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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Álcool e crack: cuidado pais!


Gilberto Jasper (*) 
             Ser pai de dois adolescentes é um exercício permanente de atualização, mas poucas coisas me chamam mais a atenção do que a frequência dos casos de alcoolismo entre os jovens. Há duas semanas, a festa de formatura do Ensino Fundamental do meu filho por pouco não teve um final trágico não fosse a ação rápida de pessoas que levaram uma jovem de 14 anos inconsciente ao hospital.
            A gurizada, sempre criativa e hábil no uso da tecnologia, dribla a vigilância nem sempre presente entre os pais. Como estas festas geralmente são fechadas e com um controle rigoroso eles combinam o que chamam de concentração. É o encontro na casa de um colega com pouco controle paterno, antes de seguir para a festa. Lá eles produzem um coquetel, resultado da mistura de cachaça e vodca numa embalagem de refrigerante para chegar à festa embalados.
            O resultado são brigas generalizadas - dentro e fora do local das festas -, acidentes de trânsito, perturbação no entorno das casas noturnas e arruaças dentro de casa e no condomínio. Os casos de coma alcoólico são mais frequentes do que se imagina. A tolerância, a omissão e a falta de comprometimento dos pais transformam os finais de semana em apreensão até o raiar do dia.
            Enquanto isso, professores chamam a atenção das famílias que transferem responsabilidades. Preferem culpar coleguinhas, escolas e outros pais. A ingestão de bebidas alcoólicas por parte dos adultos é um exemplo que os adolescentes copiam para fugir da falta de diálogo, da ausência de comprometimento e da inexistência de preocupação com os amigos dos filhos.          
            Assim como o crack, o álcool ganhou espaço silenciosamente, invadiu os espaços sociais e, diante da imobilidade geral, fez reféns jovens e famílias inteiras. Os efeitos, são idênticos, provocam dor e perdas, além de comprometer a formação e o futuro de milhares de jovens. A fiscalização das autoridades – sim, a comercialização de bebidas para menores é gritante – é frouxa e ineficiente diante do pouco caso dos pais para as consequências do hábito de beber.
            O álcool, assim como o crack, exige uma ampla mobilização e do empenho de autoridades, educadores, pais e dos próprios jovens. Do contrário, continuaremos a lamentar a perda de vidas motivadas pela omissão. Fechar os olhos diante da ilusão de que trata de “um problema dos outros” só servirá para aumentar os riscos de agravamento do problema.
           
(*) Jornalista

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