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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Quando elas querem uma aventura - Parte II

Se você não leu a primeira parte, clique aqui

A viagem foi tranquila. Ambos concentrados na extensa agenda do cliente e material para divulgar à imprensa. Durante o evento, ela o procurou duas vezes, mas discutiram apenas assuntos profissionais. Aliviado, achou que compreendera que eram muito amigos, além de colegas e sócios. Uma aventura estragaria tudo. Ao final do dia, durante o jantar, cercados de colegas, não trocaram sequer um olhar. Quando se dirigiu ao buffet de sobremesas para servir-se de um prosaico pudim de leite, não percebeu que ela aproxima-se e discreta, colocava em seu bolso um pequeno pacote. “Estou subindo e te espero lá. Não vá me decepcionar”, sussurrou.

Estavam hospedados no mesmo andar. Entre o pânico e a vontade de atender o pedido, optou por uma ducha quente, relaxar e dormir. “Sai, tentação!” Não saiu, retornou com toda força, exigia a presença dele. “Abriu o pacote?” perguntou ela, ao telefone. Conferiu o bolso do terno e lá estava, em delicada embalagem, uma diminuta calcinha vermelha. “Gostou da cor? É a única que eu trouxe. Você precisa me devolver. Já!”

O efeito tranqüilizador do banho quente sumiu. Tudo o que pensava era como resistir àquela pressão. Lembrou dos filhos, da possibilidade de uma sociedade que lhe garantia tão bem o sustento em uma vida tipicamente classe média, ser prejudicada por uma experiência inconseqüente. Ao mesmo tempo, a sócia detalhava o que programara para a noite deles. "Estamos longe de casa. Ninguém vai saber de nada", sugeria, transformada em um monolito a empurrá-lo. “Ela me jogou contra a parede”. E para azar dele, a parede era macia, perfumada, quente como o sol da primavera que não queima e faz arder lá no fundo das vontades reprimidas, o calor gostoso da aventura.

Foi sob esse efeito devastador que me ligou na terça-feira. “E agora, o que eu faço?” Conselho bom é aquele que não verbalizamos. E lhe disse que não poderia assumir tal responsabilidade. Afirmei que os leitores de meu blog haviam opinado. Flávio Dutra, queria nomes, "Deus me livre!". Outro repetiu o velho adágio, “Água morro abaixo, fogo morro acima e mulher quando quer dar, ninguém segura,” e uma amiga, também jornalista, Anamaria Bessil sugeriu a ele aceitar a proposta: “Uma vez só, para sentir o sabor, sem machucar ninguém, que mal tem?”

Procurei ser o mais realista possível. Tudo é uma questão de consciência e momento. Apenas ele pode decidir sobre o que é mais importante de ver preservado neste tipo de jogo. Abrir a porta e viver algumas horas de prazer a dois, ou continuar diante da tevê e dormir sem realizar a fantasia da colega. Ainda não sei qual decisão tomou. Não tive coragem de ligar. O marido da sócia - inocentemente, antes desta cena, ligara para meu amigo perguntando se iria à praia com a família. Em caso positivo, queria que dessem uma carona à esposa, já que precisava viajar a trabalho. Imaginem só: ele, a esposa e a sócia juntos na praia. Ou isso acaba em conto erótico - daqueles com muita ação e pouco roteiro - ou vai para a página policial.

6 comentários:

Gilberto Jasper Jr. disse...

Amigão! PelamordeDeus... larga essa mania de torturador, liga pro teu amigo agora e conta de uma vez! Eu - e pelo menos metade da atual torcida bicampeã da América - estou muito afim de saber o desfecho desta "caliente" história. Vamos ver, afinal de contas, quem é mocinho (a) ou quem é bandido (a)! Se é que existem bandidos!
Afinal... quando sai a grande revelação, hei?

Nopin disse...

Aí que está o segredo do blogueiro: cativar o leitor, gerar o suspense e adiar ao máximo o desfecho da estória.
Não percam os próximos capítulos ...

Flávio Dutra disse...

Ari, quanto queres para divulgar os nomes? Faz uam proposta, vai!

Ari Teixeira disse...

Eu estou tão curioso quanto tu Giba, e digo pro Nopin: tem gente que nunca passou pelo Concriar que está atenta ao desfecho da história. Dependo das fontes, que me relatam a rotina deles... Eu crio novos cenários, para preservar os envolvidos, mas o roteiro é feito por eles. Sei lá, como vai terminar. São jornalistas, imprevisíveis. Na semana que vem, tem mais...

Ari Teixeira disse...

Flávio... Te adianto o seguinte: um dos personagens desta história te conhece. Mas isso também não é quer dizer nada, afinal, és o Flávio Dutra, um dos nossos ícones do jornalismo gaúcho.

Vamos deixar assim...

Nopin disse...

Ari, bota a imaginação a funcionar. Blog não é jornal, não precisa do fato.