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domingo, 13 de junho de 2010

Amar ainda é tudo

O verdadeiro Dia dos Namorados seria 14 de Fevereiro em homenagem ao bispo Valentim que, contrariando as determinações do Imperador romano Claudio II, o Gótico, promovia cerimônias de casamentos às escondidas. Explico: o soberano Claudio acreditava que os solteiros eram melhores soldados e assim, em tempos de expansão imperial, vedava a união estável entre jovens apaixonados. No Brasil, o 12 de junho surgiu em função de um vazio entre as datas importantes para o comércio.

Não me venham com lero de Santo Antônio, que este simpático santo, não era o casamenteiro que pintam. Os lojistas queriam vender nos difíceis anos 50, quando o consumo era muito menor. As datas de boas vendas haviam passado - Natal e Páscoa. Criaram então, a oportunista celebração do amor romântico. E hoje em dia, haja cartão de crédito e outras alternativas para se escolher um presente para o seu amor. Esqueceu? Dançou!

Estar envolvido com alguém não é nada disso. E tão profundo e complexo que até hoje não temos respostas definitivas. As pessoas se divorciam dizendo que nunca mais e pimba! Retomam o calendário da paixão uma, duas enfim, quantas vezes acharem necessário, em busca daquele "viveram felizes para sempre!" Amar faz bem, amar faz mal, sei lá. Amar é um imenso deserto. Quem vive sob seus domínios enfrenta o sol escaldante, as tempestades de areia e o frio das longas noites solitárias até merecer o oásis do bem viver a dois.

O amante prevenido guarda no coração o beijo que sacia a fome da paixão e tatua em sua pele o cheiro, as mãos nervosas que cumprem o percurso do prazer. E transforma os sussurros em música, em hino de uma pátria a ser conquistada a cada novo dia. E assim, com corpo e alma consagrados a um sentimento único, retomam a jornada. É, a vida faz do amor, uma eterna caminhada por estas areias escaldantes.

Tem o vendaval do dia-a-dia, o bafo morno da rotina, a sacudida das crises, das pequenas traições, das juras secretas que transformaram-se em eco diante de um abismo de rancor e crediários. “Quantas vezes amor me tens ferido! Quantas vezes razão, me tens curado!” escreveu Bocage. “É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim, que faz eu pensar em você, esquecer de mim”, constatou Zezé de Camargo.

Sim, não pode existir egoísmo entre namorados. Quem um dia vestiu sua fantasia mais íntima para agradar aquele que deseja transforma-se em: “Fogo que se arde sem ver". E no ardor do sentimento, seja uma relação nova, ou antiga, o verdadeiro amor é assim como a "ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer”, conforme descreveu o português Luiz de Camões (celebrado nesta semana que passou).

Canções e poemas de amor inundam a nossa vida. Muitas vezes dizemos que os tempos difíceis estão acabando com o romantismo. Mas a seu jeito, cada casal tem seu código secreto, sua missão a dois a ser cumprido em um ritmo que devem aprender a dois. É a parte mais dífícil, mas também, pode e deve ser a mais deliciosa.

4 comentários:

Gilberto "Nico" Jasper Jr disse...

Amigo Ari! Como sempre e com a sensibilidade habitual escolhestes as palavras exatas para definir um sentimento que muita gente tenta entender. Acho mais sensato sentir, curtir, usufruir através da entrega, do não-egoismo e da determinação em compartilhar. Amar é acordar todos os dias para se nutrir das coisas boas de ontem e apagar as frustrações. É um "zero a zero" que exige bom-senso, doação integral. Do contrário, é só sofrimento...

Ari Teixeira disse...

Giba,
Imagina só: dormir com alguém que ronca, às vezes tá de péssimo humor, que passa por TPM, carências afetivas, ciúmes, inseguranças, depressões... Eta lista grande, sô! Mas que ao mesmo tempo é teu parceiro, te puxa da beira de tantos abismos cotidianos. Esse homem, essa mulher, merece uma data para ganhar flores, um olhar agradecido. Um prazer gostoso de quem aprendeu o caminho. Aquele...

ViaDutras disse...

Amigos, desconhecia esse lado "sensível" de voces.

Ari Teixeira disse...

Maldade, Flavinho, maldade...