segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O bêbado, o barzinho e o repertório do cantor

Em volta de uma mesa de bar, qualquer tema é pauta. Polêmicas são bem-vindas desde que respeitem as opiniões por mais doidas. Nada de imitar o feio comportamento dos legislativos, por exemplo. Questões, por mais graves precisam ser regadas com drinques de bom humor.

Nenhuma discussão deve poluir o ambiente com agressões gratuitas que acabem invadindo as demais mesas com uma irritante poluição sonora. Desaforos só os autorizados pelo grupo.
Mas sempre tem um chato para criar desconforto entre o universo que representa cada uma das mesas. Todos com seus próprio assuntos. Guerras, paixões, times e partidos a serem discutidos.

Nó final de semana, um amigo músico, além da chuva e vento, viu-se obrigado a enfrentar um sujeito que insistia em solicitar determinadas canções. Todas opostas ao estilo do bar. “Preconceito” esbravejava o cliente que insistia em ouvir hits de música sertaneja onde o repertório era tipicamente de jazz e bossa-nova. “Elitismo barato”, repetia exaustivamente. Batia água lá fora e as pessoas se impacientavam com o chato.

Lá pelas tantas o músico, já saturado, soltou seu violão e saiu porta a fora. Até o dono do bar assustou-se com a cena. Alguns minutos depois, retornava carregando uma sacola de supermercado. Cochichou algo com o garçom que, instantes depois, oferecia ao chato um copo de iogurte com duas pedras de gelo. “Se eu quisesse beber leite iria a uma lanchonete”, recusou. De volta a seu banquinho, o cantor emendou ao microfone, afinadamente, sem aumentar o tom:

“Então, quando o senhor desejar ouvir outro tipo de música, eu mesmo lhe indico espaços adequados”. Mal concluiu a frase e foi aplaudido com entusiasmo pelo público que acompanhava a implicância do bebum. Este resmungou mas acabou rindo do próprio ridículo. Antes de ir embora, abraçou o cantor.

Quando as portas do bar fecharam, os problemas do mundo pareciam distantes. Prontos para uma solução definitiva. A excessão da chuva, é claro. Acho bacana quando as pessoas resolvem pequenos conflitos com bom humor. Sem gritos, na base de tolerância e paciência.

2 comentários:

Gilberto Jasper disse...

A mesa de bar é realmente um divã democrático, onde são debatidas todas as mazelas do mundo com - é claro! - todas as mágicas soluções. A questão do bebum se repete em vários lugares, nas mais diversas versões, do tipo "toca Raul", entre as mais conhecidas. Trata-se de um lugar para desopilar gratuitamente, graças sempre presente existência de um paciente amigo. Ah... só faltou incluir, no final, quando o bebaço abraço o tolerante músico, a frase-símbolo: "Puxa vida... tu sabe que eu te considero pra cara...!".

Tárik Matthes disse...

esse mundo ei paizão...
filmes de guerra, canções de amor....

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