As dicas chegam a parecerem ridículas quanto lidas mais atentamente: “romantismo que estimule a criatividade do casal" ou "cultivar momentos a dois. Passeios, cinema, sair para dançar. Criar oportunidades para o lazer, não só rotinas e obrigações cotidianas”. Qual a novidade, senhores? Agora mais essa: "exercite a mente com pensamentos estimulantes ou eróticos durante momentos diversos do dia: pensar em sexo é um grande afrodisíaco".
Não acredito! É verdade? Imaginem este gordinho que vos digita tendo uma idéia sexy até alguém o chamar com urgência. Constrangedora situação. "Hum... Sim? Responderei languidamente, enquanto o corpo se prepara para algo melhor que não acontecerá. Os conselheiros profissionais afirmam ainda que as mulheres adoram elogios. Isso é inédito! Como não percebi antes?
Em outras palavras, não existem segredos ou mistérios. Só não podemos nos transformar em gente sem graça. Gente do tipo cercada de parentes chatos, amigos mais inconvenientes ainda e uma administração errática do cotidiano. Passear faz bem? Mas como evitar de levar a sogra - ou irmãos e primos - quando estes vivem com o casal e não dão folga? Chatos!
Como pensar em sexo durante o dia, se à noite já é trabalhoso convencer uma das partes a uma relaxante rapinha? Imaginem ela à tarde, administrando o lar, abraçada em balde e esfregão, ou ele no escritório, com um chefe que fiscaliza cada tomada de ar mais longa, cada olhar perdido em pensamentos? Ou em uma situação mais moderna, onde ele esfrega o piso da casa e ela, administra os negócios da família. O cansaço é idêntico, a rotina segue o mesmo caminho. A chatice predomina quando agimos assim.
Na grande maioria das vezes, não são os casais a errar. É a chatice coletiva que impera e os transforma nisso que está aí. Colegas de trabalho sanguessugas, missões profissionais tão impossíveis quanto aquelas dos filmes. Mas o teu marido sempre foi um mala sem alça? A tua mulher uma infeliz que só sabe reclamar? Bom aí a culpa é sua, reconheça que a coisa pode melhorar.
Quem mandou ser inseguro e achar que nesta idade não pegaria mais ninguém? Ora, quem se ama, confia mais e seleciona melhor. Mas este assunto também é tema de outras literaturas, talvez menos óbvias. Quem sabe nestas, a responta anti-chatice?