o decepcionante vazio do cotidiano. Joga, joga, joga. Perde, perde, perde.

Acima de tudo, acho fundamental deixar esse caso bem claro. Se houve estelionato, é preciso severa punição. Por causa de alguns míseros R$ 200 reais, se abala a credibilidade de todo um sistema. Não sou jogador compulsivo, mas se, por exemplo, acontecer de eu sonhar estar em uma esquina e ver passar um carro com números, eu vou apostar sim! E deixo a sorte fazer o resto. Que as falhas humanas de caráter, de atitude ou desleixo, não atrapalhem a chance de me fazer ainda mais feliz. E assim como eu, todos nós, pois nem peço para  ganhar tudo sozinho.   

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