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A viagem foi tranquila. Ambos concentrados na extensa agenda do cliente e material para divulgar à imprensa. Durante o evento, ela o procurou duas vezes, mas discutiram apenas assuntos profissionais. Aliviado, achou que compreendera que eram muito amigos, além de colegas e sócios. Uma aventura estragaria tudo. Ao final do dia, durante o jantar, cercados de colegas, não trocaram sequer um olhar. Quando se dirigiu ao buffet de sobremesas para servir-se de um prosaico pudim de leite, não percebeu que ela aproxima-se e discreta, colocava em seu bolso um pequeno pacote. “Estou subindo e te espero lá. Não vá me decepcionar”, sussurrou.
Estavam hospedados no mesmo andar. Entre o pânico e a vontade de atender o pedido, optou por uma ducha quente, relaxar e dormir. “Sai, tentação!” Não saiu, retornou com toda força, exigia a presença dele. “Abriu o pacote?” perguntou ela, ao telefone. Conferiu o bolso do terno e lá estava, em delicada embalagem, uma diminuta calcinha vermelha. “Gostou da cor? É a única que eu trouxe. Você precisa me devolver. Já!”
O efeito tranqüilizador do banho quente sumiu. Tudo o que pensava era como resistir àquela pressão. Lembrou dos filhos, da possibilidade de uma sociedade que lhe garantia tão bem o sustento em uma vida tipicamente classe média, ser prejudicada por uma experiência inconseqüente. Ao mesmo tempo, a sócia detalhava o que programara para a noite deles. "Estamos longe de casa. Ninguém vai saber de nada", sugeria, transformada em um monolito a empurrá-lo. “Ela me jogou contra a parede”. E para azar dele, a parede era macia, perfumada, quente como o sol da primavera que não queima e faz arder lá no fundo das vontades reprimidas, o calor gostoso da aventura.
Foi sob esse efeito devastador que me ligou na terça-feira. “E agora, o que eu faço?” Conselho bom é aquele que não verbalizamos. E lhe disse que não poderia assumir tal responsabilidade. Afirmei que os leitores de meu blog haviam opinado. Flávio Dutra, queria nomes, "Deus me livre!". Outro repetiu o velho adágio, “Água morro abaixo, fogo morro acima e mulher quando quer dar, ninguém segura,” e uma amiga, também jornalista, Anamaria Bessil sugeriu a ele aceitar a proposta: “Uma vez só, para sentir o sabor, sem machucar ninguém, que mal tem?”
Procurei ser o mais realista possível. Tudo é uma questão de consciência e momento. Apenas ele pode decidir sobre o que é mais importante de ver preservado neste tipo de jogo. Abrir a porta e viver algumas horas de prazer a dois, ou continuar diante da tevê e dormir sem realizar a fantasia da colega. Ainda não sei qual decisão tomou. Não tive coragem de ligar. O marido da sócia - inocentemente, antes desta cena, ligara para meu amigo perguntando se iria à praia com a família. Em caso positivo, queria que dessem uma carona à esposa, já que precisava viajar a trabalho. Imaginem só: ele, a esposa e a sócia juntos na praia. Ou isso acaba em conto erótico - daqueles com muita ação e pouco roteiro - ou vai para a página policial.
6 comentários:
Amigão! PelamordeDeus... larga essa mania de torturador, liga pro teu amigo agora e conta de uma vez! Eu - e pelo menos metade da atual torcida bicampeã da América - estou muito afim de saber o desfecho desta "caliente" história. Vamos ver, afinal de contas, quem é mocinho (a) ou quem é bandido (a)! Se é que existem bandidos!
Afinal... quando sai a grande revelação, hei?
Aí que está o segredo do blogueiro: cativar o leitor, gerar o suspense e adiar ao máximo o desfecho da estória.
Não percam os próximos capítulos ...
Ari, quanto queres para divulgar os nomes? Faz uam proposta, vai!
Eu estou tão curioso quanto tu Giba, e digo pro Nopin: tem gente que nunca passou pelo Concriar que está atenta ao desfecho da história. Dependo das fontes, que me relatam a rotina deles... Eu crio novos cenários, para preservar os envolvidos, mas o roteiro é feito por eles. Sei lá, como vai terminar. São jornalistas, imprevisíveis. Na semana que vem, tem mais...
Flávio... Te adianto o seguinte: um dos personagens desta história te conhece. Mas isso também não é quer dizer nada, afinal, és o Flávio Dutra, um dos nossos ícones do jornalismo gaúcho.
Vamos deixar assim...
Ari, bota a imaginação a funcionar. Blog não é jornal, não precisa do fato.
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