quinta-feira, 9 de julho de 2009

Quando a ex se torna um sucesso literário.


Dulci e o poeta Luis Coronel durante a sessão de autógrafos

Minha amiga, a jornalista Patrícia Alquerque, passava por um das boas livrarias do centro, hoje à tarde e me ligou: "Vi o livro de tua ex-mulher. Estava em destaque na lista de mais vendidos. Que chique!" Percebi o leve tom de provocação mas pensei: porque não permitir à última cena de uma relação amorosa um final feliz? Preservar a saudade das coisas boas. Desencontros fizeram seu estrago, determinaram a separação. “Minha Nudez”, o livro da escritora Dulci Matthes, tem dedicatória para o titular deste blog, para o filho que teve com ele e filhos de meu casamento anterior. Porque vou torcer contra o sucesso de quem fez de sua história um relato tão bonito?

Através de “cartas a um amigo”, Dulci aborda as expectativas de uma mulher sobre o amor em todas as suas vertentes. O resultado ficou tão bom que desde seu concorrido lançamento, na Livraria Cultura do Bourbon Country, em setembro e logo após na 54ª edição da Feira do Livro, transformou-se em um dos destaques da editora AGE. Tanto que meus colegas já o percebem nas vitrines.

Adorei o livro - que tive o privilégio de ler antes da publicação assim como também gosto da relação que hoje tenho com a Dulci. Um exemplo do bem. Rancor zero, tolerância dez! É a maior prova de que nossa história a dois, realmente se encerrou. Viveremos felizes para sempre, ora! Esses que permanecem eternamente às turras, esses não souberam amar e por isso - suspeito - nunca realmente iniciaram a relação. Viveram um trailer onde não existe inicio, meio e fim. Apenas uma mostra. E só.

De qualquer maneira, a Dulci está aí, vendendo livros, conquistando merecido prestígio, fazendo do adeus um reencontro com a vida em sua visão bem feminina. Muito mais digno e honrado que a histeria egoísta de quem não sabe lidar com perdas.

Se outrora toquei a pele da amante apaixonada, hoje experimento a sensação do livro acetinado, Do perfume do papel impreso, das páginas que se abrem em revelações impossíveis em tempos de convívio a dois. O mistério se esvai mas quem sabe, deixa um novo em versos livres. De sábia métrica.

Parabéns, Dulci!

2 comentários:

Léa Aragón disse...

Parabéns, Arizinho, pela maturidade e pelo bom-caratismo. E parabéns, Dulci, por ter construído um relação tão sólida e bonita que vai servir sempre de orgulho ao Tárik. bjos

Caren Mello disse...

A Dulci é, realmente, uma pessoa admirável. Um caráter exemplar. Belíssima por dentro e por fora. Da escritora, no entanto, ainda não tenho como falar. Tenho esperança de ter uma opinião em breve. Mas já posso adiantar que, considerando o jeito de a Dulci ocupar esse mundo e lidar com ele, o livro deve ser supimpa. Parabéns pelos teus sempre sensíveis textos, Ari.

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