Aconteceu sábado, em uma das esquinas da Ipiranga com a Borges de Medeiros: fechou o sinal e um jovem fez menção de lavar o vidro do carro. O motorista acenou negativamente com o dedo. Ele, que sempre carregava trocados no porta-luvas não tinha um único centavo. O pedinte fechou a cara e postou-se sério e ameaçador defronte a porta. Não falava nada, apenas olhava com raiva. “Deveria pedir desculpas por andar sem dinheiro?”
Aproximou-se outro veículo e o jovem, imitando o gesto de quem saca uma arma, levantou a mão e apontou os dedos em formato de revólver na direção do motorista. Pam! Pam! Gritou, seguido de um sorriso irônico. O motorista do carro ao lado acompanhou a cena igualmente espantado. Ambos não conseguiriam esquecer tão cedo o olhar carregado de ódio e desprezo. O cotidiano violento lhes advertira com um choque de realidade.
Saíram dali querendo agir antes de que outro guerrilheiro urbano os intimidasse com mais fúria. Mas a cada nova esquina, a cena se repetia. E se haviam pensado em apoiar alguma entidade social, preferiram a opção simplista de aplicar filmes escuros nos vidros de seus veículos. Como se isso os transformasse em seres invisíveis ou ajudasse a reduzir o número de jovens pedintes. Os dedos em formato de arma, aprendem no vácuo do descaso a apertar os gatilhos do crime que os adotará, cedo ou tarde.
E aí, vamos fazer o que?
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